Carlos Chagas
O atual ministro das Relações Exteriores só tem uma saída: atravessar a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, dirigindo-se à portaria do palácio do Planalto para entregar a qualquer bedel a chave do Itamaraty.
Vergonha maior fica difícil encontrar do que o reconhecimento de que seu ministério deixará de enviar às embaixadas, este mês, recursos para pagamento de luz, água, telefone, internet e outras despesas imprescindíveis ao seu funcionamento. Em muitos países as representações brasileiras já foram avisadas dos imediatos cortes de fornecimento, ou seja, ficarão isoladas. Deveriam fechar também.
A humilhação é flagrante para um país que se apresenta como a oitava economia do planeta. Bilhões de reais não faltaram para a Petrobras irrigar seus diretores, empreiteiras e políticos corruptos. Muito menos para reajustar vencimentos no Executivo, Judiciário e Legislativo. Sequer vale referir a orgia da construção ou reforma de estádios de futebol.
Parece cruel, mas é necessário assinalar: essa bancarrota em nossas relações exteriores deve-se ao profundo desprezo que a presidente Dilma dedica ao Itamaraty. Nem se fala do tratamento grosseiro que vem dedicando aos chanceleres, tratados como serviçais desimportantes.
Pior é a chefe do governo virar as costas para nossa política externa, permitindo a presença de um corpo estranho com gabinete no palácio do Planalto decidindo e dando palpites numa estratégia que já ocupou lugar fundamental na ação do poder público.
O clímax vem agora, com esse evidente descaso: nem a internet consegue ser acessada. Instruções e comunicados passam a ser interrompidos, como se de nada valessem. Vem de meses o calote aplicado nos credores, muitas vezes superado pela conta bancária pessoal de nossos embaixadores.
A solução seria privatizar o Itamaraty. Entregá-lo a um empreiteiro, a um dono de banco ou até a um doleiro, capazes todos de arcar com as despesas de nosso relacionamento com o mundo.
MELHOR ANDAR DEPRESSA
A semana que começa amanhã será crucial na Procuradoria-Geral da República para a definição final da lista de abertura de inquéritos e até de denúncias contra políticos envolvidos no escândalo da Petrobras. Nos primeiros dias de fevereiro Rodrigo Junot deverá enviar suas conclusões ao ministro Teori Savaski, relator da matéria no Supremo Tribunal Federal. Saber quem está dentro e quem escapou tornou-se preocupação fundamental no Congresso, que por sinal inaugura daqui a uma semana a nova Legislatura.
Parlamentares em final de mandato e não reeleitos rezam para a lista demorar a ser divulgada, coisa que os faria réus na primeira instância da Justiça Federal do Paraná. Os processos poderiam levar meses e anos para ser julgados, com todos os recursos subsequentes aos tribunais.
Já os deputados reeleitos ou os senadores com seus mandatos mantidos serão julgados pela maior corte nacional de justiça, em tempo bem mais rápido. Tem gente tremendo ao ouvir que o número de denunciados pode chegar a quarenta. Caso condenados, mesmo não sendo automática, a perda de seus mandatos parece óbvia, pela recomendação dos respectivos conselhos de ética. Bem feito…
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