sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
João ValadaresCorreio Braziliense
O ex-diretor da
Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, preso desde quarta-feira
da semana passada, ia prestar depoimento esta quinta-feira, na Polícia
Federal (PF), sobre a polêmica compra, em 2006, da Refinaria de
Pasadena, no Texas (EUA). Mas seus advogados informaram que a Polícia
Federal decidiu cancelar o depoimento dele à PF, alegando “questões
técnicas internas” para o adiamento.
Na manhã de ontem,
após visitar o cliente na carceragem da PF, em Curitiba, o advogado
Edson Ribeiro afirmou que, agora, Cerveró “será contundente”. Ele
ressaltou que o ex-diretor vai apontar a responsabilização do Conselho
de Administração da estatal e da presidente Dilma Rousseff, que, na
época, presidia o colegiado. O Palácio do Planalto está em alerta. Nos
bastidores, existe o temor de que Cerveró traga novas informações e puxe
a presidente novamente para o centro do escândalo. Até o fechamento
desta edição, a assessoria de comunicação da PF não havia confirmado o
horário do depoimento.
De acordo com a
defesa, a tese que será defendida pelo ex-diretor é de que, se Dilma diz
que tomou a decisão de compra com base em parecer falho, a petista não
foi diligente ao analisar os documentos. A compra da refinaria, segundo o
Tribunal de Contas da União (TCU), causou um prejuízo de US$ 792
milhões à estatal. Aos que visitam Cerveró na prisão, o ex-executivo tem
demonstrado sua mágoa com a maneira como foi tratado pela petista. “Ele
está indignado com a situação. Desta vez, o depoimento será
contundente. Ele não teve contundência (contra a presidente Dilma)
anteriormente por determinação minha. Por quê? Estávamos num período
pré-eleitoral e eu não quis que Nestor fosse usado por um partido ou por
outro”, explicou Ribeiro.
O defensor afirmou
que Cerveró, ao contrário do que se espalhou em Brasília, não é um
homem-bomba. “Ele apenas vai falar a verdade. Quem descumpriu o estatuto
social da Petrobras foi o Conselho de Administração. Vai dizer que, se o
parecer era falho, a presidente Dilma, que presidia o conselho, tinha
obrigação de chamá-lo para tirar todas as dúvidas.” De acordo com
Ribeiro, no depoimento de hoje, Cerveró será bastante objetivo. “Vai
apontar o que for para apontar. Essa responsabilização (da presidente)
será dita aqui. Ele não tem nenhum trunfo. Só vai dizer o que realmente
aconteceu”, declarou.
PLANALTO EM ALERTA
A artilharia
voltada para a presidente colocou o Planalto em alerta desde a prisão de
Cerveró, no dia 14, quando Edson Ribeiro afirmou que a presidente da
Petrobras, Graça Foster, também deveria ter sido presa. Para os
palacianos, as acusações soaram completamente fora do tom. A ordem no
Planalto é blindar a presidente ao máximo para evitar que essas
declarações respinguem em Dilma. Na terça-feira, o ministro da
Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, repetiu o discurso
que tem sido adotado quando a presidente ou Graça Foster são citadas em
denúncias que envolvam a Petrobras. Segundo ele, não há nenhuma
responsabilização de Dilma, e quem vier a dizer isso terá que provar. O
ministro ressaltou que a petista não foi citada por nenhum órgão que
investiga ilícitos na Petrobras. Ontem, o Planalto não comentou as novas
declarações da defesa de Cerveró.
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