Se era para a presidente Dilma neutralizar os temores do impeachment desenvolvidos pela turma do Eduardo Cunha, precipitou-se. Tivesse esperado alguns dias e estaria assistindo o desmonte do presidente da Câmara, a partir do terremoto com epicentro na Suíça. E o óbvio enfraquecimento da proposta de sua defenestração.
Se o objetivo da reforma era para enfrentar a crise econômica, trocou o seis pelo meia dúzia. Tanto os novos ministros, quanto os que trocaram de lugar, carecem de competência para liderar agendas positivas capazes de afastar a sombra das profundezas econômicas. Como vão fazer aquilo que Joaquim Levy não fez até agora?
O PMDB ganhou o jogo sem jogar. Perto de Eduardo Cunha ser expulso de campo, seu time saído do banco de reservas levanta a taça, na medida em que mais se aproveitará das benesses do poder. O vácuo agora deixado e ampliado por Dilma favorecerá Michel Temer, feliz com a frustração do PT por não ter resistido um pouco mais. Até o Lula estará arrependido por haver aconselhado a sucessora a salvar a Presidência entregando os ministérios. Salvo inusitados ou fatos novos, a presidência já estava salva e muitos ministérios, perdidos.
Circula em Brasília a versão de que Dilma se afastará do trivial do governo para dedicar-se a altas questões, como a Política Externa e a Defesa, quer dizer, à arte de enxugar gelo e ensacar fumaça.
Fica, no entanto, a dúvida: quem comandará o time? Jacques Wagner? Ricardo Berzoini? Ou o Lula? O problema é que, assim como os demais companheiros, ele já começa o segundo tempo perdendo de goleada.
Em suma, para o PT e para a presidente, uma guerra travada na hora errada, no lugar errado, contra um inimigo errado. Satisfeitos estão os tucanos, que do ninho privilegiado assistem a derrota adversária sem disparar um tiro. Coisa que acirra os ânimos e afia os bicos, pois entrou uma penosa a mais na disputa: além de Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, Álvaro Dias está no páreo.
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