sexta-feira, 2 de outubro de 2015

DILMA: GUERRA NA HORA ERRADA, NO LUGAR ERRADO, CONTRA UM INIMIGO ERRADO


Carlos Chagas

Raras vezes se tem visto reforma ministerial tão pífia como a que vai se completando. Dos ministros que entram, não se tinha notícia, senão que integravam o baixo clero da Câmara  dos Deputados. Dos que estão sendo remanejados, pouco ou nada deixaram nas posições iniciais, fora a  saraivada de críticas desencadeada sobre Aloísio Mercadante pelos próprios companheiros. 



Se era para a presidente Dilma neutralizar os  temores do impeachment desenvolvidos pela turma do Eduardo Cunha, precipitou-se. Tivesse esperado  alguns dias e estaria assistindo o desmonte  do presidente da Câmara,  a partir do terremoto com  epicentro na Suíça. E o óbvio enfraquecimento da proposta de sua defenestração.


Se o objetivo da reforma  era para enfrentar a crise econômica,  trocou o seis pelo meia  dúzia. Tanto os  novos ministros, quanto os que trocaram  de lugar, carecem de  competência para liderar  agendas positivas capazes de  afastar a sombra das profundezas econômicas. Como vão fazer aquilo  que Joaquim Levy não fez até  agora?


O PMDB ganhou o jogo sem jogar. Perto de Eduardo Cunha  ser expulso de campo, seu time saído  do banco de reservas levanta a taça, na medida em que mais se aproveitará das benesses do poder. O vácuo agora deixado e ampliado  por Dilma favorecerá Michel Temer, feliz com a frustração do PT por não ter resistido um pouco mais.  Até o Lula estará arrependido por haver aconselhado a sucessora a salvar a Presidência entregando os ministérios.  Salvo inusitados ou fatos novos, a presidência já estava salva e muitos ministérios, perdidos.


Circula em Brasília a versão de que Dilma se afastará do trivial do governo para dedicar-se a altas questões, como a Política Externa e a Defesa, quer dizer, à arte de enxugar gelo e ensacar fumaça.


Fica, no entanto, a dúvida: quem comandará o time? Jacques Wagner? Ricardo Berzoini? Ou o Lula? O problema é que, assim como os demais companheiros, ele já começa  o segundo  tempo perdendo de goleada.


Em suma, para o PT e para a presidente, uma guerra travada na hora errada, no lugar errado, contra um inimigo errado. Satisfeitos estão os tucanos, que do ninho privilegiado assistem a derrota adversária sem disparar um tiro. Coisa que acirra os ânimos e afia os bicos, pois entrou uma penosa a mais na disputa: além de Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, Álvaro  Dias está no páreo.   


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