CORREIO BRAZILIENSE - 02/10
Após um mês de negociações, idas, vindas, chantagens e apelos, a reforma ministerial que deve ser anunciada hoje tem como principais derrotados aqueles que, em outubro do ano passado, foram eleitos por 54 milhões de votos para presidir o país por mais quatro anos: a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer. Ambos foram tragados pela estratégica política do ex-presidente Lula. O criador desenhou a Esplanada atual na justificativa de salvar o mandato da criatura Dilma. O PT queria Lula em 2018. Ele voltou ao poder na primavera de 2015.
Um a um, todos os conceitos e paradigmas idealizados pela presidente após derrotar o tucano Aécio Neves caíram por terra. Ela conseguiu implementar o ajuste fiscal necessário, mas conduzido por um economista mais rigoroso do que ela gostaria: Joaquim Levy. É bem verdade que Lula ainda sonha com Henrique Meirelles na Fazenda, mas, até o momento, vale a máxima de que não se pode ganhar todas.
Mas foi no coração do Planalto que Lula fincou a adaga na presidente. Se, no início do ano, a corrente majoritária do PT reclamava por ter sido escanteada, agora a tendência Construindo um Novo Brasil emplacou o hiperpetista Ricardo Berzoini na Secretaria de Governo. Ele foi ministro da Previdência e do Trabalho de Lula, e presidiu o PT no auge da crise do mensalão.
Jaques Wagner é mais lulista do que petista. Chamado de Galego pelo ex-presidente, foi ministro da Articulação Política durante o escândalo de 2005 - fazia, no Planalto, o mesmo papel de Berzoini no PT: atuou como bombeiro na crise. Lula sempre o quis na Casa Civil. Conseguiu agora, desalojando Aloizio Mercadante da pasta.
E o vice-presidente Michel Temer? Ninguém nega que ele continua sendo consultado. Mas Dilma optou por negociar diretamente com as diversas correntes peemedebistas. Temer deixou de ser o algodão entre os cristais peemedebistas da Câmara e do Senado. Agora, a nova articulação política terá que conversar, sem intermediários, com Renan Calheiros e Eunício Oliveira, no Senado, e Eduardo Cunha e Leonardo Picciani, na Câmara. Se o novo cenário dará certo, só o tempo dirá. Se der, méritos de Lula. Se não, culpa da oposição e da conjuntura internacional. Em nenhuma das hipóteses, Dilma aparecerá na foto.
Após um mês de negociações, idas, vindas, chantagens e apelos, a reforma ministerial que deve ser anunciada hoje tem como principais derrotados aqueles que, em outubro do ano passado, foram eleitos por 54 milhões de votos para presidir o país por mais quatro anos: a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer. Ambos foram tragados pela estratégica política do ex-presidente Lula. O criador desenhou a Esplanada atual na justificativa de salvar o mandato da criatura Dilma. O PT queria Lula em 2018. Ele voltou ao poder na primavera de 2015.
Um a um, todos os conceitos e paradigmas idealizados pela presidente após derrotar o tucano Aécio Neves caíram por terra. Ela conseguiu implementar o ajuste fiscal necessário, mas conduzido por um economista mais rigoroso do que ela gostaria: Joaquim Levy. É bem verdade que Lula ainda sonha com Henrique Meirelles na Fazenda, mas, até o momento, vale a máxima de que não se pode ganhar todas.
Mas foi no coração do Planalto que Lula fincou a adaga na presidente. Se, no início do ano, a corrente majoritária do PT reclamava por ter sido escanteada, agora a tendência Construindo um Novo Brasil emplacou o hiperpetista Ricardo Berzoini na Secretaria de Governo. Ele foi ministro da Previdência e do Trabalho de Lula, e presidiu o PT no auge da crise do mensalão.
Jaques Wagner é mais lulista do que petista. Chamado de Galego pelo ex-presidente, foi ministro da Articulação Política durante o escândalo de 2005 - fazia, no Planalto, o mesmo papel de Berzoini no PT: atuou como bombeiro na crise. Lula sempre o quis na Casa Civil. Conseguiu agora, desalojando Aloizio Mercadante da pasta.
E o vice-presidente Michel Temer? Ninguém nega que ele continua sendo consultado. Mas Dilma optou por negociar diretamente com as diversas correntes peemedebistas. Temer deixou de ser o algodão entre os cristais peemedebistas da Câmara e do Senado. Agora, a nova articulação política terá que conversar, sem intermediários, com Renan Calheiros e Eunício Oliveira, no Senado, e Eduardo Cunha e Leonardo Picciani, na Câmara. Se o novo cenário dará certo, só o tempo dirá. Se der, méritos de Lula. Se não, culpa da oposição e da conjuntura internacional. Em nenhuma das hipóteses, Dilma aparecerá na foto.
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