10/10/2015
O ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, um ex-delegado influente na PF e Lula tiveram encontros no hospital Sírio-Libanês. E lá se traçaram novas estratégias contra a investigação e para proteger a Odebrecht – essa é uma das ações que estão na mira da Polícia Federal
Hospital Sírio-Libanês,
em São Paulo, um dos mais modernos do Brasil, é o preferido dos
poderosos da República.
Trata-de se um ambiente perfeito para os
políticos: agentes de inteligência da Polícia Federal (PF) dizem que não podem instalar escutas ambientais ali,
para não interferir nos sofisticados equipamentos médicos.
Em meados de
novembro do ano passado, nesse cenário asséptico, personagens-chave com
envolvimento na Lava Jatodiscutiram os rumos da maior operação de combate à corrupção no país.
Segundo fontes com conhecimento das reuniões secretas,
que toparam falar a ÉPOCA nas últimas semanas, desde que permanecessem
no anonimato, as conversas destinavam-se a encontrar uma estratégia que
melasse a Lava Jato.
O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos
ocupava uma das unidades de internação do Sírio naquela semana, desde o
dia 13 de novembro. Bastos era o responsável pela defesa da Odebrecht e
daCamargo Corrêa. Despachava do hospital, ignorando orientações médicas
e pedidos da família.
Apesar do estado de saúde debilitado, ele
monitorava, desenhava as estratégias e repassava a sua equipe e a outros
advogados envolvidos na operação as tarefas da defesa.
Naquela semana,
além das visitas dos advogados, Bastos se encontrou com o ex-delegado da Polícia Federal Jaber Makul Hanna Saadi, que também estava internado no Sírio-Libanês, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Àquela altura, a Lava Jato estava na sétima fase, a do Juízo Final. No
dia 14 de novembro, levara para a cadeia o ex-diretor de Serviços da
Petrobras Renato Duque, empresários poderosos – e, também, recolhera documentos nas sedes de grandes empreiteiras do país.
Quando deixou a polícia, o delegado passou a colaborar com o escritório de advocacia do ex-ministro. Jaber conhece como poucos a estrutura da PF. Ficou 37 anos na carreira e manteve, mesmo depois da aposentadoria, relações muito próximas com os policiais. Coleciona uma legião de pupilos e uma rede de influência que garante informações sobre operações, relatos internos do órgão e detalhes das constantes brigas de poder.
Desde o início da operação, a defesa das empreiteiras buscava falhas na condução das investigações pela Polícia Federal – e preparava ataques por meio dessas informações. Jaber era um importante aliado para mapear e localizar possíveis colaboradores. São os chamados “dissidentes”, mencionados por Marcelo Odebrecht, presidente do grupo empresarial, dias após esse encontro no Sírio em uma das anotações de seu celular, apreendido pela PF.
(Via Epoca)
Nenhum comentário:
Postar um comentário