PSDB,
DEM, PSB, PPS e Solidariedade querem que o presidente da Câmara Eduardo
Cunha deixe o cargo para se dedicar à sua própria defesa. Cunha
continua teimando em permanecer na presidência, apesar das escabrosas
denúncias enviadas pela Justiça suiça contra ele:
Diante
das novas denúncias envolvendo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), líderes da oposição na Câmara cobraram publicamente neste
sábado, 10, que o peemedebista deixe o cargo.
Em nota, deputados do PSDB, DEM, PSB, PPS e do Solidariedade defendem
que Cunha "deve afastar-se do cargo, até mesmo para que possa exercer,
de forma adequada, o seu direito constitucional à ampla defesa".
Parlamentares chegaram a procurar Cunha antes de emitir o comunicado
para pressioná-lo a tomar a decisão voluntariamente. Ele, porém, avisou a
oposicionistas e também a aliados que não faria isso.
A articulação teve apoio do presidente do PSDB, senador Aécio Neves
(MG). Ele conversou por telefone com outros nomes da oposição. No início
do dia, a ideia era deixar para anunciar o rompimento com Cunha na
terça-feira, 13, mas a gravidade dos fatos fez com os partidos
antecipassem a decisão.
A situação contra o peemedebista se complicou nos últimos dias. Neste sábado, o Estado apontou
que documentos enviados pelo Ministério Público Suíço comprovam que um
negócio fechado pela Petrobrás serviu para irrigar contas no país
europeu que têm como beneficiários o presidente da Câmara e a mulher
dele, Cláudia Cordeiro Cruz.
Nos últimos meses, os oposicionistas se aproximaram de Cunha para
tentar emplacar o pedido de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff. O andamento do processo depende do aval do presidente da
Câmara. Diante das últimas revelações, porém, a avaliação é de que a
oposição não poderia arcar com o ônus de sustentar politicamente um nome
que pode acabar condenado por corrupção.
Reservadamente, porém, parlamentares afirmam que, ao deixar os
holofotes, Cunha poderia trabalhar para conseguir manter o seu mandato
como deputado e manter o foro privilegiado para se defender das
acusações.
Em 2007, o então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
adotou uma estratégia parecida depois de ter o seu nome envolvido em uma
série de denúncias. Após costurar um acordo, ele renunciou à
presidência da Casa, mas conseguiu manter o parlamentar. Após passar um
tempo submerso, ele voltou à presidência do Senado em 2013 e foi
reeleito este ano.
Defesa. O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), divulgou neste sábado,
10, nota em que afirma não ter a intenção de se afastar nem de renunciar
ao cargo. A manifestação ocorreu menos de uma hora após lideranças de
partidos da oposição terem pedido conjuntamente a saída dele diante da
revelação de documentos do Ministério Público suíço, entregues a
autoridades brasileiras, de que o parlamentar possuía contas no exterior
não declaradas ao Fisco. Parte do dinheiro depositado teria sido
desviada de um contrato da Petrobras. Cunha acusou o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, de tê-lo escolhido para ser investigado.
"Em relação a qualquer pedido de afastamento ou de renúncia por parte
do presidente da Câmara, ele informa que foi eleito pela maioria
absoluta dos deputados, em primeiro turno, para cumprir um mandato de
dois anos e irá cumpri-lo, respeitando a posição de qualquer um que
pense diferente, mas afirmando categoricamente que não tem intenção de
se afastar nem de renunciar", disse Cunha no comunicado.
O peemedebista reafirmou que nunca recebeu qualquer vantagem de
qualquer natureza, seja da Petrobrás ou de qualquer outra empresa, órgão
público ou do gênero. O presidente da Câmara também manteve o que
disse, de forma espontânea, à CPI da Petrobras, ou seja, que não possui
contas no exterior.
Na nota, o presidente da Câmara disse ter alertado para o que
classifica como "viés político" de Janot. Segundo ele, o chefe do
Ministério Público Federal o escolheu para ser investigado em março e
depois ser denunciado em agosto. Agora, citou Cunha, "o escolhe como
alvo de vazamentos absurdos, que impõem o constrangimento de ser ver
incluído em tudo que se refere à apuração de responsabilidades nesse
processo de corrupção na Petrobrás, que tanto envergonha o Brasil e está
muito distante dele".
"A pergunta que não quer calar e onde estão as demais denúncias? Onde
estão os dados dos demais investigados? Como estão os demais
inquéritos? Por que o PGR tem essa obstinação pelo presidente da Câmara?
Alguma vez na história do Ministério Publico um PGR respondeu a um
ofício de partido político da forma como foi respondido com relação ao
presidente da Câmara? A quem interessa essa atuação parcial do PGR?",
questionou, em referência a ofício enviado por Janot ao PSOL dias atrás.
"Saímos de um passado de que se acusava um PGR de atuar como
engavetador geral da República para um que se torna o acusador do
governo geral da República", continuou.
Cunha informou que na terça-feira, 13, seus advogados vão ingressar
no Supremo Tribunal Federal com um pedido para ter acesso imediato aos
documentos que existam no Ministério Público Federal a fim de dar as
respostas aos fatos "que por ventura existam". E disse que cobrará
responsabilidade dos autores do "vazamento político".
"Até o presente momento, o procurador-geral da República divulgou
dados que, em tese, deveriam estar protegidos por sigilo, sem dar ao
presidente da Câmara o direito de ampla defesa e ao contraditório que a
nossa Constituição assegura, e o faz, estranhamente, de forma ostensiva e
fatiada entre os principais órgãos de imprensa, ao fim de uma sexta
feira véspera de feriado prolongado, tendo como motivação gerar o
constrangimento político da divulgação de dados que, por serem
desconhecidos, não podem ser contestados", criticou. (Estadão).
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