16/02/2014
às 4:46
Por Paulo Celso Pereira, no Globo Online:
A quatro meses da convenção nacional que deve sacramentar a aliança do PMDB com o PT para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, a relação entre os dois partidos enfrenta problemas em dois terços das 27 unidades da federação. Em alguns casos, como em Pernambuco, Bahia e Acre, o rompimento já vem de longa data e não causa surpresa.
O problema é a profusão de estados em que os
peemedebistas veem seu futuro em risco pela dita “ganância” do PT. A
maioria dos dirigentes do PMDB ainda considera improvável que a aliança
nacional não se confirme, mas mesmo os mais próximos aliados de Dilma já
consideram possível que boa parte dos candidatos do partido nos estados
abandonem a campanha da presidente.
O caso do
Rio é exemplar. Após sete anos de aliança, PMDB e PT estão em guerra
aberta e a direção peemedebista estadual trabalha para que prefeitos e
deputados do partido não auxiliem na campanha de Dilma. Esse cenário
corre o risco de se repetir nos outros estados onde os dois partidos se
enfrentarão, como no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Piauí.
Em
São Paulo também haverá disputa entre os dois partidos, mas tanto Paulo
Skaf (PMDB) quanto Alexandre Padilha (PT) têm o partido do tucano
Geraldo Alckmin como alvo.
Diante da
crise, o vice-presidente Michel Temer, num gesto exagerado, chegou a
afirmar no twitter há duas semanas que caso a maioria dos diretórios
estaduais do PMDB não seja contemplada pela aliança sua indicação à vice
pode ser abandonada: “Para mim, isso (o partido) está acima de projeto
pessoal (a vice) e farei todo esforço para manter a aliança, mas o que o
partido decidir, eu acato.”
Líder dos
governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff por quase seis anos,
o senador Romero Jucá (PMDB-RR) considera improvável um rompimento na
aliança nacional, mas destaca que não basta ter esse compromisso para o
sucesso da reeleição de Dilma. É preciso engajamento. “Na maioria dos
estados vai haver disputa regional, mas esperamos que num clima de
aliança nacional.
A situação de 2014 é mais complexa que em 2010, e isso
requer mais atenção. Vai ser preciso mais tolerância, os palanques
regionais vão estar mais conturbados, o clima mais nervoso e a eleição é
mais difícil. Então todo cuidado é pouco.
É preciso haver uma hecatombe
de coordenação politica para haver risco para a aliança. Mas ter a
aliança é só a primeira etapa, ter todo mundo engajado é a segunda
etapa. A aliança por si só não ganha eleição”, explica.
Concretamente,
o risco para a aliança nacional depende da solução que será dada a
estados-chave na convenção nacional, como Minas Gerais, o Ceará e
Maranhão. No primeiro, as dificuldades internas são maiores que as
externas, mas nos dois últimos não.
O senador Eunício Oliveira (PMDB),
pré-candidato ao governo do Ceará, exige que a presidente Dilma Rousseff
dê tratamento igual à sua campanha e a do candidato apontado pelo
governador Cid Gomes. A presidente, no entanto, já deixou claro a vários
interlocutores que tem um compromisso com Cid, que abandonou o PSB de
Eduardo Campos para apoiar a reeleição da petista.
No
Maranhão, a família Sarney deseja que os petistas apoiem seu candidato à
sucessão da governadora Roseana Sarney, mas o PT reluta. Boa parte do
partido deseja apoiar o arquirrival do grupo, Flávio Dino (PCdoB), e
encontrou na hipótese de ter uma candidatura própria a alternativa para
diminuir a crise com o PMDB. Pouco adiantou. Os Sarney continuam
querendo apoio integral a seu grupo político.
Em vários
estados onde o cenário era alvissareiro, o caldo começou a entornar com a
proximidade das eleições. Há um temor crescente dentro do PMDB em
relação à postura que a presidente Dilma e o ex-presidente Lula tomarão
durante a campanha.
Os peemedebistas não se esquecem da disputa de 2010
na Bahia, onde o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) havia acertado um
acordo pelo qual a então candidata Dilma se comprometera em não
privilegiar nenhum candidato da base, mas conforme a disputa avançou
acabou mergulhando na campanha à reeleição do governador Jaques Wagner
(PT) e abandonou Geddel.
Quando você tem disputas, é preciso ter paciência, diálogo, habilidade. O PT e o PMDB precisam sentar novamente. Nós estávamos conversando no ano passado com o Rui Falcão mas houve eleição interna do PT e as conversas pararam. Está na hora de retomarmos alerta Braga.
(...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário