RENATO RIELLA
O senador Cristovam Buarque e o deputado federal Reguffe são os dois
principais símbolos da moralidade no Congresso Nacional. Por
coincidência, ambos de Brasília e do PDT.
Todos dois passam o tempo com discursos vazios, recheados de boas
intenções. Mas dão sempre exemplos pessoais de racionalidade no uso dos
recursos públicos.
Contudo, o nível de realização de cada um é baixíssimo. Quanto contraste!
Se Cristovam e Reguffe tivessem realizado esforço conjunto por uma
reforma partidária estariam, aí sim, realizando uma grande obra
parlamentar.
Mas não arregimentaram apoios em torno das suas respeitáveis
personalidades brasileiros para defender a mudança radical no quadro de
partidos do Brasil e na legislação que rege essas siglas políticas.
O resultado é que o senador e o deputado federal que simbolizam a
ética na política vivem dentro de uma ratoeira chamada PDT e sob o
cabresto de um político sem votos chamado Carlos Lupi, dono do partido
em termos nacionais.
Não adianta Reguffe admitir que será candidato a governador. Não
adianta Cristovam emitir brados dizendo que não vai subir no palanque do
governador Agnelo Queiroz. Os dois terão seus destinos traçados pela
direção do partido, que domina o Ministério do Trabalho e quase
certamente estará ao lado da presidente Dilma Rousseff na eleição de
outubro.
Um dos mais influentes dirigentes nacionais do PDT me explicou o que
vai acontecer. Segundo ele, o partido não está disposto a aceitar que
Reguffe se candidate a governador ou a senador, inclusive porque esse
hoje deputado, pouco depois da eleição, deve migrar para o novo partido
Rede, que a ex-senadora Marina Silva vai criar.
Por que investir num candidato que pulará o muro depois da eleição?
PDT QUER REGUFFE COMO
CANDIDATO A DEPUTADO
O PDT aceita lançar Reguffe como candidato a deputado federal. Isso
porque, nos cálculos do partido, os votos de Reguffe poderão ajudar a
eleger um outro candidato, desprovido de votos, graças a essa
barbaridade chamada de voto proporcional, Aí, sim, se Reguffe mudar de
partido, deixará uma cadeira assegurada na Câmara Federal para o
grupelho do Lupi.
Este é o quadro. Pode mudar, por um mistério qualquer, se o PDT nacional brigar com Dilma. Será que brigará?
Caso contrário, só resta a Cristovam e Reguffe, a partir do próximo
ano, lutarem por uma reforma partidária que moralize essas entidades.
Aqui pra nós, o Brasil tem 30 partidos e qualquer pessoa de boa
consciência não consegue optar por nenhum deles. Todos têm administração
suspeita e centralizada. Não defendem nenhuma bandeira. Impedem a
ascensão de gente valiosa dos diversos meios sociais. E administram
grana de porte, sem dar satisfação a ninguém.
Infelizmente, Reguffe e Cristovam não tiveram forças para lutar contra isso. Agora pagarão um preço azedo.
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