Brasileira de 33 anos, Ana Cristina da Silva foi assassinada, mutilada e teve o corpo exposto em praça pública numa área de garimpo na Venezuela. A região de Las Claritas, onde ocorreu o crime no dia 27 de janeiro, fica a três horas da fronteira com Roraima, no norte do Brasil.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro e o governo de Roraima informaram que não foram procurados pela família da vítima, que vive em Boa Vista (RR). Os parentes acreditam que o crime tenha sido motivado por vingança.
Ana Cristina trabalhava como cozinheira num garimpo de ouro do país vizinho havia quatro anos.
Segundo o tio da vítima, o desempregado Edivan da Silva, ela teria presenciado "algo ligado a execuções ou tráfico de drogas", e falado a respeito para a namorada de um dos bandidos.
"Ela não sabia. Foi executada dessa maneira para servir de exemplo aos moradores da região", diz. Silva relata que a sobrinha foi enforcada com arame farpado, teve a língua cortada e o corpo exposto ao público.
O caso foi registrado numa delegacia de San Félix, na Venezuela. Muitos brasileiros vivem em Las Claritas, onde os índices de criminalidade são altos.
O tio da vítima diz que lá imperam leis impostas pelas milícias que controlam os garimpos."Ela sempre falava que uma parte do ouro extraído era entregue a policiais corruptos e traficantes."
Silva disse ainda que Ana Cristina recebia em ouro valores que variavam de cinco a oito salários mínimos por mês. Ele considera que as autoridades locais não têm interesse em investigar o crime.
A família, que não pretende acompanhar as investigações, levou o corpo da brasileira de San Félix para Boa Vista, onde ela foi sepultada. "Em razão do avançado estado de decomposição, nem houve velório", afirmou o tio da vítima.
Procurado pela reportagem, Eduardo Oestreicher, secretário para Assuntos Internacionais do Governo de Roraima, disse que soube do caso pela imprensa.
Segundo ele, vários brasileiros entram irregularmente na Venezuela e na Guiana para trabalhar em garimpos. São constantes as notícias de crimes que envolvem brasileiros nesses locais.
A cônsul da Venezuela em Roraima, Gabriela Ducharne, não quis se pronunciar. A Polícia Federal foi procurada, mas não comentou o caso.
Ana Cristina deixou um casal de filhos, de 15 e 18 anos, que vive em Boa Vista.
Folha de São Paulo
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