Ser reaça tem muitas vantagens. Nós
temos tempo de cultivar hábitos pequeno-burgueses como escutar música
clássica e usar produtos de higiene pessoal, por exemplo.
A maior de todas as vantagens, porém, é mais afeita ao campo dos chamados valores morais: ser reaça significa ter no nosso íntimo a reconfortante certeza de que, aconteça o que acontecer, haja o que houver, nós jamais seremos obrigados a defender crimes “do bem”, cometidos por “bandidos de estimação”.
A maior de todas as vantagens, porém, é mais afeita ao campo dos chamados valores morais: ser reaça significa ter no nosso íntimo a reconfortante certeza de que, aconteça o que acontecer, haja o que houver, nós jamais seremos obrigados a defender crimes “do bem”, cometidos por “bandidos de estimação”.
A imagem acima rodou a internet, os
jornais e as televisões nos últimos dias.
Nela, vemos um rapaz sem roupas amarrado a um poste, depois que populares reagiram a uma ação criminosa dele.
A imagem despertou os mais diversos graus de revolta, como não poderia deixar de ser: o instituto da vingança privada, onde o ofendido resolvia “com as próprias mãos” sempre foi uma das marcas da barbárie.
Superar isso, criando instituições destinadas a deter o monopólio do uso legal da força a fim de assegurar a paz social, é um dos pilares da nossa civilização.
O problema surge quando esse ente encarregado de fazer valer as leis e a ordem deixa de cumprir sua função essencial e abandona os indivíduos à própria sorte…
Nela, vemos um rapaz sem roupas amarrado a um poste, depois que populares reagiram a uma ação criminosa dele.
A imagem despertou os mais diversos graus de revolta, como não poderia deixar de ser: o instituto da vingança privada, onde o ofendido resolvia “com as próprias mãos” sempre foi uma das marcas da barbárie.
Superar isso, criando instituições destinadas a deter o monopólio do uso legal da força a fim de assegurar a paz social, é um dos pilares da nossa civilização.
O problema surge quando esse ente encarregado de fazer valer as leis e a ordem deixa de cumprir sua função essencial e abandona os indivíduos à própria sorte…
Eu não endosso linchamentos, claro. Acho
que responder barbárie com mais barbárie é dinamitar as bases do nosso
próprio sistema de liberdades individuais, o que vai terminar por
comprometer ainda mais nosso modo de vida. Não aprovar a prática, porém,
não me torna cego a ponto de não permitir que eu entenda por que ela
aconteceu naquele caso do Rio de Janeiro – e vai continuar acontecendo, a
menos que o Estado cumpra seu papel.
Chamem-me de insensível, mas o que mais
me chamou a atenção no episódio do rapaz preso ao poste, no Rio, foi a
reação pronta, rápida, sistemática e organizada dos vários grupos da –
como é mesmo que eles chamam? – sociedade civil, sempre desejosos de
analisar todo e qualquer evento social a partir da luta de classes.
Não
demorou nadinha e o bandido agredido logo se tornou vítima da
desigualdade e da opressão social, ambas fruto – claro! – da sociedade
capitalista e exploradora.
Não bastou aos vários intelectuais e
estudiosos ouvidos tratar os fatos como aquilo que eram: uma ação
violenta (e, por isso mesmo, errada!) respondendo a uma outra ação
violenta (e, por óbvio, também errada!). Não! Eles precisam sempre de um
oprimido para chamar de seu e de um opressor para apresentar como vilão
– de preferência alguém da classe média, essa pobre coitada tão odiada
nos meios acadêmicos tupiniquins.
Linchar uma pessoa e prendê-la a um poste
sem roupas é errado porque vai de encontro aos preceitos de civilidade
mais básicos, não porque quem fez isso resolveu com violência aquilo que
as várias Marilenas Chauís do Brasil consideram um problema social
ligado à exploração da força de trabalho do proletariado.
Quando um Ivan
Valente aparece sugerindo que aquilo é “a volta do Pelourinho”, como se
a reação guardasse relação com ódio de classes ou etnia, e não apenas
com a revolta generalizada da sociedade, abandonada à mercê da total
insegurança pública, percebemos a glamurização da bandidagem que certa
esquerda promove, sempre que lhe convém.
Eu fico muito curioso, por exemplo, para
saber por que o tal de Ivan Valente não acha um absurdo nauseabundo o
que vai retratado na imagem acima… Por que amarrar alguém a um poste no
Rio de Janeiro é tão revoltante, mas amarrar alguém a um poste em Cuba,
não?
Vale lembrar que no Rio o bandido amarrado não foi executado. Os modernos opressores que, segundo Valente, estariam emulando os antigos senhores de escravos, mostraram-se, afinal, mais piedosos que os bravos revolucionários cubanos.
Vale lembrar que no Rio o bandido amarrado não foi executado. Os modernos opressores que, segundo Valente, estariam emulando os antigos senhores de escravos, mostraram-se, afinal, mais piedosos que os bravos revolucionários cubanos.
Ser reaça é saber que as duas fotos que
ilustram este post devem provocar repulsa em quem vê, pois ambas
representam a subversão dos direitos e garantias individuais sobre os
quais se ergueu o Ocidente.
É, enfim, não fechar os olhos para uma ditadura amiga, ao mesmo tempo em que se fazem discursos pseudo-indignados contra a violência – afinal os linchadores brasileiros, se comparados a Che Guevara, não passam de moleques travessos.
É, enfim, não fechar os olhos para uma ditadura amiga, ao mesmo tempo em que se fazem discursos pseudo-indignados contra a violência – afinal os linchadores brasileiros, se comparados a Che Guevara, não passam de moleques travessos.
Nós, os reaças, somos aborrecidamente
previsíveis, como já mencionei no passado. Carregamos sempre os mesmos
valores morais, que se mantém firmes independente do momento político ou
das conveniências eleitorais da vez.
Os progressistas são mais – se me permitem… – “versáteis”.
A moral deles é maleável e se ajusta aos interesses de ocasião com bastante facilidade, sem que eles sintam sequer um mísero comichão de vergonha.
Os progressistas são mais – se me permitem… – “versáteis”.
A moral deles é maleável e se ajusta aos interesses de ocasião com bastante facilidade, sem que eles sintam sequer um mísero comichão de vergonha.
É por isso que essa gente consegue
levantar a voz para condenar um linchamento no Rio, comparando cidadãos
cegos de fúria em razão da omissão estatal a senhores de escravos, ao
mesmo tempo em que militam em partidos que não apenas defendem os
fuzilamentos praticados até hoje em Cuba, como se propõem a implementar
no país um regime como aquele da ilha dos irmãos Castro.
São os mesmos
que chamam de fascistas as pessoas que votaram no “não” no referendo de
2005, mas abrem as portas do Palácio do Planalto pro MST, um dia depois
do bando stalinista de João Pedro Stédile agredir policiais e ameaçar
invadir prédios públicos em Brasília.
A lógica deles é sempre a mesma: há os bandidos e há os bandidos de estimação.
Nada novo… Orwell ensinou, no sensacional livro chamado “A revolução dos bichos”, como funciona a mente sociopata dessa gente: “todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros”.
A lógica deles é sempre a mesma: há os bandidos e há os bandidos de estimação.
Nada novo… Orwell ensinou, no sensacional livro chamado “A revolução dos bichos”, como funciona a mente sociopata dessa gente: “todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros”.
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