Os produtores de tabaco se reuniram
novamente com representantes do governo federal em Brasília para pedir
que a produção no país não seja prejudicada. A defesa do governo
brasileiro é pela substituição gradativa do cultivo, o que preocupa os
produtores.
No encontro, realizado na última
quarta-feira (26) em Brasília, a Associação dos Municípios de Produtores
de Tabaco (Amprotabaco) e entidades ligadas ao setor pediram que o
governo federal assuma o compromisso de não apoiar medidas restritivas à
produção na 6o Conferência das Partes (COP-6) da Convenção-Quadro para o
Controle do Tabaco (CQCT), que está marcada para outubro na Rússia.
A importância socioeconômica para os
municípios produtores e o fato de o país ser grande exportador da
cultura são os motivos defendidos pelo setor produtivo, representado
nesta situação pelo presidente da Amprotabaco, Telmo Kirst, o presidente
da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner, e o
presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco
(SindiTabaco), Iro Schünke.
O Brasil é o segundo maior produtor de
tabaco do mundo e o maior exportador há 21 anos. A atividade é exercida
por 160 mil produtores rurais, sendo 90%, com propriedades de até 20
hectares, concentrada nos estados do RS, SC e PR.
A produção gera divisas anuais da ordem
de US$ 3,700 bilhões. Conseguir um cultivo que substitua a rentabilidade
do tabaco é uma tarefa difícil de ser alcançada. "Para produzir a mesma
renda de um hectare de tabaco, você precisa plantar sete a oito
hectares de milho", enfatiza o presidente Schünke.
O também prefeito de
Santa Cruz do Sul, quer a garantia de que não terá qualquer medida que
restrinja a produção, a área plantada ou a oferta de crédito.
“Todos os prefeitos se preocupam em
diversificar a produção, mas queremos primeiro garantir o que já temos e
o que tabaco nos proporciona. É preciso tomar medidas mais sensatas e
justas com o tabaco”, diz o presidente da Amprotabaco.
Exportações de tabaco
De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/Mdic), em 2013 foram embarcadas 627 mil toneladas do produto que geraram divisas de US$ 3,27 bilhões.
Com este resultado, o país bateu o recorde embarcado em
2012 e confirmou a manutenção da liderança no ranking mundial de
exportação de tabaco em folha. Depois do Brasil, Índia, Estados Unidos e
Zimbábue aparecem na lista dos maiores exportadores do produto.
Experiência positiva
Em outubro de 2013 uma comitiva formada por 18 países da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Controle do Tabaco tiveram a chance de conhecer um exemplo de diversificação em São Lourenço do Sul.
A Cooperativa Mista dos Pequenos
Agricultores da Região Sul Ltda (Coopar) recebe diariamente 100 mil
litros de leite, de 510 famílias da região, 80% delas trabalham com a
produção de tabaco.
O presidente da cooperativa, Zilmar de Almeida, é
ex-fumicultor e garante que os produtores que estão diversificando a
produção estão satisfeitos.
Eles recebem em média R$ 0,90 por litro de
leite.
A maior parte da produção de fumo ocorre
nos três estados do Sul - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná -
mais de 96%. Os 4% restantes são produzidos no Nordeste do país, nos
estados da Bahia e Alagoas. Estima-se que a produção de fumo seja fonte
de renda de cerca de 186 mil famílias nesses estados. O desafio da
cadeia produtiva é evitar posições que prejudiquem a produção de fumo no
Brasil.
Na sexta-feira (28) o setor produtivo
tentará se reunir com a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa
Weber. Ela é relatora do processo que julgará as resoluções da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proíbem a mistura de
aromatizantes, cravos e mentol aos cigarros.
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