Um texto longo e bem chato sobre o método da esquerda fazer de conta que tem alguma relevância diante do povo de verdade.
E o surgimento e expansão de correntes contrárias cada vez mais fortes num clube outrora restrito.
A bem da verdade, o povo passa longe de
questões teóricas restritas a meios acadêmicos embolorados e colunas e
painéis da grande imprensa (e também do que vieram a chamar “nova
mídia”, espaço dominado por ideias políticas do século XIX).
O povo, o
povo real, quer poder trabalhar, ter segurança, saúde, moradia etc. E
nunca pela via esquerdista.
Esquerda Isolada
Os teóricos de esquerda, seja nas redes sociais ou no mundo da academia, há anos e anos se isolam de opiniões contrárias. São incapazes de conviver com quem pensa de forma diferente.
Aparece um conservador na
mídia? Que perca o emprego! Esse cara falou isso? Unfollow nele! E assim
por diante.
Ficam restritos a si próprios,
interagindo – até nas esferas mais privadas, como bares e que tais –
apenas com quem pensa igual (ou de maneira muito parecida).
Com isso,
cria-se uma redoma na qual o pensamento de esquerda é unanimidade.
Sem
contestações (afinal, foram expulsos os que se atreveram a fazê-lo),
resta a aparência de que aquelas são as melhores ideias, pois… NINGUÉM
DISCORDA.
Um sujeito pode escrever tranquilamente
sobre a compreensão das razões que fazem um criminoso matar dez pessoas.
A culpa é da sociedade, da exclusão, da desigualdade, mas nunca do
indivíduo.
A tese encontra entraves na realidade e na matemática
simples, pois os criminosos representam ínfimo percentual dos excluídos
(nem nada próximo de 0,0001%).
Não se pode, portanto e a sério, falar
que tais fatores de fato influem na conduta. O que determina a ação é a
vontade do agente e sua decisão. Ponto.
Mas estão lá, ué, defendendo seu
ponto de vista, reforçando as RAZÕES (sem qualquer respaldo científico)
de crimes e COMPREENDENDO a ação do criminoso.
Mas se alguém ousa adotar o mesmo
procedimento para a vítima, buscando COMPREENDER as razões que a levaram
a uma reação violenta (e, sim, errada), aí é FASCISTA! ABSURDO! VAI
EMBORA! TIRA DA TV! FORA! EXPULSA! CONCESSÃO PÚBLICA! CONTROLE SOCIAL!
Aquele chilique.
Não é bem assim que as coisas funcionam,
amigos. O mundo real não é desse jeito. Na sua timeline você manda,
você também controla quem são seus amigos no Facebook e até faz aquele
lobby maneiro quanto a quem sua revista ou jornal podem ou não
contratar. Tudo isso é do jogo.
Mas daí a querer expurgar quem pensa de
forma contrária, ESPECIALMENTE QUANDO O MÉTODO QUESTIONADO É AQUELE QUE
VOCÊS USAM PARA “COMPREENDER” AS RAZÕES DO CRIMINOSO… isso já é
comportamento de criança chorona.
Ou apenas burrice gerada pelo
isolamento que vocês mesmos criaram, distanciando cada vez mais suas
teses do mundo real – convivendo num meio em que inexistem opiniões
contrárias.
Povo vs. Esquerda
Não são tão raros os choques entre os teóricos da sociologia e o mundo real. Alguns deles, aliás, ocorrem pelas urnas.
O referendo do desarmamento, com
campanha sem fim realizada na maior emissora do país, bem como por
partidos como PT e PSDB, foi não apenas um fiasco para essa esquerda que
faz lobby da própria opinião como se fosse a do povo, mas sim uma
mostra de como o povo de fato pensa de maneira CONTRÁRIA a essa pregação
bocó.
64% da população brasileira votou
CONTRA a proibição da venda de armas no país. Ou seja, votou em favor
desse comércio. Alguns dirão que a extrema esquerda também defende isso
(o que no fim não é mentira), mas bem sabemos que o voto não foi
exatamente no sentido bolchevique da coisa.
O povo contrariou os dois
maiores partidos e a maior emissora do país.
Bem recentemente, depois de uma miríade
de textos de sociólogos de classe média tentando explicar o “fenômeno
rolezinho”, tratando a coisa como racismo, luta de classes e afins, vem
uma pesquisa do Datafolha e desmorona o castelo de crendices da meninada
limpinha do DCE.
Nada menos que OITENTA E DOIS POR CENTO dos paulistanos são contra
– e isso inclui todas as etnias, classes sociais etc. Para ESPANTO do
socialismo universitário (mas não de quem vive no mundo real), os pobres
são os que MENOS toleram tal arruaça.
Bastaria largar o papel de
representante do povo sofrido, exercido no sofá de casa com o notebook
no colo, e visitar algum shopping na periferia.
Sobra aos mais desesperados – e
definitivamente apegados à ficção – dizer que eleição e reeleição do PT
são demonstrações de esquerdismo do povo. Há quem diga isso tentando
parecer sério e lúcido, mas na verdade é aquilo: ou são burros, ou há
má-fé.
Lula só se elegeu porque renegou todas
as bandeiras esquerdistas e se comprometeu a cumprir os contratos da
gestão FHC, bem como manter o mesmo modelo econômico. Dilma só se elegeu
porque se abraçou a religiosos aliados, indo para missas e tirando
fotos oficiais em genuflexão, de mãos dadas a revolucionários como
Sarney, Edir Macedo, Maluf etc.
O messias petista é tão bom político que
foi inteligente o bastante – sob a ótica eleitoral – para abandonar o
velho discurso, com o qual perdia e perderia no primeiro turno. E, para
aquietar a militância, não faltaram cafunés (não exatamente ideológicos)
ao pessoal de UNE, MST, CUT e afins.
A rua estava “garantida”, digamos, até
que os eventos de junho de 2013 vieram a pegar o governo de surpresa. E
os movimentos ligados ao PT foram ESCORRAÇADOS até mesmo dessa minoria
que ocupou e agora ocupa as manifestações nas grandes cidades. Sim, são
minoria (diante do resto da população); sim, são de esquerda (diante da
demanda que fazem), mas antes e acima de tudo são contra o atual governo
federal.
Isso embatuca a cabeça da sociologia
pró-governo. Outro sinal claro do isolamento. Desde 2005, esquerda
companheira do governo vem afinando o discurso de que reclamar da
corrupção é uma pauta “da direita”. Daí vem uma multidão DE ESQUERDA e
ela própria também diz isso.
Tentaram pro anos o migué do “protesto
inócuo”, pois todos são contra e, nesse caso, é bobagem fazer passeata. É
mesmo? Pois somos todos também contra a violência contra a mulher e,
não por isso, ela deixa de existir e, mais ainda, seriam ilegítimas as
passeatas e eventos.
Bandeira e Pragmatismo
Há vários casos em que a militância por uma causa vai pelo ralo, sempre mediante método similar: há vários supostos militantes que dizem defender certas bandeiras, mas quando o governo ou o partidão pisam no tomate, a bandeira que se lasque.
Exemplos: Gaiévski, que não mereceu a mesma raiva do feminismo-de-governo voltada aos humoristas com suas perigosíssimas piadas; violência policial de gestões petistas nunca combatidas – mesmo com gente sendo baleada e ficando cega; e até mesmo direitos humanos e trabalhistas,
que deixam de ter valor quando o explorado é um escravo cubano cujo
trabalho dê dinheiro para a ditadura (que pode gastar como e onde
quiser, até mesmo em campanhas eleitorais de outros países).
Quando alguém procura buscar razões na
raiva de uma turba vitimada pelo crime, apontam fascismo e daí para
baixo. Mas quando alguém busca compreender o bandido, aí tudo bem, é do
jogo, debate permitido (especialmente se for bandido preso na papuda, se
é que me entendem).
E os pensadores da esquerda são
perdoados até mesmo quando “entendem” e “contextualizam” o estupro de
uma menina de treze anos por Roman Polanski. Dêem uma “googlada” e vejam
só a quantidade de razões, explicações e justificativas a turma dá para
esse crime inaceitável sob qualquer ponto de vista.
Ninguém pede a cabeça dos autores dessas
“pensatas”, ninguém pede controle social da mídia ou mesmo faz moções
ou protestos. Muitos continuam frequentando círculos da esquerda online
asseada e prosseguem com suas colunas e afins.
É a militância cara-de-pau. A máxima
“primeiro partido/ideologia, depois a causa específica” mostra que essa
tigrada é a primeira a mandar qualquer tópico às favas, caso complique a
vida da legenda do coração ou dos companheiros de esquerda.
Alegam odiar o egoísmo, mas são sua pura
esssência (a psicanálise deve explicar): pensam primeiro em si, depois
no resto. Defendem em primeiro lugar o esquerdismo ou o partido, depois o
tópico específico pelo qual em geral simulam lutar com unhas e dentes.
Talvez sejamos todos assim, em maior ou
menor medida, mas ao menos alguns somos sinceros o bastante para assumir
isso, sem fingir militar por uma causa que, num momento crítico, vai
pro vinagre em nome do que nos importa mais.
Intimidação
O povo não é de esquerda. Ponto. Em que pese o lobby dos esquerdistas de classe média, que ocupam quase todo o colunismo dos veículos e também cargos de diretoria em ONGs cuja letra N não faz sentido. Enquanto eles debatem apenas entre si, criando um consenso fictício quanto ao que seria “errado” ou “ridículo” opinar, a vida real acontece sem dar trela às reprimendas e arrazoados canhotos.
E agora, como não poderia ser diferente,
pedem a cabeça de quem pensa de modo contrário. Alguns falam em
controle social da mídia, outros são aparentemente mais moderados e
pedem somente demissão sumária… Enfim, aquele amor de sempre à liberdade
de pensamento.
Tentam aplicar ao mundo concreto a
prática mimada de apertar um botão e nunca mais ler ou ver opinião que
desagrade. Como não adianta e, pior ainda, mais e mais gente enfim se vê
convencida pelos argumentos que essa galera tanto detesta, aí partem
para intimidação, desqualificação e outros métodos.
Já era, turminha. Agora, não dá mais.
Se esquerda se recusa a atualizar seus
dogmas, problema dela.
E isolamento só aumenta a distância entre tese e
realidade. Não vale agora culpar liberais econômicos ou conservadores
porque começam a ocupar cadeiras no clubinho outrora restrito à esquerda
e tem, enfim, suas ideias discutidas por mais e mais gente,
especialmente aqueles que nunca foram muito de falar de política.
Seria impensável, dez anos atrás, que os
livros mais vendidos de política fossem contra a esquerda. Mas hoje é o
que acontece.
Assim como os blogs de política mais acessados também são
contrários à esquerda e, nesse sentido, a grande imprensa se vê
praticamente OBRIGADA a absorver mais e mais conservadores nos espaços
de colunismo até então – e ainda hoje – de hegemonia esquerdista.
Por mais que vocês fiquem chateados,
democracia é isso. Podem até não aceitar, mas é como as coisas são no
mundo todo e, até que enfim, também aqui no Brasil. Não adianta tentar
isolar ou ridicularizar, a galera perdeu o medo de opinar sobre política
e contra a esquerda nas redes sociais – e essa nova turma só aumenta.
Mas, enfim, chorar pode, porque o choro é livre (ao contrário de Zé Dirceu, Genoíno, João Paulo Cunha e agora Pizzolato).
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