domingo, 30 de março de 2014
Por
Márcio Accioly
Depois
de idas e vindas, e algumas repercussões mais do que negativas, eis que o
ex-presidente FHC, carinhosamente chamado “Boca de Tuba”, decidiu apoiar a CPI
da Petrobras, tentando inflar a candidatura de seu correligionário, Aécio Neves
(PSDB-MG). O escândalo que ora se encontra estacionado na estatal do petróleo
deixa à mostra a modalidade de ladroeira praticada no Brasil, envolvendo as
principais figuras do governo e da oposição. O país se encontra inteiramente
dominado por bandidos.
A
Petrobras é a galinha dos ovos de ouro e vem deixando muita gente confortável na
vida: governantes que se locupletam nos cargos públicos e roem tudo como se
cupins de aço fossem, perpetuando a miséria da população. Ao povo brasileiro,
só resta pagar a conta e manter silêncio. O desmonte que acontece na Petrobras
(agora na era petista), já teria sido motivo de providências imediatas, não
fosse o Brasil um país de faz-de-conta.
Quando
era diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (1999), o então genro de FHC,
David Zylbersztajn, defendeu a privatização da Petrobras bem como a venda de
refinarias daquela empresa. Não fez tal declaração, certamente, sem o
conhecimento de FHC, pois se não houvesse concordância seria afastado
imediatamente de suas funções. No Brasil, as coisas são sempre assim: os
bandidos da oposição denunciam os que estão no poder apenas para lhes
substituir e adotar o mesmo procedimento.
Na
presidência da Petrobras, o banqueiro Henri Philippe Reichstul tentou até mesmo
mudar o nome da empresa (para Petrobrax), ainda na gestão FHC (1995-2003). O
presidente da estatal posou ao lado do novo logotipo da empresa, mas a grita
foi tão grande que todos terminaram por recolher o trem de pouso e alçar novos
voos em busca de outras privatarias. O PT, no governo, não vendeu a Petrobras:
destruiu-a nas ações de rapinagem e completa desordem.
Vamos
ver se agora é possível tomar novo rumo, quando se fala na possibilidade de CPI
para apurar o mar de irregularidades existentes. Mas é difícil instalar a CPI
da Petrobras, quando são tantos os envolvidos em falcatruas capazes de derrubar
a República, pela exposição de graúdos larápios à frente das decisões. O
ex-governador de São Paulo José Serra, cujo governo é acusado de receber
propina no escândalo do metrô paulista, já se declarou visceralmente contra a instalação
de CPI.
A
prisão recente de Paulo Roberto Costa pela Polícia Federal, em operação que
apura lavagem de dinheiro, traz outro enorme complicador para a instalação da
CPI. Costa, funcionário de carreira da Petrobras, foi diretor de refino e
abastecimento e passou por vários governos da República ao longo de 35 anos na
companhia. Sabe de tudo e mais alguma coisa. Se abrisse o bico, não restaria pedra
sobre pedra. Mas abrir o bico mesmo para quê?
Não
se vê nenhum bandido entregando nada, delatando, dizendo o que sabe, porque a
rede é bem articulada e envolve pessoas qualificadas em todos os ramos e
poderes. Além do mais, as leis são lenientes. Culpa-se o Judiciário, mas quem
faz as leis é o Congresso Nacional, que procura aliviar a barra dos envolvidos.
Ir para a prisão no Brasil somente depois de milhões de recursos, apelos,
marchas e contramarchas.
É
melhor ficar calado e gozar benefícios do que se arriscar à toa e colocar a
vida em risco. Quem quiser exemplo mais recente que observe a situação do
“empresário” Marcos Valério, no caso do mensalão. Único condenado a penas de prisão
de fato duras, depois de cansativo processo, calou-se. Ele revelou ter sido
agredido e advertido na primeira vez em que esteve preso e a lição lhe foi
proveitosa. Em tempos não tão antigos, iríamos para uma
revolução. Para quê? Hoje, parece que só teremos desordem.
Márcio
Accioly é Jornalista.
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