Fundada em 1973, a Embrapa foi bem nascida. Com muito pouco
tempo de vida já prestava serviços inestimáveis à agricultura. Eu mesmo me vali
dela em diversas ocasiões, quando tinha um sítio em Friburgo nos anos 70. Sim,
ela atendia desde quem tinha problemas com suas plantas em vasos na janela até grandes
agricultores (não sei se ainda é assim). Suas pesquisas são respeitadas no
mundo inteiro.
Como o atual governo tem o “toque de Merdas” - versão
petralha de Midas, Rei da Frígia, que transformava em ouro tudo que tocava -,
parece que a Embrapa está se transformando em mais um reduto de larápios em
virtude do processo “natural” de transformação da meritocracia em “indicocracia”,
pelo qual padecem todas as instituições que esses malditos petralhas põem as
mãos.
Parece que ainda há tempo de salvar alguma coisa, mas,
infelizmente, isso fica condicionado à saída do PT do poder. É mais um motivo
para brigarmos contra o atual estado de coisas.
É preciso evitar a destruição da Embrapa - EDITORIAL O GLOBO
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é
reconhecida, no setor estatal do país, pela seriedade, qualidade e relevância
de seu trabalho. É um órgão de ponta, considerado um dos grandes responsáveis
pelo salto da produção agropecuária devido ao pioneirismo das pesquisas para
aumento da produtividade e adaptação de espécies a diferentes regiões
brasileiras. Além dos trabalhos com pesquisas na área da genética, responsáveis
pelo primeiro clone brasileiro.
É uma empresa estatal diferenciada em que, num universo de
9.870 empregados, apenas dez são comissionados sem integrar o quadro efetivo.
Um quarto dos servidores é de pesquisadores, dos quais 74% têm doutorado e 7%,
pós-doutorado. Há uma tradição de nomear funcionários de carreira que se
destacam para os cargos de direção, uma forma de manter livres de influências
políticas externas, tanto quanto possível, as metas traçadas.
Surgem, todavia, nuvens carregadas no horizonte da Embrapa.
Há indícios de aparelhamento e apadrinhamento partidário em setores
estratégicos da empresa, de afrouxamento de critérios para escolha de
diretores, com predominância do critério de indicação política. Esses indícios
são uma ameaça ao padrão de qualidade e relevância mantidos pela Embrapa, mas
não chegam a surpreender, pois tem sido rotina governamental em relação ao
setor estatal brasileiro.
Neste momento, em que espoucam escândalos envolvendo a
direção da maior e mais importante estatal — a Petrobras— durante os governos
do PT, é desanimadora a perspectiva de a Embrapa — a “joia da coroa”, como uma
vez a chamou o ex-presidente Lula — ser afetada no que tem de mais valioso: os
critérios do mérito profissional na indicação de seus principais dirigentes.
A atual diretoria foi escolhida, em abril de 2011, dentro
dos critérios que prevaleciam na empresa — processo de seleção interno, com
análise de currículos e classificação das melhores posições, para posterior
indicação dos nomes pelo Conselho de Administração e Ministério da Agricultura.
Mas os mandatos terminam este mês e, na nova composição, deve ganhar força a
indicação política. Lamentável.
Maurício Antônio Lopes, atual presidente e pesquisador de
carreira, chegou à função, em outubro de 2012, por nomeação do Planalto, sem
seleção interna. Em entrevista ao GLOBO, negou que haja aparelhamento da
Embrapa por partidos políticos, admitindo apenas “preferência política” por
parte de alguns diretores e chefes de área.
A Embrapa não precisa de politicagem, mas de
profissionalismo, orçamento seguro e parcerias privadas para ter condições de
manter sua atuação de ponta num setor tão estratégico para o Brasil somo a
agropecuária. É preciso evitar a sua destruição.
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