segunda-feira, 3 de março de 2014
Gostaria de dizer algumas coisas sobre o que aconteceu no
dia 31/03/1964 e nos anos que se seguiram. Porque concluo, diante do que ouço
de pessoas em quem confio intelectualmente, que há algo muito errado na forma
como a história é contada. Nada tão absurdo, considerando as balelas que
ouvimos… sobre o “descobrimento” do Brasil ou a forma como as pessoas fazem
vistas grossas para as mortes e as torturas perpetradas pela Igreja Católica
durante séculos.
Mas, ainda assim, simplesmente não entendo como é possível que
esse assunto seja tão parcial e levianamente abordado pelos que viveram aqueles
tempos e, o que é pior, pelos que não viveram. Nenhuma pessoa dotada de mediano
senso crítico vai negar que houve excessos por parte do Governo Militar. Nesta
seara, os fatos falam por si e por mais que se tente vislumbrar certos aspectos
sob um prisma eufemístico, tortura e morte são realidades que emergem de
maneira inegável.
Ocorre que é preciso contextualizar as coisas. Porque
analisar fatos extirpados do substrato histórico-cultural em meio ao qual eles
foram forjados é um equívoco dialético (para os ignorantes) e uma desonestidade
intelectual (para os que conhecem os ditames do raciocínio lógico). E o que se
faz com relação aos Governos Militares do Brasil é justamente ignorar o
contexto histórico e analisar seus atos conforme o contexto que melhor serve ao
propósito de denegri-los.
Poucos lembram da Guerra Fria, por exemplo. De como o mundo
era polarizado e de quão real era a possibilidade de uma investida comunista em
território nacional. Basta lembrar de Jango e Jânio; da visita à China; da
condecoração de Guevara, este, um assassino cuja empatia pessoal abafa sua
natureza implacável diante dos inimigos.
Nada contra o Comunismo, diga-se de passagem, como
filosofia. Mas creio que seja desnecessário tecer maiores comentários sobre o
grau de autoritarismo e repressão vivido por aqueles que vivem sob este
sistema. Porque algumas pessoas adoram Cuba, idolatram Guevara e celebram
Chavez, até. Mas esquecem do rastro de sangue deixado por todos eles; esquecem
as mazelas que afligem a todos os que ousam insurgir-se contra esse sistema tão
“justo e igualitário”. Tão belo e perfeito que milhares de retirantes
aventuram-se todos os anos em balsas em meio a tempestades e tubarões na
tentativa de conseguirem uma vida melhor.
A grande verdade é que o golpe ou revolução de 1964, chame
como queira, talvez tenha livrado seus pais, avós, tios e até você mesmo e sua
família de viver essa realidade. E digo talvez, porque jamais saberemos se
isso, de fato, iria acontecer. Porém, na dúvida, respeito a todos os que não
esperaram sentados para ver o Brasil virar uma Cuba.
Respeito, da mesma forma, quem pegou em armas para lutar
contra o Governo Militar. Tendo a ver nobreza nos que renunciam ao conforto
pessoal em nome de um ideal. Respeito, honestamente. Mas não respeito a forma
como esses “guerreiros” tratam o conflito. E respeito menos ainda quem os trata
como heróis e os militares como vilões. É uma simplificação que as pessoas
costumam fazer. Fruto da forma dual como somos educados a raciocinar desde
pequenos. Ainda assim, equivocada e preconceituosa.
Numa guerra não há heróis. Menos ainda quando ela é travada
entre irmãos. E uma coisa que se aprende na caserna é respeitar o inimigo.
Respeitar o inimigo não é deixar, por vezes, de puxar o gatilho. Respeitar o
inimigo é separar o guerreiro do homem. É tratar com nobreza e fidalguia os que
tentam te matar, tão logo a luta esteja acabada. É saber que as ações tomadas
em um contexto de guerra não obedecem à ética do dia-a-dia. Elas obedecem a uma
lógica excepcional; do estado de necessidade, da missão acima do indivíduo, do
evitar o mal maior.
Os grandes chefes militares não permanecem inimigos a vida
inteira. Mesmo os que se enfrentam em sangrentas batalhas. E normalmente se
encontram após o conflito, trocando suas espadas como sinal de respeito. São
vários os exemplos nesse sentido ao longo da história. Aconteceu na Guerra de
Secessão, na Segunda Guerra Mundial, no Vietnã, para pegar exemplos mais
conhecidos. A verdade é que existe entre os grandes Generais uma relação de
admiração.
A esquerda brasileira, por outro lado, adora tratar os seus
guerrilheiros como heróis. Guerreiros que pegaram em armas contra a opressão;
que sequestraram, explodiram e mataram em nome do seu ideal. E aí eu pergunto:
os crimes deles são menos importantes que os praticados pelos militares? O
sangue dos soldados que tombaram é menos vermelho do que o dos guerrilheiros?
Ações equivocadas de um lado desnaturam o caráter nebuloso das ações praticadas
pelo outro? Penso que não. E vou além. A lei de Anistia é um perfeito exemplo
da nobreza que me referi anteriormente. Porque o lado vencedor (sim, quem fica
20 anos no poder e sai porque quer, definitivamente é o lado vencedor) concedeu
perdão amplo e irrestrito a todos os que participaram da luta armada. De lado a
lado. Sem restrições. Como deve ser entre cavalheiros. E por pressão de
Figueiredo, ressalto, desde já. Porque havia correntes pressionando por uma
anistia mitigada.
Esse respeito, entretanto, só existiu de um lado. Porque a
esquerda, amargurada pela derrota e pela pequenez moral de seus líderes nada
mais fez nos anos que se seguiram, do que pisar na memória de suas Forças
Armadas. E assim segue fazendo. Jogando na lama a honra dos que tombaram por
este país nos campos de batalha. E contaminando a maneira de pensar daqueles
que cresceram ouvindo as tolices ditas pelos nossos comunistas. Comunistas que
amam Cuba e Fidel, mas que moram nas suas coberturas e dirigem seus carrões.
Bem diferente dos nossos militares, diga-se de passagem.
Graças a eles, nossa juventude sente repulsa pela
autoridade. Acha bonito jogar pedras na Polícia e acha que qualquer ato de
disciplina encerra um viés repressivo e antilibertário. É uma total inversão de
valores. O que explica, de qualquer forma, a maneira como tratamos os
professores e os idosos no Brasil.
Então, neste dia 31 de março, celebrarei aqueles que se levantaram contra o mal iminente. Celebrarei os que serviram à Pátria com honra e abnegação. Celebrarei os que honraram suas estrelas e divisas e não deixaram nosso país cair nas mãos da escória moral que, anos depois, o povo brasileiro resolveu por bem colocar no Poder.
Então, neste dia 31 de março, celebrarei aqueles que se levantaram contra o mal iminente. Celebrarei os que serviram à Pátria com honra e abnegação. Celebrarei os que honraram suas estrelas e divisas e não deixaram nosso país cair nas mãos da escória moral que, anos depois, o povo brasileiro resolveu por bem colocar no Poder.
Bem feito. Cada povo tem os políticos que merece.
Se você não gosta das Forças Armadas porque elas torturaram
e mataram, então, seja, pelo menos, coerente. E passe a nutrir o mesmo dissabor
pela corja que explodiu sequestrou e justiçou, do outro lado. Mas tenha certeza
que, se um dia for necessário sacrificar a vida para defender nosso território
e nossas instituições, você só verá um desses lados ter honradez para fazê-lo.
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