sábado, 10 de maio de 2014

Obrigada invasores por impedirem invasões nas invasões.

Grupo sem-teto veta 'invasão da invasão' na zona leste de SP


O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) impedirá, a partir de hoje, a construção de novos barracos na ocupação Copa do Povo, na zona leste de São Paulo. A decisão foi tomada uma semana após a invasão devido à falta de espaço no local. 

A ocupação já conta com cerca de 4.000 famílias, segundo estimativa do movimento. Agora, será criada uma lista de espera para quem tiver interesse em acampar no terreno. 

Apenas pouco mais da metade da área, de cerca de 150 mil metros quadrados, está ocupada por barracos. O restante do terreno foi isolado com fitas pelos próprios sem-teto, pois é uma área de preservação ambiental. 

O coordenador do MTST Guilherme Boulos afirmou que a grande procura por um espaço no terreno é causada pelo deficit habitacional na cidade e a especulação imobiliária na região. 

"Os aluguéis aumentaram de forma excessiva após o início da construção do Itaquerão e a população não consegue mais pagar."
Manifestantes protestam próximos a estação Butantã seguiram até a sede a empreiteira Odebrecht 
 
 
 
A área invadida fica a 3,5 km de distância do estádio que será sede da abertura da Copa do Mundo. 

"Na Nova palestina [ocupação com 8.000 famílias na zona sul], em cerca de dez dias também tivemos que impedir novos barracos", disse. 

A dona de casa Rafaela Padovan, 20, acampa com o marido e o filho Pedro, de 2 meses de idade, numa barraca de lona desde o último sábado. 

"A gente vai ficar aqui até sair o nosso apartamento. Moramos de aluguel há oito anos, mas depois, nos últimos dois anos, o valor dobrou e hoje a gente paga R$ 600 em dois cômodos", afirmou. 

REESTRUTURAÇÃO
 
Os barracos da ocupação Copa do Povo começaram a ser reestruturados nos últimos dias. 

A intenção é separá-los em grupos de cem famílias e construir um banheiro e uma cozinha coletiva para cada um desses conjuntos. 

O coordenador de infraestrutura do MTST Zezito Alves diz que já faz esse tipo de trabalho há nove anos. 

"Temos que manter os barracos livres e facilitar a circulação de pessoas", afirma. 

Na quarta-feira, a Justiça determinou a reintegração de posse da área no prazo de 48 horas, após pedido apresentado pela construtora Viver, dona do terreno. 

Anteontem, porém, a Justiça marcou uma audiência de conciliação para o dia 23 de maio, adiando a ordem de reintegração. 

Na manhã de ontem, o senador e pré-candidato a presidente da República pelo PSOL, Randolfe Rodrigues, visitou a ocupação. 

"Vou denunciar essa situação absurda daqui. Saio convencido para que não aprovem o projeto no Senado que proíbe manifestações, pois vandalismo foi o que cometeram as incorporadoras contra o povo nessa Copa."

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