Um dia após se encontrar com a presidente Dilma Rousseff, Maria das Dores Cirqueira, 44, uma das coordenadoras nacionais do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), voltou ontem à sua rotina de reuniões de movimentos por moradia.
Apesar de ter se alegrado com a conversa com a presidente, Maria diz que ainda não sabe se a colocaria no poder por mais quatro anos.
"Acho que em outubro vou votar nulo, a menos que algum candidato resolva meus problemas. Não adianta apenas palavras, quero ações concretas para as classes menos favorecidas do Brasil", disse Maria, que afirma não ser filiada a nenhum partido.
O encontro com a presidente, que durou aproximadamente 20 minutos, ocorreu três horas após o MTST invadir simultaneamente três empreiteiras responsáveis por obras da Copa do Mundo.
Durante os protestos, os manifestantes invadiram e picharam os prédios das construtoras. Funcionários ficaram assustados, mas não houve confrontos.
A reunião foi acertada pela presidência e o MTST durante esses atos, de acordo com o movimento sem-teto.
A intenção da presidente foi acalmar os ânimos do grupo, responsável por dezenas de atos e por ocupar um terreno a 3,5 km do Itaquerão, palco de abertura da Copa.
Maria e outros três dirigentes do movimento, entre eles o líder, o filósofo Guilherme Boulos, tiraram fotos abraçados com Dilma Rousseff.
Maria disse ter se surpreendido com o encontro e a simpatia dela. "Ela [presidente] colocou a mão no meu ombro e a gente se abraçou. Pensei que seria rápido, mas ela desceu do helicóptero e conversou com a gente encostada num carro", contou.
Mesmo após a avaliação positiva do encontro com a presidente, o movimento sem-teto já tem novos atos marcados.
LUTA POR MORADIA
Mãe de cinco filhos, a confeiteira Maria diz que começou a morar em ocupações em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo), quando foi convidada por amigos.
Hoje, ela mora em uma casa alugada, mas passa boa parte de suas noites em ocupações. "Eu morava de favor e estava cansada de humilhações. Hoje, a promessa é que meu apartamento saia em julho e eu tenho certeza que a minha vida vai mudar", diz.
Uma das fotos em que os militantes posaram ao lado da presidente foi tirada por Josué Augusto do Amaral Rocha, 25, também coordenador do MTST.
Formado em medicina, ele afirma que participa do movimento desde 2008, mas diz que não está em busca de uma moradia. Assim como o líder Guilherme Boulos, Rocha se nega a falar de sua vida pessoal, inclusive onde mora.
VAIAS
Ontem, a presidente foi recebida com vaias por um grupo de cerca de 30 pessoas ao visitar a Arena da Baixada, em Curitiba (PR), que também terá jogos da Copa.
Dilma não chegou a ver os manifestantes.
Colaborou ESTELITA HASS CARAZZAI, de CURITIBA
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