da Livraria da Folha
Em "Pensar com os Pés",
Allan Percy seleciona 50 ensinamentos do futebol sobre desenvolvimento
pessoal, carreira e relacionamentos. Cada um dos capítulos traz um
aforismo de um treinador ou jogador que é aplicado a situações
cotidianas. Segundo o autor, "é um convite a andar menos em círculos e chutar mais na direção do gol para obter o que desejamos".
Especialista em coaching e em literatura, Percy também é autor de "Nietzsche para Estressados", "Oscar Wilde para Inquietos", "Kafka para Sobrecarregados", 'Hermann Hesse para Desorientados' e "As Vantagens de Ser Otimista".
Abaixo, leia trecho de "Pensar com os Pés".
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"A primeira regra da sobrevivência é clara: nada é mais perigoso do que o sucesso de ontem."Luiz Felipe Scolari
Cada aforismo do futebol é analisado e aplicado ao cotidiano |
SCOLARI É UM DOS técnicos mais vencedores do futebol mundial. Mais conhecido como Felipão, ganhou da Copa do Brasil à Copa do Golfo, passando pelo Campeonato Brasileiro, a Copa Libertadores, a Recopa Sul-Americana e a Mercosul. E, claro, a Copa do Mundo de 2002 que sagrou o Brasil pentacampeão.
Mas não vamos falar de nenhum desses títulos, apenas da Copa das Confederações que ganhou também com a equipe canarinho.
Estádio do Maracanã, 30 de junho de 2013. Chegam à final as duas melhores seleções do momento, Brasil e Espanha. Esta chega tendo ganhado duas Eurocopas consecutivas e a taça do Mundial da África do Sul de 2010. O resultado todos conhecemos: o Brasil goleia por 3 a 0 e mostra ser muito superior à Fúria.
Como é possível tanta diferença entre equipes de alto nível? A motivação. A garra. A fome de vitória. E não digo que os espanhóis não tinham nada disso. O que ocorreu foi que os membros da seleção brasileira estavam mais motivados graças a seu treinador, que, vendo como se desenrolava o campeonato, decidiu escrever estas duas frases em um cartaz:
"A primeira regra da sobrevivência é clara: nada é mais perigoso do que o sucesso de ontem."
"Nossos sonhos podem se transformar em realidade se os desejarmos a ponto de correr atrás deles."
Depois que as escreveu, Scolari sublinhou as palavras-chave (como aparece na página anterior) e colou o cartaz no vestiário para que todos pudessem se inspirar.
Essa foi sua tática para superar o adversário: convencer seus jogadores de que a Espanha, longe de ser invencível, estava sob a grande ameaça de seu próprio sucesso.
Converteu a fortaleza de seu rival em força para seus jogadores. Além do mais, fez isso sabendo perfeitamente o que estava falando, já que ele mesmo, treinador que ganhou muito em vários lugares, teve que sobreviver ao êxito.
Mas como se faz isso? Que atitudes devemos adotar? Porque muitos falam sobre os perigos do sucesso, mas poucos nos dão a vacina da imunidade.
Uma das ferramentas mais poderosas é a que o genial publicitário David Ogilvy chamava de DESCONTENTAMENTO DIVINO. Ele o resumia desta maneira:
"Devemos ter o hábito do descontentamento divino com nossa performance. É um antídoto contra a presunção."
Ogilvy propunha escapar da autocomplacência, desse estúpido orgulho que nos faz perder a perspectiva e, em consequência, os valores que nos levaram ao triunfo. Devemos continuar ambiciosos como quem nunca ganhou nada. Com alegria e entusiasmo.
Esse tipo de descontentamento é divino porque nos dá força, energia e fervor para continuar em frente como se começássemos do zero. Devolve-nos a pureza infantil. Logo teremos tempo para olhar para trás e fazer balanços e estatísticas, se quisermos.
Agora não. Resta muito caminho para percorrer, novos desafios. Novas partidas. Novas finais. Novos projetos. E se pudermos reavivar o fogo do descontentamento divino, poderemos manter nossas pernas em forma para, como disse Scolari em seu cartaz, correr atrás de nossos sonhos.
E depois de concretizarmos um, ir atrás de outro. Pois os sonhos são inesgotáveis.
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3ª lei esférica
Utilizemos o triunfo de ontem para alimentar os sucessos de amanhã.
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PENSAR COM OS PÉS
AUTOR Allan Percy
EDITORA GMT
QUANTO R$ 17,90 (preço promocional*)
* Atenção: Preço válido por tempo limitado ou enquanto durarem os estoques.
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