O país tem os juros mais altos do mundo. O país tem uma das maiores
cargas tributárias do planeta. O país começa a sofrer com a volta da
inflação. O país ruma para um PIB negativo, que era prometido a 4,5% e
já está em 1,1%. Desindustrialização. Queda no consumo. Balança
comercial deficitária. Aumento estrondoso da dívida pública. Com todo
este quadro, o Valor Econômico informa que Dilma Rousseff não
apresentará seu programa de governo para a economia, se for reeleita.
Podemos esperar o pior.
A presidente Dilma Rousseff
acredita que as expectativas em relação à economia só vão melhorar em novembro,
após a eleição presidencial. Confiante na vitória, a presidente acha que terá,
depois do pleito, um "encontro marcado" com o setor empresarial, hoje,
em sua maioria, contrário à sua reeleição.
A mensagem da presidente, ao
adotar essa postura, é a seguinte: o governo não vai dizer agora o que pretende
fazer na economia num possível segundo mandato. Mudanças na gestão
macroeconômica e na equipe são admitidas, serão feitas, mas nada será
antecipado no período eleitoral.
Essa estratégia difere
completamente da adotada por seus dois principais opositores na corrida
eleitoral. Por causa do crescente clima de incerteza provocado em boa medida
pela postura do governo, o candidato do PSDB, Aécio Neves, não se comprometeu
propriamente com políticas específicas, mas anunciou Armínio Fraga,
ex-presidente do Banco Central, como seu homem forte na economia.
A indicação de Fraga foi um sinal
claro ao mercado: numa gestão Aécio, o governo será mais "market
friendly" (amigável aos mercados). Já Eduardo Campos, candidato do PSB,
fez algo diferente, embora com o mesmo propósito: ele não se comprometeu com
nomes, mas com políticas, entre elas, a redução da meta de inflação, hoje, de
4,5%, uma das mais altas dos países que adotam o regime de metas. O fato é que
ambos procuram se diferenciar de Dilma, tentando diminuir as incertezas.
A presidente já desistiu de
melhorar as expectativas. Acha que há uma profunda má vontade com seu governo.
Considera também que os próprios empresários queimaram as pontes com Brasília.
Os que ainda andam pela esplanada dos ministérios só pensam nos interesses
particulares de suas empresas ou setores.
A resposta a Aécio Neves e
Eduardo Campos é, na verdade, um desafio. Ela decidiu consolidar, agora,
algumas das políticas que adotou nos últimos anos e que são alvos de críticas
dos candidatos da oposição. São elas: a desoneração da folha de pessoal de
alguns setores da economia; a manutenção do IPI reduzido nos setores de bens
duráveis, como automóveis; a manutenção do subsídio do Programa de Sustentação
dos Investimentos (PSI); e a criação de uma nova faixa de subsídio para o
programa Minha Casa Minha Vida. "A política econômica é
esta. Isso vai obrigar a oposição a se posicionar sobre esses quatro
temas", observou uma fonte. "O programa econômico da presidente é
emprego e renda", acrescentou um auxiliar.
É provável que essa estratégia do
governo e da campanha da reeleição crie ainda mais incertezas quanto ao futuro,
uma vez que essas quatro políticas são mencionadas como parte da explicação do
mau desempenho da economia nos últimos anos. Essas medidas, que têm estimulado
mais o consumo que o investimento, têm criado dificuldades para a gestão
macroeconômica nas áreas fiscal e monetária.
Economista, a presidente gosta
tanto de temas macro quanto microeconômicos. Durante o primeiro mandato de Lula
(2003-2006), exerceu forte papel crítico interno às políticas adotadas pelo
governo. No segundo (2007-2010), liderou as primeiras mudanças feitas àquele
modelo. Em seu governo, avançou na correção de rumos, praticamente abandonando
o tripé (disciplina fiscal, câmbio flutuante e metas para inflação) que
caracterizou a política econômica entre 1999 e 2010. Mais recentemente, diante
dos maus resultados da economia, retomou aspectos do tripé, mas não
inteiramente.
A cada nova denúncia, fica mais claro que compraram Pasadena para caixa dois.
Em 11 de maio passado, em entrevista ao jornal A Tarde, Lula fez a
seguinte declaração, que pode ser entendida como um ato falho:
"O que eu acho estranho é que toda a época de eleição
aparece alguém com uma denúncia contra a Petrobrás, que desaparece logo depois
das eleições. Eu tenho às vezes impressão que tem gente querendo fazer caixa
dois fazendo denúncia contra a Petrobrás".
Pois ao que tudo indica, quem fez caixa dois foi Paulo Roberto Costa, o
ex-diretor da Petrobras preso na Operação Lava-Jato. E sob a vista
grossa de um Conselho de Administração que era um feudo da presidente
Dilma Rousseff, que o dirigiu de 2003 a 2010, quando os piores e mais
inexplicáveis negócios foram realizados pela estatal.
Na compra de Pasadena, não há um dado que indique qualquer tipo de
consistência técnica para o negócio. A aquisição tem cara de uma grande
fraude que, agora, a PF, o MPF e o TCU estão desmontando. O preço
superfaturado. A refinaria sucateada. A inadequação da planta aos
objetivos citados como motivos para a compra.
Em Abreu e Lima e na Comperj, uma sucessão de erros técnicos que só
poderiam ser cometidos com a conivência dos gestores da estatal. O
resultado é um superfaturamento vergonhoso, que multiplica
progressivamente o custo das obras, com denúncias e mais denúncias
contra construtoras que são as maiores doadoras das campanhas do PT.
O governo está fazendo de tudo para tirar a responsabilidade de Dilma
Rousseff, pressionando técnicos e ministros do TCU. As CPI Mista para
apurar os fatos é boicotada sustematicamente pela base do governo, que
não dá quorum para que requerimentos de oitivas sejam aprovados ou
pedidos de quebra de sigilo sejam encaminhados. É uma vergonha. Leiam,
abaixo, mais um capítulo da escandalosa compra de Pasadena, em matéria
do Estadão.
Um dos relatórios preparados por técnicos do Tribunal de
Contas da União (TCU) para embasar a avaliação da corte sobre a compra da
refinaria de Pasadena pela Petrobrás revela que, além de US$ 1,2 bilhão já
pagos, a estatal terá de desembolsar mais US$ 2 bilhões caso decida reformar a
unidade dos EUA.
A reforma é necessária para adaptar a refinaria aos planos
iniciais de processar no local o óleo pesado extraído no Brasil. A presidente
da empresa, Graça Foster, já informou que essa adequação (o chamado
"revamp") não será feita agora, já que o cenário mudou desde que a
primeira parte de Pasadena foi adquirida, em 2006.
O cálculo desse custo do investimento a ser feito é baseado
em estimativas extraídas de documentos da própria Petrobrás, segundo relatório
da Secretaria de Controle Externo de Estatais, do TCU, concluído a 4 de junho.
A necessidade de modernização da unidade é conhecida desde quando a primeira
parte do negócio foi fechada, há oito anos - após desentendimentos com a sócia
Astra Oil, a Petrobrás adquiriu 100% da refinaria.
Quando foi comprada, Pasadena só era capaz de refinar óleos
leves. Com as melhorias, a estatal pretendia dobrar a capacidade e processar
100 mil barris diários do campo de Marlim, na Bacia de Campos - e, também,
agregar valor ao produto brasileiro e vendê-lo a preços melhores.
Nos cálculos da área técnica do TCU, os pagamentos feitos à
Astra Oil foram equivalentes ao aporte necessário para as obras. Também era
necessário melhorar as instalações para que operassem com mais confiabilidade e
para que produzissem gasolina e diesel com baixos teores de enxofre. Mas não
houve alteração significativa no status da refinaria.
"A Petrobrás recebeu uma refinaria desatualizada e,
sobretudo, sem capacidade de refinar o petróleo de Marlim. Para converter a
refinaria, terá que desembolsar, aproximadamente, mais US$ 2 bilhões,
considerado o custo de reposição do ativo, incluído, também, o capital de giro
adicional necessário", diz o relatório.
O parecer registra que, como os planos não foram adiante, a
companhia terá de pagar, "por estimativa conservadora", duas vezes
para obter o mesmo benefício. Para o TCU, um agravante é que o preço pago em
2006 à Astra Oil foi inflado justamente pela perspectiva futura de
produtividade, que não veio a se concretizar. Cláusulas favoráveis à empresa permitiram que ela saísse do
negócio depois, sem fazer nenhum investimento.
Danos. Como o Estado revelou anteontem, dois relatórios da
área técnica do TCU apontam danos praticados contra o erário na compra da
refinaria. Produzidos em junho, os pareceres indicam a responsabilidade da
direção da Petrobrás pelas supostas falhas e propõem, em caso de condenação, a
devolução de valores que podem chegar a US$ 873 milhões.
Os dois pareceres divergem, contudo, quanto à
responsabilização da presidente Dilma Rousseff e demais integrantes do Conselho
de Administração da empresa. Dilma presidia o colegiado em 2006, quando se
aprovou a compra da primeira metade da refinaria. Em nota ao Estado em 18 de
março, ela disse que aprovou a aquisição embasada em um resumo que omitia
cláusulas importantes.
O documento de 4 de junho, produzido por um auditor, aponta
falha da presidente e dos demais integrantes do colegiado no episódio por
"exercício inadequado do dever de diligência", além de omissão na
tarefa de "apurar responsabilidades" pelo resumo incompleto. Também
indica que Dilma praticou "ato de gestão ilegítimo e antieconômico"
ao referendar proposta de postergar o cumprimento de sentença arbitral de 2009,
que previa a obrigação de pagar os outros 50% da refinaria.
Outro parecer, do dia 18, entende que não cabe
responsabilidade aos conselheiros, valendo-se do mesmo argumento de Dilma de
que o conselho se baseou em resumo falho. Esse relatório prevê ressarcimento de
recursos, por diretores, de até US$ 620 milhões. A decisão sobre qual entendimento vai prevalecer será tomada
pelos ministros do TCU em julgamento sem data marcada.
Repúdio. A Petrobrás divulgou nota ontem, na qual
"repudia veementemente o vazamento de nomes e informações obtidos em fase
de apuração, em processo que tramita em nível de avaliação técnica no TCU.
Segundo a estatal, o processo não foi julgado pelos ministros da corte,
"não havendo, portanto, decisão sobre o caso".
Palanque eleitoral: Dilma torra R$ 2 milhões para entregar casas pelo telão.
Em Brasília, Dilma trocou figurinhas ao vivo, com Agnelo Queiroz, o
petista que tem menos de 20% de aprovação e que comandou a construção do
Mané Garrinha, superfaturado em mais de R$ 400 milhões, segundo
denúncia do TCE.
No penúltimo dia em que candidatos podem participar de
inaugurações, a presidente Dilma Rousseff bancou a mestre de cerimônias de uma
entrega coletiva de 5.460 unidades do programa Minha Casa Minha Vida em 11
localidades espalhadas pelo País.
Ao custo de R$ 2 milhões, o evento desta quinta-feira 3,
teve videoconferência entre a candidata à reeleição, que estava em um bairro
periférico de Brasília, e os ministros enviados a municípios de sete diferentes
Estados.
Todos os ministros viajaram em avião da Força Aérea, segundo
o Palácio do Planalto. A Caixa Econômica Federal (CEF), responsável pelas
obras, pagou R$ 1 milhão para montar os palanques nas 11 cidades. A transmissão
das imagens de Dilma e dos ministros, realizada pela Empresa Brasil de
Comunicação (EBC), custou mais R$ 1 milhão, de acordo com o governo, A montagem
dos palanques inclui preparação do palco com cobertura de lona, banheiros
químicos, grades, iluminação, seguranças e distribuição de água para os
presentes.
Desde janeiro, Dilma participou de 11 entregas de unidades
do Minha Casa a famílias beneficiadas. Nenhum outro teve o mesmo tipo de
produção ou mobilizou tantos ministros nessa quantidade de lugares. A
presidente, candidata à reeleição, aproveitou o evento para confirmar a
terceira fase do programa habitacional e fixar como meta “possível” a entrega
de 3 milhões de casas a partir de 2015, quando terá início um novo mandato
presidencial.
Depois de exaltar o fato de o programa ser “o maior programa
habitacional da história do Brasil” e destacar que a casa própria é “um sonho
que nem sempre é fácil de ser realizado”, Dilma fez questão de ressaltar a
qualidade dos imóveis que estão sendo entregues, com azulejos nas paredes dos
banheiros e cozinha e cerâmica no chão.
Essa deixa estimulou uma disputa entre a presidente e os
ministros sobre as “vantagens” de cada um dos conjuntos habitacionais. “Este é
um parque diferente”, disse Dilma, referindo-se ao Parque Paranoá, na periferia
de Brasília, de onde comandava a programação do dia. “Aqui em Santo André, os apartamentos têm varanda”, afirmou
a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, do palanque montado em seu berço
político. “Eu quero fazer uma brincadeira com a ministra Miriam. Aqui no Sul
não tem varanda, mas todos os conjuntos têm churrasqueira pro churrasquinho do
final de semana”, disse titular dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, em
Joinville, maior cidade de seu Estado.
O jogral prosseguiu com a ministra do Desenvolvimento
Social, Tereza Campello, de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. “Aqui não tem
varanda, mas tem parquinho”, afirmou. O ministro dos Portos, César Borges,
direto de Jequié (BA), sua cidade natal, completou: “A casa aqui é um
verdadeiro jardim. Tem água, esgoto e ruas pavimentadas, com paisagismo”.
Auditório. À vontade na cerimônia, Dilma chamou ministros,
prefeitos e beneficiários do Minha Casa como se estivesse em um programa de
auditório. Tanto a presidente quanto seus colegas de transmissão vincularam a
entrega das habitações à Copa.
“Parabéns pra Bruna, pra família da Bruna, para todas as
famílias de Santo André. É muito bom começar uma vida nova pendurando a
bandeira do Brasil na sacada pra comemorar a Copa do Mundo”, disse Dilma,
referindo-se à família que havia recebido as chaves de uma casa no ABC
Paulista. Em seguida, ouviu por diversas vezes os gritos de “1, 2, 3, Dilma
Outra Vez”.
A presidente só não conseguiu ouvir o titular da Saúde,
Arthur Chioro, enviado a São Vicente (SP). A comunicação entre o ministro e
Dilma falhou, e foi exibida uma gravação da petista. O problema técnico enganou
até a equipe do Blog do Planalto, que em um post sobre o evento deixou de citar
São Vicente entre as cidades beneficiadas.
Papéis. Com Dilma no papel principal da solenidade, quem
assumiu o embate com a oposição foi o presidente da Caixa, Jorge Hereda. Ele
rebateu a proposta do candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, que promete
construir 4 milhões de casas se for eleito. “Na época das eleições,
simplesmente falar um número é fácil”, disse Hereda. Para ele, a construção de
3 milhões de unidades no Minha Casa 3 “não é uma meta da boca para fora, que
responda a um debate eleitoral”.(Matéria do Estadão)
Bolsa sobe depois de concluir que Datafolha foi ruim para Dilma.
A Bovespa ampliou o ritmo de alta
após o fechamento das bolsas americanas, que hoje encerraram três horas mais
cedo devido à véspera do feriado da Independência dos EUA. Investidores
aproveitaram a menor liquidez do mercado local à tarde para forçar a alta de
alguns ativos. O Ibovespa fechou em alta de 1,59%, aos 53.874 pontos, com
volume de R$ 5,114 bilhões.
O forte dado de geração de
empregos nos Estados Unidos em junho animou os investidores ainda pela manhã,
praticamente se sobrepondo ao resultado da pesquisa Datafolha, que mostrou
avanço da presidente Dilma Rousseff na corrida presidencial. Ao longo da tarde,
porém, o mercado refez as contas e avaliou que a pesquisa não foi tão positiva
para a presidente como parecia.
A intenção de voto de Dilma subiu
de 34% para 38%. Mas os candidatos de oposição também apresentaram altas: Aécio
Neves passou de 19% para 20% e Eduardo Campos de 7% para 9%. Houve queda nos
votos brancos e nulos, de 19% para 13%, e indecisos, de 13% para 11%.
“Dilma subiu, mas foi na margem.
Os candidatos de oposição idem. Unindo Aécio Neves e Eduardo Campos, podemos
ter a certeza que de que haverá segundo turno.”, afirma Raphael Figueredo, analista
da Clear Corretora.
O estrategista da Fator
Corretora, Paulo Gala, chamou atenção para os detalhes da pesquisa. “Houve um
aumento do número de pessoas que relataram sentir um clima mais positivo no
país. Isso pode indicar o início da reversão do pessimismo, que estava
exagerado”, afirma o especialista, citando como exemplo o sucesso na realização
da Copa, cujas expectativas foram “balizadas por baixo”.
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