O candidato do PSDB à Presidência
da República, Aécio Neves, disse ontem que a base dos investimentos em infraestrutura
em um eventual governo do partido serão as parcerias com o setor privado. Na
fase final de elaboração do plano de governo que será registrado na Justiça
Eleitoral, Aécio afirmou que o Brasil precisa de um choque de infraestrutura.
Questionado se manteria investimentos como o Minha Casa, Minha Vida, o
candidato não quis se comprometer.
"Obras que foram iniciadas e
forem importantes, serão finalizadas, mas sem o sobrepreço que existe
hoje", disse o candidato, falando sobre infraestrutura em geral e não
especificamente sobre o programa de habitação.
Mais cedo, em entrevista por
telefone à rádio São Luiz AM, do Maranhão, Aécio prometeu se eleito manter
programas sociais que considerou como "bem sucedidos", como o Bolsa
Família, o ProUni e o Minha Casa Minha Vida. "Sou de uma escola política
que diz que boas experiências têm de ser mantidas e aprimoradas. Então, a
primeira afirmação que faço é que os programas sociais que vêm dando certo,
como por exemplo o Bolsa Família, que na verdade se iniciou lá atrás, no
governo do PSDB, com o Bolsa Escola e Bolsa Educação, serão mantidos e
aperfeiçoados", disse.
"Outros programas
importantes, que têm dado oportunidades ao jovens brasileiros, como o ProUni,
ou mesmo o Minha Casa Minha Vida, serão mantidos e aperfeiçoados,
principalmente nessa faixa de renda mais baixa, de até três salários
mínimos", prometeu Aécio.
Para Aécio, a presidente Dilma
Rousseff - que nesta semana anunciou a ampliação do Minha Casa Minha Vida, está
aproveitando os últimos momentos do prazo estabelecido pela Justiça eleitoral
para prometer o que o governo não conseguiu fazer em 12 anos. "O Brasil
assiste a um governo à beira de um ataque de nervos, que aproveita os últimos
instantes para prometer fazer, nos anos que ainda não adquiriu de governo, o
que não conseguiu em 12 anos", completou o candidato, ressaltando que será
preciso criar um ambiente de confiança, de previsibilidade para viabilizar as
parcerias com o setor privado.
Questionado sobre a Petrobras,
ele disse que suas propostas para a Petrobras serão tratadas no programa de
governo. Não quis dar detalhes, mas voltou a criticar a falta de
transparência.. "O importante é discutir à luz do dia, e não nas
madrugadas insones do governo, as medidas mais eficazes para o país e para a
Petrobras. Há um conjunto de medidas tomadas pelo governo sem uma avaliação
racional das consequências. Vamos avaliar com tranquilidade", disse.
Aécio reuniu-se com o coordenador
do programa de governo do PSDB, o ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia,
para tratar dos últimos detalhes da proposta que será registrada no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) amanhã. Na base, explicou Anastasia, o texto propõe
cinco reformas estruturais nas áreas de segurança pública, serviço público,
política, tributária e infraestrutura.
"O diferencial da proposta
em relação ao que está em execução no Brasil é que estamos ouvindo antes de
fazer. No Brasil de hoje, se faz antes de ouvir", disse Aécio, ressaltando
que o documento apresenta diretrizes que serão discutidas com a sociedade.
A reunião com a equipe aconteceu
a portas fechadas no bairro do Leblon, zona sul do Rio, onde funcionará o
comitê de campanha do PSDB. Antes, o candidato comemorou os resultado da última
pesquisa de intenções de voto do Datafolha, publicada ontem no jornal
"Folha de S.Paulo". "A pesquisa é positiva para a oposição
porque garante o segundo turno e mostra que, no segundo turno, a oposição
ganha", disse.
No rádio, o tucano lembrou os 20
anos do Plano Real e afirmou que terá "tolerância zero com a inflação, que
atormenta a dona de casa", caso seja bem sucedido na disputa presidencial.
"O nosso crescimento é o pior da América do Sul. A inflação de alimentos
atormenta novamente", destacou.
Se eleito, o candidato disse que
terá "generosidade maior com municípios brasileiros. Sou um federalista
por natureza. Hoje só o governo federal tudo pode e tudo arrecada". A
redefinição dos repasses, afirmou, será uma "refundação da federação".
Aécio também se comprometeu a
formular, nos primeiros meses de seu possível governo, uma reforma do sistema
tributário: "Criarei uma única secretaria extraordinária, no primeiro dia
de governo, para no prazo de alguns meses apresentar ao Congresso um projeto de
simplificação do sistema tributário. Hoje, no conjunto das nossas empresas
brasileiras, são mais de R$ 40 bilhões gastos apenas para manter a máquina
pagadora de impostos."
Aécio prometeu começar sua
campanha pelo Nordeste e lembrou ações de seus tempos como governador de Minas
Gerais. "Nós temos um 'nordeste' no nosso território, para muito orgulho
nosso. O Vale do Jequitinhonha, o norte de Minas e o Vale do Mucuri são regiões
que têm os mesmos índices de desenvolvimento humano do Nordeste brasileiro.
Quando terminei o meu governo, eu havia gasto três vezes mais per capita nessa
região. Você só consegue diminuir as desigualdades se você tratar de maneira
desigual os desiguais." (Valor Econômico)
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