Hoje me levantei mais tarde do que o
habitual. Desde que deixei de tomar porres tenho dormido melhor.
Acordei decidido a solucionar um tema para
não ficar pensando em sexo todas as manhãs. Estou em dúvida se irei
masturbar-me pensando em Rosa de Luxemburgo ou em Alexandra Kollontai.
Finalmente me decido por esta última.
Outra vez chegarei tarde à Faculdade. Meu
primeiro contratempo ocorre quando vejo que minha mãe não lavou a camiseta que
tem o logotipo dos anarquistas independentes. Assim, eu tenho que vestir a
anticapitalista. No fundo do armário vejo meu tênis Nike de outras épocas, que
agora renego.
Atravesso o jardim da casa, saúdo minha
vizinha e saio com o carro da mamãe. Chego à Faculdade e vou direto ao bar
preparar a assembleia da tarde. No bar me reúno com o Coletivo de Anarquistas
Independentes (ou seja, com os autênticos anarquistas). Nós só somos dois (e
esse meu companheiro está cada vez mais direitista e acabarei por expulsá-lo do
Coletivo), porém estamos de posse da Verdade.
Outro dia um novo companheiro se aproximou
de nós, porém como não o conhecíamos, logo deduzimos que fosse um infiltrado e
não o aceitamos no Coletivo.
O restante do dia passa rápido. Após cinco
horas de Assembleia para decidir a Ordem do Dia deixamos a reunião para outro
dia.
À tardinha, fomos até a saída dos operários
de uma fábrica, distribuir panfletos. Estou emocionado, pois é a primeira vez
que vejo de perto os operários de que tanto falo.
A maioria vem falando de futebol e de
mulheres. Somente um parou para falar conosco. E logo descobrimos que é um
delegado sindical. Depois de acusá-lo de burocrata sindical e reformista, fomos
embora.
Esse foi o meu dia.
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.
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