sábado, 12 de julho de 2014

Alemães se despedem com elogios de seu quartel-general e fazem doação a índios Pataxós

COPA.BR

Saudade da Bahia


  12/07/2014 08:39
(Arnd Wiegmann/Reuters)

O Campo Bahia, em Santa Cruz Cabrália, está para os alemães como a Cidade do Galo, em Vespasiano, está para os argentinos. O quartel-general da Alemanha durante a Copa do Mundo do Brasil teve ontem os últimos vislumbres do grupo de jogadores que aplicou a maior goleada da história da Seleção Brasileira (7 a 1), mas que, ainda assim, conseguiu somente encantar e conquistar a todos que conviveram com ele nos últimos 33 dias. Hoje, os germânicos fazem em São Januário o último treinamento antes da grande final contra a Argentina, amanhã, no Maracanã.

Desde que desembarcou no Sul da Bahia, na madrugada de 8 de junho, a Seleção Alemã se sentiu em casa. Não era para menos. Afinal, diferentemente das outras seleções que vieram para o Mundial, a Federação Alemã de Futebol construiu seu próprio centro de treinamentos. Tudo feito da melhor maneira possível para que os atletas tivessem total privacidade e tranquilidade para trabalhar em busca do tetra.

Assim foi desde o primeiro momento. Chegaram e foram recebidos com festa pelos funcionários do resort e logo se integraram ao local. Jogadores como o goleiro Neuer, o volante Schweinsteiger e o atacante Podolski protagonizaram momentos únicos em sua estádia no Brasil. Cantaram o hino do Bahia, visitaram vilas indígenas, aprenderam danças típicas e registraram tudo. Torceram para o Brasil na segunda fase da competição (inclusive enrolados com a bandeira nacional) e dividiram a convivência com aqueles que fizeram, de sua hospedagem, um capítulo à parte na história da Copa.

“Grande parte do que tivemos no Campo Bahia foi graças às pessoas daqui, que tornaram nossa vida mais fácil. Sempre tivemos apoio e, mesmo após o jogo contra o Brasil, não houve nenhuma hostilidade. Ele foram anfitriões perfeitos”, destacou o capitão Lahm, ontem, na última entrevista coletiva no Sul baiano. “Tivemos aqui uma experiência completamente diferente de tudo que já vivemos, como um pequeno sítio só para nós, em que convivíamos o tempo inteiro. O Campo Bahia foi perfeito para nós”, completou o atacante Thomas Müller.

PRESENTE A proximidade com a população local nesse último mês foi tanta que a coletiva de ontem não teve somente a participação dos jornalistas do mundo inteiro. Ao lado deles, estavam índios pataxós com lanças, cocares e rostos pintados, todos com fones de ouvido para tradução simultânea das perguntas e respostas dos entrevistados. Até mesmo o carismático Tibúrcio, professor de dança de Neuer e Schweinsteiger, estava presente.

O diretor técnico Oliver Bierhoff agradeceu desde o governador da Bahia, Jacques Wagner, até os responsáveis pela condução da balsa que fez as travessias entre Santa Cruz Cabrália e Santo André, pelo Rio João de Tiba, e depois entregou cheque simbólico da Federação Alemã aos índios, no valor de 10 mil euros (aproximadamente R$ 30 mil) para a compra de um veículo – provavelmente uma ambulância – para as comunidades indígenas de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália.

O último treino no Campo Bahia foi fechado à imprensa. A preocupação ficou por conta do zagueiro Jérôme Boateng, que deixou a atividade com dor na virilha. Por outro lado, Hummels, que foi substituído no intervalo da goleada sobre o Brasil, com dor no joelho, treinou normalmente. 
 
 
A Alemanha viajou à noite para o Rio de Janeiro, onde amanhã enfrenta a Argentina. Para esta tarde, às 15h, estava marcado treino de reconhecimento do Maracanã, mas, devido à chuva constante na Cidade Maravilhosa e para poupar o gramado – que deve receber uma final debaixo de chuva fina, segundo o ClimaTempo –, a atividade foi remarcada para São Januário.


ENQUANTO ISSO...
Italiano vai apitar a decisão
 
 
Será italiano o trio de arbitragem da final da Copa do Mundo, amanhã, às 16h, no Maracanã, entre Alemanha e Argentina: Nicola Rizzoli, auxiliado por Renato Faverani e Andrea Stefani. 
 
 
Os árbitros trabalharam em três jogos deste Mundial, dois deles da Argentina. A primeira partida foi a surpreendente goleada da Holanda sobre a Espanha por 5 a 1, em Salvador. Ainda na primeira fase, os italianos apitaram a vitória da Argentina sobre a Nigéria por 3 a 2, em Porto Alegre. Nas quartas de final, o trio comandou Argentina 1 x 0 Bélgica, em Brasília. 
 
 
O volante Biglia recebeu, nesse jogo, o único cartão amarelo mostrado para argentinos por Nicola Rizzoli, arquiteto de 42 anos, natural de Bolonha. Ele será o terceiro italiano a apitar uma final: Sergio Gonella foi o árbitro de 1978 e Pierluigi Colina, o de 2002.

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