O PT é
realmente uma máquina de destroçar reputações — inclusive de seus
aliados. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, foi quem menos sonhou,
entre os governistas, com uma intervenção, digamos, “política” no
futebol. No máximo, ele afirmou que o Estado deveria se interessar mais
pela questão, sem especificar em que medida isso poderia acontecer. Não
disse nada além de uma generalidade até cabível para a hora. Foram os
petistas, estes sim, por intermédio de um site oficioso chamado “Muda
Mais” — trata-se de uma franja do PT, empenhada na campanha de Dilma —
que saíram por aí a demonizar a CBF, atacando lideranças que estariam há
décadas a infelicitar o ludopédio e coisa e tal…
O
movimento nem é novo. Quando José Maria Marin, com seu cabelo acaju,
assumiu a CBF, logo foi “enquadrado” pela Comissão da Verdade, vocês
devem se lembrar. Muitos chegaram a indagar se Dilma, uma
ex-VAR-Palmares, aceitaria posar a seu lado numa solenidade. Como se
posar ao lado de uma ex-VAR-Palmares fosse um valor meritório em si.
Alguém acha que é? Apresente-se para o debate, por favor, com
argumentos. Tentarei responder sem precisar apelar a cadáveres — só em
último caso… Mas sigamos.
Não foi
Aldo, não! Foi o PT que tentou criar um novo polo de debate, deslocando o
foco para a CBF, depois de Dilma ter tentado pegar carona, de modo um
tanto atrapalhado, na Copa do Mundo. A Soberana, ultimamente, anda a
ouvir vozes estranhas, não é mesmo? Não faz tempo, ela comprou uma
confusão danada, quando seus “especialistas” lhe sugeriram que
procurasse tirar o corpo fora da compra da refinaria de Pasadena… Até
então, o único que insistia nesse assunto na chamada grande imprensa — e
isso está documentado — era eu. Quando a presidente teve a gloriosa
ideia de dizer que fora enganada pela diretoria da Petrobras, o assunto
pegou fogo. Coisa de gênio!!!
Mais uma
vez, um de seus luminares deve ter tido uma ideia luminosa: “Presidente,
livre-se daquela foto do ‘É TÓIS’ lançando a tese de que é preciso
intervir na CBF”. O assunto prosperou. Intervir como? Em que medida? A
resposta de Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, veio rápida e
certeira, como deve ser. Sim, algo tem de ser feito para aumentar a
responsabilidade de dirigentes esportivos, mas sem criar a “Futebras”.
Até porque, e isto ainda não ganhou seu devido peso político, é preciso
chamar o governo às suas reais responsabilidades: a Copa já acabou! Cadê
as obras que tanto mudariam a vida do povo brasileiro? Pois é… Ou por
outra: o governo que conseguiu afundar a Petrobras acha que pode fazer
decolar a Futebras?
Comprando mais briga
Cronistas esportivos os mais variados
resolveram entrar na onda petistófila. Como já escrevi, é muito fácil
jogar caca na CBF. Ela fica bem no papel de Geni. Mas me digam: o que a
eventual corrupção na confederação tem a ver com aquele resultado
ridículo apresentado em campo? Nada! Até porque é possível ser corrupto e
eficiente. É possível ser corrupto e ineficiente. É possível ser
decente e ineficiente. É possível ser decente e eficiente — esta, sim, a
combinação desejável. Ganhamos, por acaso, cinco Copas até aqui com uma
equipe que misturava São Francisco de Assis com Schopenhauer? Ah,
tenham a paciência!
Parte
dessa crônica esportiva, doidinha para fazer parte de algum conselho
estatal que supervisione a CBF, embarcou na mixuruquice intelectual da
“Futebras” e saiu por aí a procurar bodes expiatórios. Não há nenhum! A
CBF pode até ser um antro de bandidos, como querem alguns, mas qual é o
peso real que isso tem na caipirice do nosso futebol? O jornalismo
esportivo, com raras exceções, é o primeiro dos Jecas-Tatus a rejeitar,
por exemplo, a contratação de um técnico estrangeiro.
Volto ao Planalto
O governo mediu a repercussão de sua especulação intervencionista e percebeu que, mais uma vez, a coisa tinha dado errado. Na Folha de
hoje, já se lê que “Dilma afasta hipótese de intervenção no futebol”,
como se ela dispusesse de canais legais para intervir — e não dispõe —,
jogando a batata quente no colo de Aldo Rebelo, coitado!, que acabou
arcando com o peso da tentação intervencionista.
Lá ficou
pelo meio do caminho mais uma trapalhada dos “especialistas” de Dilma em
opinião pública. O mesmo cara que a aconselhou a tirar, um dia antes do
desastre, aquela foto fazendo, com os bracinhos, o “T” do “É TÓIS” deve
ter tido outra ideia genial: “Vamos, agora, propor a reforma da CBF”.
Aécio veio e cravou na testa: “Futebras”. A soberana resolveu logo mudar
de assunto.
Os únicos
que se entusiasmaram foram mesmos aqueles, como direi?, cronistas
esportivos que, há 35 anos mais ou menos, têm uma pauta fixa: atacar a
CBF. Não que ela não mereça ser atacada. Merece! Mas merece também ter
críticos novos, e não os candidatos de sempre a burocratas da
“Futebras”.
Atenção,
veículos de comunicação! Renovem, pelo amor de Deus, a crônica
esportiva!!! Com raras exceções, ela é mais velha, viciada e viciosa do
que a própria CBF. Aliás, são dois atrasos que se estreitam, como diria o
poeta, num abraço insano.
Ah, sim:
caso alguém se sinta, como direi?, ultrajado por essas palavras, é só se
apresentar para o debate. Passei a ter especial interesse em debater
com ultrajados e ultrajantes, mas sempre ultrajando com rigor.
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