segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Candidatos fazem de tudo para aparecer em propaganda eleitoral


Com tempo escasso, candidatos usam martelo, burca, rimas e levam até a família para a TV

carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br


Com tempo de rádio e televisão limitado - entre cinco e 20 segundos - os candidatos a deputado federal e distrital ficam diante de duas opções. Podem perder-se entre as dezenas que se limitam a proclamar fidelidade a causas como  educação, saúde e  segurança ou podem apelar para algo chamativo. Nesse caso, já identificaram regras básicas. Não podem ter medo do ridículo, nem precisam fazer algo compreensível. O importante, afirmam, é serem lembrados.


“O brasileiro é criativo por natureza, o dinheiro para campanha está curto e tempo é dinheiro. Então, pensei numa maneira de chamar a atenção. Quando bato o martelo, as pessoas olham para a TV. Com meu martelo,  mostro também a força do trabalho, a seriedade da política. É um aviso: 'Ó, o tempo é curto, presta atenção'”, explica a candidata a distrital Telma Gomes (DEM).


A estratégia deu certo, avalia Telma. Quando faz caminhadas pelo DF, “a candidata do martelo”, como diz, é lembrada pela população. “São sete segundos e ainda assim as pessoas lembram”, comemora.


Durante as gravações, é tão enfática que chegou a machucar o próprio dedo com as marretas. “Olha aqui. Fui bater bem forte na mesa e rasguei meu dedo”, aponta.

Islâmica
Outra  que aposta na autenticidade  é Sandra Leite, do PCB. Vidente e adepta da religião islâmica, em seus 20 segundos de horário eleitoral, ela aparece vestida com um “hijab”, usado por mulheres árabes. “Eu não podia esconder a minha fé dos eleitores”, afirma a candidata a distrital.
Sem medo de parecer estranha, ela diz que a vestimenta não tira a seriedade da propaganda. Pelo contrário. Ela adotou a religião islâmica  depois de adulta e acredita que parece até séria demais. “Sou despachada, carioca. Nosso país que não é sério. Aqui, o certo é errado e o errado é certo”, critica Sandra, enquanto ajeita o hijab na cabeça.

Slogan até no nome
E se propaganda é a alma do negócio, por que não fazer do próprio nome político o slogan da campanha? Daniel Xavier, ou melhor, “Agora é Daniel”, do PROS chama atenção do eleitor não só pela auto-alcunha, mas também pelas palmadas no fim do acelerado tempo na TV. “Tenho nove segundos apenas e eu tinha que arrumar um jeito de fazer o eleitor lembrar de mim. E como trabalho com política há mais de 30 anos, nos bastidores, pensei que agora era minha vez, minha única chance. Aí, ficou 'Wel, Wel, Wel, Agora é Daniel'”, canta, ao telefone, o candidato a distrital.

Com a família
Há ainda quem prefira um tom mais calmo, com discurso em prol da família. Não basta mostrar o rosto sozinha, Gizeli Nicoski, do PSC, vai para a frente das câmeras junto com o marido e a filha mais nova, de cinco meses. “A gente faz tudo junto, não temos babá nem nada disso, então, achamos que seria legal mostrar que estamos juntos também na campanha”, explica.


Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

Comentário


albertani

não dá para competir com os poderosos, é preciso uma reforma eleitoral com urgência, mudar esse sistema que privilegia apenas quem tem dinheiro ou é financiado por grandes grupos econômicos

Nenhum comentário: