segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Obama prepara 'plano de ação' contra EI; confira trechos de entrevista

BBC

Atualizado em  7 de setembro, 2014 - 19:21 (Brasília) 22:21 GMT

Entrevista de Obama à NBC | Crédito: Reuters
À rede de TV americana NBC, presidente dos EUA disse querer 'destruir' grupo radical islâmico; neste domingo, jatos bombardearam alvos no Iraque

O presidente dos Estados Unidos Barack Obama afirmou, em entrevista a uma TV americana, que anunciará na próxima quarta-feira um 'plano de ação' contra militantes do Estado Islâmico (EI).

O pronunciamento ocorrerá um dia antes do aniversário de 13 anos do ataque terrorista de 11 de setembro.
Obama, que vem sendo criticado pela demora em traçar uma estratégia para conter o crescimento do grupo jihadista islâmico, disse que os Estados Unidos vão desintegrar o EI, reduzir seu território e "derrotá-lo".

Neste domingo, jatos americanos bombardearam alvos do EI no oeste do Iraque pela primeira vez.
Enquanto isso, a Liga Árabe se comprometeu em tomar "todas as medidas necessárias" contra o grupo radical islâmico, que já controla uma parte significativa dos territórios do Iraque e da Síria.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Obama à rede de TV americana NBC. A entrevista completa foi ar no programa Meet the Press na manhã deste domingo nos Estados Unidos.


Apresentador: O senhor está preparando os Estados Unidos para voltar à guerra?

Obama: Estou preparando o país para ter certeza de que vamos lidar com a ameaça do EI. Tenha em mente que isso é algo que sabemos como fazer. Temos lidado com ameaças terroristas por muito tempo.

Essa administração vem sistematicamente desmantelando a al-Qaeda na FATA (Áreas Tribais Administradas Federalmente no Paquistão, na sigla em inglês). Acabamos de anunciar [na sexta-feira, 5] a morte do principal líder do al-Shabaab, a organização terrorista que atua na Somália.

O Estado Islâmico é uma grande ameaça por causa de suas ambições territoriais no Iraque e na Síria. Mas a boa notícia que veio da última reunião da Otan é que toda a comunidade internacional entende que isso é algo com que precisamos lidar.

Então, o que fizemos no curso dos últimos meses é, em primeiro lugar, assegurar que estamos de olho no problema, que direcionamos recursos, inteligência e reconhecimento. Fizemos uma avaliação por terra.

O segundo passo era ter certeza de que o nosso pessoal está protegido, além de nossas embaixadas e consulados. Isso inclui ataques aéreos para assegurar que cidades como Erbil não sejam retomadas pelos rebeldes e infraestruturas cruciais, como a represa de Mossul, estejam protegidas. Foi a partir deste momento que podemos nos envolver em programas de assistência humanitária que salvaram milhares de vidas.

A próxima fase é começar com algumas ofensivas. Nós temos de colocar o governo iraquiano de volta nos trilhos. E estou otimista que na próxima semana poderemos cumprir esse objetivo. E então eu vou me encontrar com os líderes congressistas na terça-feira.

Na quarta, farei um pronunciamento e descreverei qual será o nosso próximo plano de ação daqui para frente.

Mas esse não será um anúncio sobre as tropas americanas em solo. O que está acontecendo agora não tem nada a ver com a guerra no Iraque.

O que vamos fazer é similar aos tipos de campanhas anti-terroristas nas quais estivemos envolvidos consistentemente nos últimos cinco, seis, sete anos. E a boa notícia é que, por causa da liderança dos Estados Unidos nesse processo, eu acredito que uma coalizão internacional ampla regional e internacional será capaz de lidar com esse problema.

Apresentador: O que o senhor vai pedir à população dos Estados Unidos na quarta-feira?

Obama: Eu só quero que o povo americano entenda a natureza dessa ameaça e como estamos lidando com esse problema e que temos confiança que seremos capazes de lidar com ele.

Apresentador: O senhor tem a consciência que fará esse pronunciamento um dia antes do 13º aniversário dos atentados de 11 de setembro?

Obama: Justamente. E quero que todo mundo entenda que nossos setores de inteligência não observaram nenhuma ameaça ao nosso país vinda do EI. Meu pronunciamento não tem nenhuma relação com isso.

O Estado Islâmico é uma organização que, se tomar controle de partes significativas de território, será capaz de acumular mais recursos, mais armas para atrair combatentes internacionais, incluindo de algumas regiões como a Europa, cujos cidadãos têm vistos com os quais podem viajar sem maiores impedimentos aos Estados Unidos. E isso, ao longo do tempo, pode se tornar uma séria ameaça ao nosso país.

A curto prazo, trata-se de uma ameaça a amigos, parceiros na região e está causando todos os tipos de dificuldades. E nós temos visto a selvageria com que esse grupo age, não só em termos de como eles lidaram com os dois americanos sequestrados (ambos foram decapitados), mas com a morte de milhares de inocentes no Iraque e na Síria, o sequestro de mulheres, a completa destruição de vilarejos inteiros.

Então, o que eu vou pedir aos cidadãos americanos é que entendam, em primeiro lugar, que essa é uma ameaça muito séria. Em segundo lugar, que nós temos a capacidade de lidar com esse problema...

...E o que eu quero que as pessoas entendam, no entanto, é que no curso dos próximos meses, seremos capazes de diminuir o ímpeto do Estado Islâmico. Vamos sistematicamente minar suas capacidades. Vamos reduzir o território que controlam. E, por fim, derrotá-los.

Apresentador: E a Síria?

Obama: ...A estratégia tanto para o Iraque quanto para a Síria é que nós vamos caçar os integrantes do Estado Islâmico e os ativos que eles têm onde quer que estejam. Vou-me reservar o direito de sempre proteger os cidadãos americanos e ir atrás de quem está tentando nos machucar em qualquer lugar.

Mas em termos de controle de território, vamos ter de desenvolver uma oposição sunita moderada que possa controlar o território e com quem podemos negociar. A noção de que os Estados Unidos devem fazer uma ofensiva terrestre, no meu entender, é um erro profundo.

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