BBC
Atualizado em 7 de setembro, 2014 - 19:21 (Brasília) 22:21 GMT
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O presidente dos Estados Unidos Barack Obama afirmou, em entrevista a uma TV americana, que anunciará na próxima quarta-feira um 'plano de ação' contra militantes do Estado Islâmico (EI).
O pronunciamento ocorrerá um dia antes do aniversário de 13 anos do ataque terrorista de 11 de setembro.Neste domingo, jatos americanos bombardearam alvos do EI no oeste do Iraque pela primeira vez.
Enquanto isso, a Liga Árabe se comprometeu em tomar "todas as medidas necessárias" contra o grupo radical islâmico, que já controla uma parte significativa dos territórios do Iraque e da Síria.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Obama à rede de TV americana NBC. A entrevista completa foi ar no programa Meet the Press na manhã deste domingo nos Estados Unidos.
Apresentador: O senhor está preparando os Estados Unidos para voltar à guerra?
Obama: Estou preparando o país para ter certeza de que vamos lidar com a ameaça do EI. Tenha em mente que isso é algo que sabemos como fazer. Temos lidado com ameaças terroristas por muito tempo.
Essa administração vem sistematicamente desmantelando a al-Qaeda na FATA (Áreas Tribais Administradas Federalmente no Paquistão, na sigla em inglês). Acabamos de anunciar [na sexta-feira, 5] a morte do principal líder do al-Shabaab, a organização terrorista que atua na Somália.
O Estado Islâmico é uma grande ameaça por causa de suas ambições territoriais no Iraque e na Síria. Mas a boa notícia que veio da última reunião da Otan é que toda a comunidade internacional entende que isso é algo com que precisamos lidar.
Então, o que fizemos no curso dos últimos meses é, em primeiro lugar, assegurar que estamos de olho no problema, que direcionamos recursos, inteligência e reconhecimento. Fizemos uma avaliação por terra.
O segundo passo era ter certeza de que o nosso pessoal está protegido, além de nossas embaixadas e consulados. Isso inclui ataques aéreos para assegurar que cidades como Erbil não sejam retomadas pelos rebeldes e infraestruturas cruciais, como a represa de Mossul, estejam protegidas. Foi a partir deste momento que podemos nos envolver em programas de assistência humanitária que salvaram milhares de vidas.
A próxima fase é começar com algumas ofensivas. Nós temos de colocar o governo iraquiano de volta nos trilhos. E estou otimista que na próxima semana poderemos cumprir esse objetivo. E então eu vou me encontrar com os líderes congressistas na terça-feira.
Na quarta, farei um pronunciamento e descreverei qual será o nosso próximo plano de ação daqui para frente.
Mas esse não será um anúncio sobre as tropas americanas em solo. O que está acontecendo agora não tem nada a ver com a guerra no Iraque.
O que vamos fazer é similar aos tipos de campanhas anti-terroristas nas quais estivemos envolvidos consistentemente nos últimos cinco, seis, sete anos. E a boa notícia é que, por causa da liderança dos Estados Unidos nesse processo, eu acredito que uma coalizão internacional ampla regional e internacional será capaz de lidar com esse problema.
Apresentador: O que o senhor vai pedir à população dos Estados Unidos na quarta-feira?
Obama: Eu só quero que o povo americano entenda a natureza dessa ameaça e como estamos lidando com esse problema e que temos confiança que seremos capazes de lidar com ele.
Apresentador: O senhor tem a consciência que fará esse pronunciamento um dia antes do 13º aniversário dos atentados de 11 de setembro?
Obama: Justamente. E quero que todo mundo entenda que nossos setores de inteligência não observaram nenhuma ameaça ao nosso país vinda do EI. Meu pronunciamento não tem nenhuma relação com isso.
O Estado Islâmico é uma organização que, se tomar controle de partes significativas de território, será capaz de acumular mais recursos, mais armas para atrair combatentes internacionais, incluindo de algumas regiões como a Europa, cujos cidadãos têm vistos com os quais podem viajar sem maiores impedimentos aos Estados Unidos. E isso, ao longo do tempo, pode se tornar uma séria ameaça ao nosso país.
A curto prazo, trata-se de uma ameaça a amigos, parceiros na região e está causando todos os tipos de dificuldades. E nós temos visto a selvageria com que esse grupo age, não só em termos de como eles lidaram com os dois americanos sequestrados (ambos foram decapitados), mas com a morte de milhares de inocentes no Iraque e na Síria, o sequestro de mulheres, a completa destruição de vilarejos inteiros.
Então, o que eu vou pedir aos cidadãos americanos é que entendam, em primeiro lugar, que essa é uma ameaça muito séria. Em segundo lugar, que nós temos a capacidade de lidar com esse problema...
...E o que eu quero que as pessoas entendam, no entanto, é que no curso dos próximos meses, seremos capazes de diminuir o ímpeto do Estado Islâmico. Vamos sistematicamente minar suas capacidades. Vamos reduzir o território que controlam. E, por fim, derrotá-los.
Apresentador: E a Síria?
Obama: ...A estratégia tanto para o Iraque quanto para a Síria é que nós vamos caçar os integrantes do Estado Islâmico e os ativos que eles têm onde quer que estejam. Vou-me reservar o direito de sempre proteger os cidadãos americanos e ir atrás de quem está tentando nos machucar em qualquer lugar.
Mas em termos de controle de território, vamos ter de desenvolver uma oposição sunita moderada que possa controlar o território e com quem podemos negociar. A noção de que os Estados Unidos devem fazer uma ofensiva terrestre, no meu entender, é um erro profundo.
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