terça-feira, 16 de setembro de 2014

Indústria nacional quer ter representantes em embaixadas no exterior


FOLHA

Indústria brasileira propõe montar 'pelotão de ataque' no exterior


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) enviou aos candidatos presidenciais uma proposta para a criação de "adidos de indústria e comércio" nas principais embaixadas do Brasil.

Nesta segunda-feira (15), o ministro Guido Mantega (Fazenda) anunciou que o governo vai estender para toda a indústria a redução, de 34% para 25%, da alíquota de Imposto de Renda sobre lucros no exterior de empresas brasileiras.

Esses adidos, funcionários de carreira do Ministério do Desenvolvimento que seriam deslocados para os postos no exterior, teriam como função abrir mercados e identificar as principais barreiras às exportações de produtos industrializados brasileiros.

"A indústria brasileira enfrenta problemas de competitividade devido à alta tributação, baixa produtividade e pouca inovação, e as barreiras às nossas exportações são cada vez mais sofisticadas", diz Diego Bonomo, gerente executivo de Comércio Exterior da CNI.

Segundo ele, os adidos seriam o primeiro passo de uma estratégia de "ataque" para a indústria brasileira no exterior. "Houve reforma nas medidas de defesa, como antidumping; agora precisamos de reforma nas medidas de ataque, e o adido é a primeira peça disso."

O passo seguinte seria institucionalizar relatórios de barreiras contra produtos brasileiros em cada país e, a partir daí, seria possível o setor privado acionar o governo. Segundo Bonomo, as campanhas ainda não se posicionaram.

A CNI propõe a criação da função de adido inicialmente em oito postos: Bruxelas, Buenos Aires, Caracas, Cidade do México, Genebra, Pequim, Pretória e Washington.

"Hoje em dia, não existe essa função exata, o adido de indústria estaria lá, in loco, reforçando o poder de atuação do Itamaraty."


EXEMPLO AGRÍCOLA
Segundo Bonomo, os adidos agrícolas, cujo cargo foi criado em 2010, são um exemplo dos resultados que podem ser obtidos. Esses funcionários do Ministério da Agricultura lotados em algumas embaixadas ajudaram a conseguir a habilitação de unidades para exportar carne de frango para a China e o acesso ao mercado japonês para carne suína.

"Trata-se de uma solução de baixíssimo custo, porque não cria cargo, só desloca um funcionário de carreira do Mdic para embaixadas."

Os adidos poderiam atuar para identificar e negociar a eliminação de barreiras técnicas, como exigência de certificados que encarecem os produtos brasileiros ou são muito difíceis de cumprir, e apontar para subsídios que distorcem o comércio de manufaturados.

Ele cita como exemplo um projeto de lei tramitando no congresso dos EUA que exige de todos os exportadores de produtos industriais que tenham um agente registrado no país, disponível 24 horas por dia para atender ao cliente -o que encareceria muito o produto brasileiro.

EUA, China, Coreia do Sul e África do Sul possuem adidos de indústria.

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