Blog do Sombra
A
política brasileira está podre. Ela é movida a dinheiro e poder.
“Dinheiro compra poder, e poder é uma ferramenta poderosa para se obter
dinheiro. É disso que se trata as eleições”.
Assustador o dignóstico que o juiz Márlon Reis faz da política
brasileira em seu livro O nobre deputado. Conhecido por ter sido um dos
mais vibrantes articuladores da coleta de assinaturas para o projeto
popular que resultou na Lei da Ficha Limpa, foi o primeiro magistrado a
impor aos candidatos a prefeito e a vereador revelar os nomes dos
financiadores de suas respectivas campanhas antes da data da eleição...
A radiografia do juiz acaba de ser poderosamente confirmada pelas
revelações feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Em resumo, amigo leitor, durante oito anos –de 2004 a 2012 – os
contratos da maior empresa brasileira com grandes empreiteiras eram
usados como fonte de propina para partidos e políticos. Dá para entender
as razões da crise da Petrobras. É pilhagem, saque, puro banditismo.
Atinge em cheio os governos de Dilma e Lula.
O novo escândalo é a ponta do iceberg de algo mais profundo: o sistema
eleitoral brasileiro está bichado e só será reformado se a sociedade
pressionar para valer.
Hoje, teoricamente, as eleições são livres, embora o resultado seja
bastante previsível. Não se elegem os melhores, mas os que têm mais
dinheiro para financiar campanhas sofisticadas e milionárias.
Empresas investem nos candidatos sem qualquer idealismo. É negócio. Espera-se retorno do investimento.
A máquina de fazer dinheiro para perpetuar o poder tem engrenagens bem
conhecidas no mundo político: emendas parlamentares, convênios fajutos e
licitações com cartas marcadas.
Indignação? Desencanto? É óbvio.
O macroescândalo da Petrobras promete. O mensalão vai parecer um berçário.
O Brasil está piorando? Não. Está melhorando. A exposição da chaga é o primeiro passo para a cura do doente.
Ao divulgar as revelações do ex-diretor da Petrobras, a imprensa cumpre
um papel relevante: impede que o escândalo fique na gaveta de uma CPI
do Congresso.
Existem razões para otimismo? Acho que sim. A Lei da Ficha Limpa começa
a dar seus primeiros frutos. Paulo Maluf (PP) e José Roberto Arruda
(PR), entre outros, podem estar fora das próximas eleições.
A promiscuidade entre políticos e empresas parece estar com os dias
contados. O Supremo Tribunal Federal (STF), provavelmente, votará pelo
fim das doações de empresas, na ação movida nesse sentido pela OAB.
A imprensa de qualidade, livre e independente, está aí. Incomodando. Felizmente.
Leia jornais. Informe-se. Acredite no Brasil, não em salvadores da pátria. E vote bem. O caminho é longo. Mas vale a pena.
Carlos Alberto Di Franco, diretor do Depto de Comunicação do Instituto
Internacional de Ciências Sociais – IICS (www.iics.edu.br) é diretor da
Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia
(www.consultoradifranco.com). E-mail: difranco@iics.org.br
Fonte: Por CARLOS ALBERTO DI FRANCO, blog do RICARDO NOBLAT - 16/09/2014 - - 00:07:50
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