Marcia Carmo
“Agora só falam no
Neves”. A frase do taxista Yan, filho de coreanos, no bairro da
Recoleta, resumiu o que os argentinos comentaram aqui em Buenos Aires um
dia depois do primeiro turno das eleições no Brasil.
Buenos Aires, 07 de outubro de 2014
(acima o candidato Aécio Neves e sua esposa após votar domingo no primeiro turno no Brasil)
Da surpresa inicial com o resultado das urnas, eles passaram para a etapa de tentar entender o político que disputará o segundo turno com a presidente Dilma Rousseff, no próximo dia 26.
“Neves pretende rever medidas do Mercosul”, informou a emissora de televisão CN23. “Dilma venceu o primeiro turno mas Neves conquistou mais votos que o esperado”, informou a rádio Mitre.
Neves é ainda uma incógnita para muitos argentinos já que o foco da cobertura jornalística do país vizinhos – e de outros vizinhos – estava voltado para a disputa entre a presidente e Marina Silva. Marina, que viajou muitas vezes para Buenos Aires, vinha sendo apontada como o “maior desafio” de Dilma nas urnas.
Mas agora os argentinos passaram a prestar maior atenção no ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves – chamado aqui pelo sobrenome como corresponde ao mundo hispânico.
Palácio Pereda
Essa atenção por Aécio passou a ser despertada na noite do último debate dos candidatos, na TV Globo. Analistas, diplomatas, políticos e jornalistas assistiram ao debate num telão em um dos salões do Palácio Pereda, sede da embaixada do Brasil aqui em Buenos Aires.
Os comentários foram da surpresa com Aécio à admiração pelo Brasil.
“Estou impressionado com o Aécio Neves. Ele é seguro, articulado e parece ter muito claro como pretende governar”, disse um ex-embaixador da Argentina no Brasil. “Aécio é jovial, muito brasileiro”, disse a executiva de um grupo empresarial argentino. “Achei a Marina com ar cansado e Neves me surpreendeu”, disse a analista Mariel Fornoni, do instituto Management & FIT.
Banco Central
Naquela noite, alguns argentinos riram quando o jornalista e apresentador do Jornal Nacional William Bonner abriu o envelope com a pergunta sobre o Banco Central. Eles riram quase às gargalhadas. E alguém disse: “Esse debate aqui seria impensável”.
O Banco Central da República Argentina (BCRA) está na berlinda no país. Um dia antes daquele debate na Globo o então presidente da autoridade monetária renunciou e seu sucessor é definido como seguidor das determinações do ministro da Economia, Axel Kicillof. No debate, o tema BC foi discutido entre Dilma e Marina que falaram sobre “independência” e “autonomia” da entidade monetária.
O que aqui hoje – seja autonomia ou independência – é vista como algo ‘lejano’ (distante), como afirmam diferentes economistas.
Naquela noite e no dia seguinte às eleições, os argentinos continuavam surpresos e não só com o surgimento do "neto de Tamcredo Neves", como também foi definido pelo taxista e pela imprensa local, na reta final para a cadeira presidencial.
A quantidade de eleitores brasileiros – maior que o triplo da quantidade de quarenta milhões de habitantes da Argentina e, os debates com os candidatos presidenciais – o que aqui não ocorre – foram apontados como “impressionantes” entre nossos vizinhos.
“O Brasil é muito grande”, disse uma jornalista do jornal Clarín especializada em temas econômicos.
“E as reservas do Banco Central? Superam os US$ 300 bilhões”, disse ela admirada. A quantidade de reservas do BC argentino é outro tema diário na imprensa e nas conversas entre executivos e empresários aqui em Buenos Aires. Elas estão em um nível apontado pelos especialistas como "preocupante", de pouco acima de US$ 27 bilhões.
Democracia brasileira
Outros fatos impressionam políticos argentinos - “a igualdade de condições” com dez minutos para cada candidato no horário eleitoral durante as duas semanas de campanha neste segundo turno.
Para analistas, a democracia brasileira, com suas mais de quinhentas mil urnas eletrônicas, debates políticos, campanhas de Norte a Sul do país e até os minutos exatos para que cada presidenciável responda perguntas nas entrevistas são apontadas como “avanços democráticos”.
Aqui, governistas e opositores costumam não se sentar à mesma mesa em tempos de campanha eleitoral.
Lula
E quando o assunto é o Brasil entre os não especialistas em economia, surgem logo três nomes – Lula e Dilma, que são muito conhecidos aqui. E agora o de Neves.
E em seguida, já que falam com interlocutor brasileiro, mostram curiosidade pelo que ocorrerá no Brasil. “Mas quem vai ganhar?”, dizem. E eles mesmos riem dizendo que essa é a pergunta "del millón" (pergunta e respostas milionárias por serem difíceis)
(acima a presidente Dilma logo após os resultados do primeiro turno)
Dilma
Outros seguidores do que acontece no Brasil, como um médico que costuma passar férias no nosso país, disse: “Eu fiz as contas e para Dilma será mais fácil vencer do Neves. O Brasil avançou muito nos últimos anos. Ou será que pode ocorrer outra surpresa?”.
Como se vê, os argentinos, como os brasileiros, também estão curiosos para saber como será o final desta que é a campanha mais disputada desde 1989 no Brasil.
Afinal, além de serem normalmente informados sobre o que ocorre no Brasil e em outros lugares, muitos têm interesse direto neste resultado – o Brasil é o principal sócio comercial da Argentina e o comércio entre os dois está encolhendo em sintonia com o menor crescimento econômico nos dois países.
Buenos Aires, 05 de outubro de 2014
Em grande parte da Argentina, a presidente Dilma Rousseff, do PT, recebeu 949 votos, Aécio Neves, do PSDB, 890 votos, Marina Silva, do PSB, 383 votos. Dilma, Aécio e Marina destacaram-se na campanha eleitoral.
E a expectativa era saber quem disputaria o segundo turno com Dilma. A presidente liderou as pesquisas e a dúvida era saber quem disputaria o segundo turno com ela - se Marina ou Aécio.
Nos últimos dias, Aécio superou Marina, principalmente após o últmo debate eleitoral na quinta-feira, na TV Globo.
Do total de 5.387 eleitores inscritos no Consulado de Buenos Ares, que inclui Buenos Aires e onze províncias, apenas 2.475 eleitores votaram. No total, no país todo, nesse caso incluindo também as províncias de Mendoza e de Córdoba, 6.011 eleitores podem votar na Argentina. Mas nem todos compareceram às urnas.
(acima o candidato Aécio Neves e sua esposa após votar domingo no primeiro turno no Brasil)
Da surpresa inicial com o resultado das urnas, eles passaram para a etapa de tentar entender o político que disputará o segundo turno com a presidente Dilma Rousseff, no próximo dia 26.
“Neves pretende rever medidas do Mercosul”, informou a emissora de televisão CN23. “Dilma venceu o primeiro turno mas Neves conquistou mais votos que o esperado”, informou a rádio Mitre.
Neves é ainda uma incógnita para muitos argentinos já que o foco da cobertura jornalística do país vizinhos – e de outros vizinhos – estava voltado para a disputa entre a presidente e Marina Silva. Marina, que viajou muitas vezes para Buenos Aires, vinha sendo apontada como o “maior desafio” de Dilma nas urnas.
Mas agora os argentinos passaram a prestar maior atenção no ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves – chamado aqui pelo sobrenome como corresponde ao mundo hispânico.
Palácio Pereda
Essa atenção por Aécio passou a ser despertada na noite do último debate dos candidatos, na TV Globo. Analistas, diplomatas, políticos e jornalistas assistiram ao debate num telão em um dos salões do Palácio Pereda, sede da embaixada do Brasil aqui em Buenos Aires.
Os comentários foram da surpresa com Aécio à admiração pelo Brasil.
“Estou impressionado com o Aécio Neves. Ele é seguro, articulado e parece ter muito claro como pretende governar”, disse um ex-embaixador da Argentina no Brasil. “Aécio é jovial, muito brasileiro”, disse a executiva de um grupo empresarial argentino. “Achei a Marina com ar cansado e Neves me surpreendeu”, disse a analista Mariel Fornoni, do instituto Management & FIT.
Banco Central
Naquela noite, alguns argentinos riram quando o jornalista e apresentador do Jornal Nacional William Bonner abriu o envelope com a pergunta sobre o Banco Central. Eles riram quase às gargalhadas. E alguém disse: “Esse debate aqui seria impensável”.
O Banco Central da República Argentina (BCRA) está na berlinda no país. Um dia antes daquele debate na Globo o então presidente da autoridade monetária renunciou e seu sucessor é definido como seguidor das determinações do ministro da Economia, Axel Kicillof. No debate, o tema BC foi discutido entre Dilma e Marina que falaram sobre “independência” e “autonomia” da entidade monetária.
O que aqui hoje – seja autonomia ou independência – é vista como algo ‘lejano’ (distante), como afirmam diferentes economistas.
Naquela noite e no dia seguinte às eleições, os argentinos continuavam surpresos e não só com o surgimento do "neto de Tamcredo Neves", como também foi definido pelo taxista e pela imprensa local, na reta final para a cadeira presidencial.
A quantidade de eleitores brasileiros – maior que o triplo da quantidade de quarenta milhões de habitantes da Argentina e, os debates com os candidatos presidenciais – o que aqui não ocorre – foram apontados como “impressionantes” entre nossos vizinhos.
“O Brasil é muito grande”, disse uma jornalista do jornal Clarín especializada em temas econômicos.
“E as reservas do Banco Central? Superam os US$ 300 bilhões”, disse ela admirada. A quantidade de reservas do BC argentino é outro tema diário na imprensa e nas conversas entre executivos e empresários aqui em Buenos Aires. Elas estão em um nível apontado pelos especialistas como "preocupante", de pouco acima de US$ 27 bilhões.
Democracia brasileira
Outros fatos impressionam políticos argentinos - “a igualdade de condições” com dez minutos para cada candidato no horário eleitoral durante as duas semanas de campanha neste segundo turno.
Para analistas, a democracia brasileira, com suas mais de quinhentas mil urnas eletrônicas, debates políticos, campanhas de Norte a Sul do país e até os minutos exatos para que cada presidenciável responda perguntas nas entrevistas são apontadas como “avanços democráticos”.
Aqui, governistas e opositores costumam não se sentar à mesma mesa em tempos de campanha eleitoral.
Lula
E quando o assunto é o Brasil entre os não especialistas em economia, surgem logo três nomes – Lula e Dilma, que são muito conhecidos aqui. E agora o de Neves.
E em seguida, já que falam com interlocutor brasileiro, mostram curiosidade pelo que ocorrerá no Brasil. “Mas quem vai ganhar?”, dizem. E eles mesmos riem dizendo que essa é a pergunta "del millón" (pergunta e respostas milionárias por serem difíceis)
(acima a presidente Dilma logo após os resultados do primeiro turno)
Dilma
Outros seguidores do que acontece no Brasil, como um médico que costuma passar férias no nosso país, disse: “Eu fiz as contas e para Dilma será mais fácil vencer do Neves. O Brasil avançou muito nos últimos anos. Ou será que pode ocorrer outra surpresa?”.
Como se vê, os argentinos, como os brasileiros, também estão curiosos para saber como será o final desta que é a campanha mais disputada desde 1989 no Brasil.
Afinal, além de serem normalmente informados sobre o que ocorre no Brasil e em outros lugares, muitos têm interesse direto neste resultado – o Brasil é o principal sócio comercial da Argentina e o comércio entre os dois está encolhendo em sintonia com o menor crescimento econômico nos dois países.
Brasil
Como no Brasil, Dilma e Aécio venceram na Argentina
Redação Clarín em Português
Os
dois candidatos disputam o segundo turno, no dia 26 de outubro. Aqui na
Argentina a presença de eleitores brasileiros foi menor que a esperada.
Leia aqui os resultados dos votos dos brasileiros em quase toda a
Argentina.
Em grande parte da Argentina, a presidente Dilma Rousseff, do PT, recebeu 949 votos, Aécio Neves, do PSDB, 890 votos, Marina Silva, do PSB, 383 votos. Dilma, Aécio e Marina destacaram-se na campanha eleitoral.
E a expectativa era saber quem disputaria o segundo turno com Dilma. A presidente liderou as pesquisas e a dúvida era saber quem disputaria o segundo turno com ela - se Marina ou Aécio.
Nos últimos dias, Aécio superou Marina, principalmente após o últmo debate eleitoral na quinta-feira, na TV Globo.
Do total de 5.387 eleitores inscritos no Consulado de Buenos Ares, que inclui Buenos Aires e onze províncias, apenas 2.475 eleitores votaram. No total, no país todo, nesse caso incluindo também as províncias de Mendoza e de Córdoba, 6.011 eleitores podem votar na Argentina. Mas nem todos compareceram às urnas.
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