Em apenas um mês, foram sete casos. Situação ocorre há dois anos
carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br
“Não são bichos que estão aqui. São seres humanos”. O desabafo é da mãe uma aluna do Centro de Ensino Fundamental Ponte Alta, no Gama. Há pelo menos dois anos, a água da escola está contaminada com coliformes fecais, segundo laudo da Vigilância Sanitária do DF. Quando abrem os bebedouros, os estudantes dão de cara com um líquido marrom, que mais parece barro. Só em agosto, sete crianças passaram mal depois de beber a água, afirma o diretor da unidade.
“A gente pede para eles trazerem água de suas casas para não precisar consumir a daqui. O problema é que a água das garrafas acaba. Aí, os meninos que bebem começam a apresentar vômito, dor de barriga. É um descaso total”, reclama o diretor da instituição de ensino, Welch de Paiva.
Filtros
De acordo com Welch, a Secretaria de Educação teria mandado instalar filtros na rede de abastecimento de água da escola. O problema, no entanto, é que as velas dos aparelhos já estão sujas. “Elas estão puro barro. Não adianta. Imagino que tenha que colocar tudo novo”, afirma.
O diretor da escola denuncia a falta de medidas eficazes para solucionar a questão e dar fim aos transtornos enfrentados pelos estudantes. “Aí, vem o papel da Caesb, que não fez nada até agora. A gente deveria estar sendo atendido pelo programa Saneamento Rural nas Escolas do DF. Eles deveriam instalar o clorador, equipamento usado para filtrar e limpar, mas não fizeram isso. Não sei o que está acontecendo”, lamenta o diretor.
Regional de ensino teria sido avisada
No dia 18 de setembro, a escola enviou um ofício à Regional de
Ensino do Gama, alertando para o problema: “Recebemos, no dia 3/09, a
visita do Núcleo de Vigilância da Qualidade de água, que informou não
adiantar limpar somente a caixa de água e colocar filtros, mas sim
tratar a água, tubulações e paredes do poço artesiano com cloração”.
Até o fechamento desta edição, a Regional de Ensino não atendeu aos
telefonemas do JBr..A Caesb alegou que “a escola é quem deve tratar a
água, já que não está incluída no programa de Saneamento Rural das
Escolas do DF”. Mesmo assim, o órgão disse que “está empenhado em ajudar
a unidade, só que isso demanda pelo menos dois meses e meio”.
A Secretaria de Educação explicou que desde o dia 1º deste mês,
abastece a escola com caminhão pipa com água potável. O órgão afirmou
que “tem, em parceria com a Caesb, o programa Saneamento Rural nas
Escolas do DF”. Porém, a pasta não deixa claro se a unidade está
incluída no projeto.
Saúde de alunos em risco
A empregada doméstica Bárbara Guimarães, 38 anos, relata que a
filha de 14 anos, que cursa a 8ª série na escola, teria sofrido na
pele as consequências da contaminação da água. “Há uma semana, minha
filha passou muito mal. Ela chegou em casa vomitando, com dor de barriga
e dor de cabeça. No mesmo dia, ela tinha bebido a água daqui (escola)”,
afirma a mulher.
Na opinião da mãe da jovem, a solução seria “tirar a caixa d’água
antiga e colocar uma nova. Até animal tem direito à água potável. Mas,
as crianças daqui não estão tendo”.
A aluna C., também de 14 anos, conta que chegou a ficar internada
por conta das dores na barriga e do vômito. “É um absurdo. Eu fiquei
muito mal mesmo. Muita, muita dor na barriga. Mas como é que a gente
não vai beber água nessa seca? Dá sede, a gente bebe mesmo”, declara.
Saiba mais
Além da água contaminada,
os 300 alunos do Centro de Ensino Fundamental Ponte Alta ainda
enfrentam salas de aula lotadas. Segundo o diretor da unidade, no
horário da manhã, que concentra mais estudantes, faltam classes
destinadas aos alunos especiais.
“Só aumenta o número de condomínios aqui na região. Ou seja, mais
crianças na escola. E o governo não fez mais salas de aula. Temos uma
menina com ossos de vidro aqui. Outro que tem câncer. São alunos que
precisam de atenção especial, de uma sala só para eles”, desabafa o
responsável pela escola.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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