Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Em declarações na noite de domingo, Marina deu sinais de que está aberta a apoiar Aécio Neves (PSDB) desde que haja acordo em torno de pontos programáticos. A ex-senadora, no entanto, afirmou que a decisão será tomada por PSB e Rede. Marina deve esperar os posicionamentos das organizações e também fará consultas a aliados mais próximos.
O PSB deverá definir sua posição na próxima quarta-feira (8), quando a executiva nacional do partido fará uma reunião em Brasília. Já a cúpula da Rede deve se reunir na noite desta terça-feira (7). As duas organizações prometem uma definição até o final da semana.
Lideranças do PSDB, entre elas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, já procuraram a campanha de Marina para convencê-la a apoiar Aécio. Enquanto isso, alguns integrantes da Executiva Nacional do PSB já defendem publicamente o apoio ao tucano.
O PSB esteve na base de sustentação do governo desde que Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito, em 2002, até setembro de 2013, quando a sigla desembarcou do governo Dilma Rousseff (PT) e decidiu lançar a candidatura de Eduardo Campos à Presidência. Desde então, os dois partidos foram progressivamente se afastando. Neste período, o PSB manteve ou reforçou as alianças regionais com os tucanos, como em São Paulo, onde Márcio França foi eleito vice-governador na chapa com Geraldo Alckmin.
Por outro lado, os socialistas mantiveram unidade com o PT em alguns Estados, como Paraíba e Amapá. Em ambos os Estados, os governadores são do PSB e concorrem à reeleição com apoio do PT.
Além disso, lideranças históricas do partido, como o presidente Roberto Amaral, que foi ministro de Lula, e Luiza Erundina, são contrários a apoiar Aécio e defendem a neutralidade com o argumento de que esta é a única saída para manter o partido unido.
Declarar apoio a Dilma, no entanto, está praticamente descartado. Lideranças do PSB se dizem revoltadas com o PT em função dos duros ataques feitos a Marina durante a campanha.
Já entre a Rede e os aliados mais próximos de Marina, a tendência majoritária é apoiar Aécio. Além da mágoa com os ataques da campanha de Dilma, argumentam que a sociedade brasileira deseja mudança. Os integrantes da organização, entretanto, ressaltam que é importante buscar acordos programáticos.
O que PSB, Marina e aliados pensam do 2º turno
- Marina SilvaQuestionada sobre quem irá apoiar, afirmou que o Brasil 'sinalizou claramente que não concorda com o que aí está'. Sobre a tendência à neutralidade, como fez em 2010, deu a entender que tomará posição: 'Minha postura, quando não foi feito o registro da Rede, de não me recolher a uma anticandidatura, pode ser uma tendência'. O apoio está condicionado a concessões no programa de governo do tucano.
- Beto Albuquerque (PSB), deputado e vice de MarinaFez duras críticas ao que chamou de 'boatos e calúnias' da campanha de Dilma e disse que teria 'muita dificuldade' de votar na presidente. No Rio Grande do Sul, faz campanha por José Ivo Sartori (PMDB), que disputa o segundo turno com Tarso Genro (PT). Por estas razões, deve defender apoio a Aécio.
- Márcio França (PSB), vice-governador eleito de São PauloEleito vice-governador de Alckmin e presidente estadual do PSB, defende apoio a Aécio. Em São Paulo, o PSB é aliado histórico dos tucanos.
- Júlio Delgado, deputado e presidente do PSB-MGAmigo pessoal de Aécio, deve defender o apoio ao tucano. O PSB de Minas Gerais é tradicional aliado dos tucanos. Tanto que o Márcio Lacerda (PSB), prefeito de Belo Horizonte, declarou voto em Aécio, e não em Marina, nestas eleições.
- Roberto Amaral, presidente nacional do PSBFundador e presidente nacional do PSB, é próximo do PT e foi ministro de Ciência e Tecnologia de Lula. Pessoalmente defenderia apoio a Dilma, mas, diante da resistência dos correligionários, deve propor a neutralidade com o argumento de que o partido precisa manter-se unido.
- Luiza Erundina, deputada federal (PSB-SP)Socialista convicta e ex-integrante do PT, não concorda com o apoio a Aécio. A exemplo de Amaral, deve propor a neutralidade. Foi coordenadora da campanha de Marina
- Camilo Capiberibe (PSB), governador do Amapá, candidato à reeleiçãoAntigo aliado do PT, deve defender apoio a Dilma ou neutralidade. Capiberibe disputa o segundo turno no Amapá contra Waldez Goéz. O PT é um dos partidos que está em sua coligação
- Ricardo Coutinho (PSB), governador da Paraíba, candidato à reeleiçãoConcorre à reeleição contra o tucano Cássio Cunha Lima e tem o apoio do PT. Por estas razões, deve defender apoio a Dilma ou neutralidade.
- Walter Feldman, deputado federal e coordenador-geral da campanha de MarinaEx-tucano e integrante da Rede, o braço-direito de Marina afirma que o desejo da sociedade é por mudança. Defende apoio a Aécio, mas exige contrapartidas no programa de governo
- Neca Setúbal, coordenadora do programa de MarinaHerdeira do Banco Itaú, defende apoio em Aécio com o argumento de que a sociedade quer mudança e que as oposições precisam se unir.
- Pedro Ivo Batista, dirigente da Rede e assessor de MarinaEx-militante do PT, mantém boa interlocução com o antigo partido. Deve defender a neutralidade
- Eduardo Gianetti, economistaResponsável pelo programa econômico de Marina, declarou-se publicamente a favor do apoio a Aécio
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