quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Votos de Marina Silva podem definir eleição brasileira -El Clarin

Clarin

Buenos Aires, 08.10.14 Horário do dia: 10:34

Brasil

Votos de Marina Silva podem definir eleição brasileira


Eleonora Gosman, correspondente no Brasil 

Marina Silva, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, pode ser o fiel da balança da batalha eleitoral no Brasil.  Ela já sinalizou que apoiará Aécio Neves, mas quer mudanças no programa de governo do candidato.

Buenos Aires, 07 de outubro de 2014




 Em um gesto salomônico, a ex-candidata à Presidência telefonou para cumprimentar os dois presidenciáveis: Dilma Rousseff e Aécio Neves.

O gesto da ex-ministra de Meio Ambiente, mais do que oferecer um parabéns formal, deixou claro que ela ainda não resolveu, explicitamente, por quem baterá o martelo.

Se pelo PT, seu antigo partido, ou pelo PSDB, o partido de Aécio Neves, que tenta chegar ao poder.


Os assessores “marinista” é o mais variado.


Inclui ex-militantes do partido de Aécio, o PSDB, mas também um amplo leque de socialistas, entre os quais se destaca o presidente do PSB, Roberto Amaral.


A julgar pelo passado imediato desse homem, que foi ministro de Ciência e Tecnologia no primeiro governo de Lula, pode-se pensar que ele buscará “naturalmente” voltar à aliança da qual saiu o falecido Eduardo Campos, que resolveu se apresentar como candidato independente na eleição presidencial de 2014.


O socialismo sempre fez parte da coalizão governista liderada por Lula e agora por Dilma e o mais provável é que ele opte por retornar, após negociações.

E Marina?

Quanto a Marina, ela provavelmente sairá para um lado ou para o outro dependendo das circunstâncias. De acordo com sua própria definição, “dependerá dos acordos programáticos”.


O PSDB se apressou a entrar em contato com ela. Segundo fontes, no próprio domingo, logo após a votação, seus dirigentes estabeleceram pontes com os assessores de Marina Silva.


Eles estão “dispostos” a ceder inclusive no terreno da sustentabilidade, o refúgio ideológico que resta à ex-ministra de Meio Ambiente. Mas os aliados de Dilma também se movimentaram.

Lula

O político mais relevante é sem dúvida alguma o ex-presidente Lula. Sua função será realizar as negociações fundamentais e não só para atrair aqueles que ficaram fora da corrida eleitoral.


Seu papel é mais transcendente: ele garante, em última instância, que haverá uma “renovação” em um eventual futuro governo de Dilma.

Economia

Não foi em vão que já se falou de uma mudança do ministro da Fazenda, um lugar-chave que recairá em um membro da elite empresarial, preferentemente paulistana. Essas gestões do ex-presidente são chave para evitar as jogadas do “mercado”.


Foi graças a uma “neutralidade” do setor financeiro que Lula conseguiu ganhar as eleições no segundo turno em 2006. Isso o imunizou contra as temerárias denúncias apresentadas pela oposição sobre um esquema de corrupção chamado “mensalão”.


Esse processo, que estourou em 2005, se referia ao pagamento de uma mensalidade a legisladores da base governista em troca de fidelidade ao governo.


Aécio Neves já disse que continuará com a mesma tática da primeira parte da campanha eleitoral.


Nos próximos dias, antes de chegar ao segundo turno, ele irá bater na tecla da anticorrupção, embora seja impossível saber qual será o impacto dessa estratégia. Em 2006 não deu resultado para o PT.


Depois do “mensalão”, Lula conseguiu se reeleger. Dilma pode repetir a façanha.

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