Em sua coluna
de hoje, Roberto DaMatta ataca a arrogância petista de rejeitar todas
as conquistas anteriores e tratar o Brasil como um país recém-descoberto
e liberto pelo PT. O antropólogo reconhece que esta é a postura típica
dos radicais e fanáticos, aqueles que se negam a enxergar o mundo como
um processo contínuo, preferindo a visão de um messias salvador. Diz
ele:
Aécio
Neves, com sua tranquilidade, batalhou, enfrentou e virou o jogo. Foi o
único que, no famoso debate da Globo, falou que todos os candidatos a
presidente e, por implicação, a qualquer cargo eletivo — cargos que
implicam não em grana e poder, mas em servir ao Brasil — se somavam.
Todos os presidenciáveis, disse ele, continuavam projetos e planos que
foram inventados e instituídos por seus antecessores. O único partido
que negou isso foi o PT, que realizou sistematicamente o discurso
lulista do “nunca antes neste país” — exceto com ele e com o PT e que,
no governo Dilma, usa o onipotente “nós” como a chave em todos os seus
confusos discursos. O lulopetismo está convencido (como ocorre com todo
radical) que o Brasil e o mundo começam com eles. Aécio foi o único que
falou numa continuidade de projetos como os de distribuição de renda
que, em vez de separar, juntam posições do PT com as do governo de PSDB.
De fato, Aécio cobrou de Dilma o tempo
todo mais humildade, alegando que ela deveria reconhecer os méritos de
FHC e que não fazê-lo era muito feio. O tucano também não teve problema
em reconhecer alguns “acertos” do PT, em sua opinião, como o próprio
Bolsa Família.
O programa precisa de ajustes, como uma
porta de saída mais clara e sua transformação em política de estado,
justamente para impedir seu uso eleitoral. Mas Aécio não precisa vender
uma ideia de que o país começará do zero com ele, o que seria patético –
e a cara do PT. É o que se espera de quem pretende ser um estadista e
governar para todos os brasileiros.
Já o PT, como lembra DaMatta, prefere o
tom messiânico e personalista, que carrega no viés autoritário. É típico
dos regimes fascistas, com culto à personalidade e mensagem
escatológica. Diz o autor:
Cabe
finalizar que, com essas eleições, iremos controlar os personalismos
lulistas de índole malandra e neofascista. Todos os resultados pedem
mais honestidade e seriedade com o governo da coisa pública. Tenho a
esperança de liquidar com esses donos espúrios de um Brasil que é de
todos nós. Esse é o pleito que nocauteou a onipotência e, com ela, a
demagogia, a roubalheira, o aparelhamento do estado pelo governo, a
corrupção deslavada, os dois pesos duas medidas no plano jurídico e
econômico e, por último, mas não por fim, a autoridade absoluta de um
partido cujo objetivo era muito mais o de trabalhar para um projeto de
poder do que para o poder do Brasil.
São palavras duras, mas totalmente verídicas. O jornalista Elio Gaspari, em sua coluna, fala que o segundo turno será um plebiscito: de um lado o “Mais PT”, do outro o “Chega de PT”. Em parte, será isso mesmo.
Quem deseja continuar com esse modelo
arrogante, personalista, autoritário e corrupto, deve votar em Dilma.
Mas quem cansou disso tudo e deseja mudança, mais democracia, mais
liberdade e mais prosperidade, tem que votar em Aécio Neves.
Um lado se julga onipotente e segregou o
Brasil em dois grupos; o outro pretende superar essa fase e criar um
modelo de gestão para todos os brasileiros, com mais humildade em uma
grande sociedade aberta. Com a palavra, o eleitor.
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