07/10/2014
às 5:54Aécio venceu Dilma em 565 de 645 cidades. Nunca antes antes na história “destepaiz”!
Vamos
reescrever Caetano Veloso para deixá-lo irritadinho. São Paulo vê e não
vê quem desce ou sobe a rampa, aquela lá, do Planalto Central do
Brasil. Como não depende muito da boa vontade de estranhos, não cede com
facilidade à chantagem. Não é bolinho, não! O Estado tem 645
municípios: o governador Geraldo Alckmin venceu a disputa para o governo
em, atenção!, 644! Só Hortolândia ficou de fora. Mas por muito pouco:
35.809 votos para Alexandre Padilha contra 32.354 para o tucano.
Hortolândia é uma das 67 cidades administradas no Estado pelo PT.
Alckmin ganhou em 66.
Mas não
foi só isso.
O presidenciável tucano Aécio Neves venceu a petista Dilma
Rousseff em 565 dos 645 municípios — um total de 88%. Isso significa que
tanto o presidenciável como o governador bateram o partido na cidade de
Guarulhos, administrada pelo PT há 14 anos; na mitológica São Bernardo
de Lula, que está na segunda gestão petista, de Luiz Marinho, o
coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, e na Osasco do presidente
do PT paulista, Emídio de Souza.
Na Folha
de S.Paulo, leio a seguinte explicação dada Joao Paulo Rillo, líder do
PT na Assembleia: “Não temos conseguido fazer o debate com o eleitor
paulista sobre os avanços dos governos do PT. O antipetismo se relevou
muito forte”. Mas espere aí: esse antipetismo, então, deve ter um
motivo, não é mesmo?
Acho
impressionante que os petistas tenham tentando, no Estado, faturar com a
crise da água, faturar com a crise dos transportes, faturar com a greve
do metrô — ocorrências, enfim, que criam dificuldades para a vida dos
paulistas — e achem estranho que a população tenha rejeitado a sua
abordagem. Mais: indivíduos — e estamos falando da larga maioria — que
não dependem da boa vontade do poder público para garantir o próprio
sustento e que não estão oprimidos pela pobreza ou pela miséria tendem a
rejeitar essa espécie de tutoria que o partido busca exercer sobre suas
vidas.
E, de
resto, há a experiência propriamente com o jeito petista de fazer as
coisas. O partido acreditar que o morador da cidade de São Paulo — o
paulistano — caminha para aplaudir a gestão de Fernando Haddad, o
maníaco da bicicleta, chega a ser um sinal de alienação da realidade.
Não é que
São Paulo seja congenitamente antipetista, senhor Rillo. É que o petismo
acaba sendo congenitamente antipaulista porque gosta de exercer a
tutela sobre os cidadãos. E o lema do brasão da cidade de São Paulo
expressa não só o espírito paulistano, mas também o paulista: “Non
ducor, duco”. Não sou conduzido, conduzo.
Se o PT não entender isso, na próxima eleição, não vai perder por 644 a 1, mas por 645 a zero.
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