FOLHA DE São Paulo
O delegado Procópio Silveira Neto, da Deic (Diretoria Estadual de Investigações Criminais) de Santa Catarina, informou nesta quinta-feira (2) que a ordem para a onda atual de ataques a coletivos e instalações da segurança pública que atinge o Estado partiu de presos catarinenses que cumprem pena na penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Os presos foram transferidos à unidade no ano passado, durante a segunda onda de violência urbana em Santa Catarina.
A maioria deles, segundo a Polícia Civil, integra o PGC (Primeiro Grupo Catarinense), facção responsável pelos atentados de 2013 e 2012, quando a PM registrou 182 ocorrências em 54 cidades.
Neste ano, desde sexta-feira (26) a Polícia Militar registrou 52 ocorrências em 21 cidades do Estado, a maioria contra ônibus e instalações da segurança pública.
Os ataques resultaram em três mortes –um agente penitenciário aposentado e dois suspeitos, em confronto com a polícia, segundo a PM.
De acordo com o delegado Silveira Neto, responsável pelo inquérito que investiga os ataques deste ano, a ordem dos presos em Mossoró chegou a comparsas detidos na penitenciária de São Pedro de Alcântara (a 30 km de Florianópolis), de onde foi repassada a criminosos em liberdade por meio de áudio gravado em celular.
"A logística foi essa: a ordem partiu de Mossoró, chegou a São Pedro de Alcântara e foi redistribuída. Como isso aconteceu em cada etapa foi apurado no processo e não vem ao caso falar sobre isso agora", disse o policial à Folha.
Em nota divulgada nesta noite, o Ministério da Justiça afirmou que nenhum celular foi apreendido em penitenciárias federais e que "não há qualquer indício de contato direto entre os presos transferidos e os presos ou lideranças de organizações em Santa Catarina".
Guto Kuerte/Agência RBS/Folhapress | ||
Novos ataques foram registrados em Santa Catarina nesta semana |
GRAVAÇÃO
Na gravação, segundo o delegado, consta um pedido para os "irmãos em liberdade" se esforçarem na venda de drogas para levantar dinheiro para pagar advogados "aos irmãos presos em Mossoró".
No áudio, ainda segundo Silveira Neto, consta também denúncias de maus tratos contra presos de São Pedro de Alcântara e Criciúma, no sul de SC, além de pedido de material de higiene e roupas.
O diretor do Departamento de Administração Prisional do Estado, Leandro Lima, negou que haja casos de agressão nas cadeias de Santa Catarina.
Lima disse que o sistema prisional catarinense, com 17 mil presos em 48 unidades, "vive um momento ascendente", com contratação de agentes, melhoria das instalações e detentos trabalhando e estudando.
Segundo o diretor, o sistema prisional do Estado "foi o mais auditado do país" depois dos ataques de 2012 e 2013 e todos os pontos problemáticos foram aprimorados.
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