sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A maluquice (ou esperteza?) de Cristina Kirchner


ARGENTINA-cristina-kirchner-20110804-reuters-G
Antes de mais nada, deixemos algo bem claro. Cristina Kirchner não rasga dinheiro. Se você colocar diante dela um fio de alta tensão desencapado, ela não segurará. Mesmo assim, a oposição argentina diz que a presidente atual é “delirante”, conforme matéria da Veja:
Políticos de oposição na Argentina reagiram ao discurso confuso e paranoico da presidente Cristina Kirchner proferido na noite de terça-feira. Ela afirmou, entre outros absurdos, que os Estados Unidos podem estar por trás de um complô para derrubá-la ou até mesmo matá-la. Mais sensatos, os opositores dizem que a mandatária “perdeu a noção da realidade”.
“Como ela não aguenta a realidade, com desemprego, inflação galopante, dólar nas alturas, ela resolve falar que não é mais o EI que quer matá-la, mas os EUA”, disse Elisa Carrió, pré-candidata presidencial da coalizão oposicionista Unen, em declaração reproduzida pelo jornalThe Guardian.

A deputada Laura Alonso, da Unión PRO, disse que a presidente “entrou numa fase delirante, o que é grave em termos políticos e institucionais”. Acrescentou que, nesse ritmo, o delírio de Cristina pode chegar ao de Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela que também aponta para o inimigo externo, os Estados Unidos, em uma tentativa de desviar o foco dos problemas internos.

Os opositores relacionaram a fala da presidente aos embates da Argentina com Justiça americana sobre o não pagamento da dívida. As divergências sobre os chamados ‘fundos abutres’ levou o governo argentino a ficar perto de expulsar o embaixador americano Kevin Sullivan depois de ele dizer a um jornal local que era importante para a Argentina resolver o default.

No discurso de ontem, que foi transmitido em rede nacional, Cristina disse: “Se algo acontecer comigo, não olhem para o Oriente Médio, olhem para o norte”, relacionando ao suposto complô banqueiros e empresários que contam com ajuda externa. 

Em outro momento, provocou ao dizer que “talvez decidam prendê-la da próxima vez que for a Nova York”. Antes do discurso, ela havia afirmado que recebeu ameaças dos terroristas do Estado Islâmico devido à sua amizade com o papa Francisco. Depois do discurso, a hashtag ‘se algo me acontecer’ passou a ser usada por argentinos nas redes sociais como fonte de piadas.
Se a oposição diz que Cristina mergulhou em fase delirante, podemos até concordar se o foco é fazer uma asserção satírica, com fins políticos. Ou seja, o lançamento do frame “delirante” por cima da presidente argentina.

Mas a verdade é que ela é muito lúcida em seu objetivo: saquear o estado em benefício de sua manutenção no poder. Uma técnica pela qual eles fazem isso (principalmente quando controlam a mídia) é dizer que “a culpa é dos Estados Unidos”.

Quer dizer, a definição de um bode expiatório para bolivarianos não é um delírio, mas uma estratégia para ganhar mais tempo de vampirismo estatal.

Nenhum comentário: