O estatuto faz parte de um projeto em análise
por uma comissão especial da Câmara dos Deputados, e entre suas
polêmicas está a definição de família como o núcleo formado a partir da
união entre homem e mulher
Agência Câmara -
Publicação:28/11/2014 13:58
Correio Braziliense
O
relator do projeto de lei do Estatuto da Família (PL 6583/13),
deputado federal Ronaldo Fonseca (Pros-DF), manteve a definição de
família da proposta original como o núcleo formado a partir da união
entre homem e mulher, por meio de casamento ou união estável, ou
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. Ele
inseriu no texto outro dispositivo polêmico, estabelecendo como
requisito para a adoção que os adotantes sejam casados civilmente ou
mantenham união estável, constituída nos termos do artigo 226 da
Constituição.
Como
a lei reconhece explicitamente apenas a união estável entre o homem e a
mulher como entidade familiar, na prática, o substitutivo do deputado –
que foi apresentado na comissão especial criada para analisar o
Estatuto da Família – proíbe a adoção de crianças por casais
homoafetivos. Hoje, embora a adoção de crianças por esses casais não
esteja prevista na legislação, ela tem sido garantida pela justiça. "O
projeto é simplesmente uma extensão da Constituição Federal, o artigo
226, que define o conceito de família no Brasil. Eu não tenho como
discordar da Carta Magna. Eu não posso mudar a Constituição por meio de
um projeto de lei ordinário. Teria que ser uma PEC", diz Ronaldo
Fonseca.
O deputado Jean Wyllys (PSol-RJ), por sua vez, destaca que o Estatuto da Família contraria a decisão do Supremo Tribunal Federal que, em 2011, reconheceu como entidade familiar a união estável homoafetiva, ou seja, aquela formada por pessoas do mesmo sexo. Além disso, o deputado acredita que o estatuto viola princípios constitucionais, ao institucionalizar a discriminação.
O deputado federal Jean Wyllys
reclama da comissão especial que avalia o Estatuto da Família, pois ela
é composta majoritariamente por deputados evangélicos
O deputado Jean Wyllys (PSol-RJ), por sua vez, destaca que o Estatuto da Família contraria a decisão do Supremo Tribunal Federal que, em 2011, reconheceu como entidade familiar a união estável homoafetiva, ou seja, aquela formada por pessoas do mesmo sexo. Além disso, o deputado acredita que o estatuto viola princípios constitucionais, ao institucionalizar a discriminação.
Para ele, o
estatuto tenta impor um modelo familiar único, não respeitando a
diversidade de arranjos familiares existentes hoje na sociedade
brasileira: "A estrutura familiar na sociedade brasileira hoje é
bastante plural. Nós temos famílias monoparentais, chefiadas só por
mulheres; monoparentais, chefiadas só por homens. Nós temos novas
estruturas que nasceram do divórcio, e essas famílias que nasceram do
divórcio partilham filhos dos antigos casamentos. Enfim, os arranjos
familiares são muitos", explica Wyllys.
O deputado integra a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos e disse que a comissão especial que analisa a matéria de forma terminativa é composta majoritariamente por deputados evangélicos, que devem votar favoravelmente à matéria. Segundo ele, se não for possível barrar a tramitação do projeto na Câmara, a frente vai atuar no Senado para impedir a aprovação da proposta.
O deputado integra a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos e disse que a comissão especial que analisa a matéria de forma terminativa é composta majoritariamente por deputados evangélicos, que devem votar favoravelmente à matéria. Segundo ele, se não for possível barrar a tramitação do projeto na Câmara, a frente vai atuar no Senado para impedir a aprovação da proposta.
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