domingo, 30 de novembro de 2014
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Especialistas em combate à lavagem de dinheiro têm uma
diretriz básica para se obter sucesso na prevenção e repressão a este crime
muito comum no mundo globalitário. A dica simples é: "Siga o dinheiro e
pegue os ladrões". O complexo é perseguir os caminhos da grana, geralmente
obtida em negociações corruptas entre grandes empresas e o poder público.
Atualmente, os mesmos experts no assunto indicam o lugar onde tal investigação
fica mais complicada: as Ilhas Seychelles. Follow the Money...
Trata-se de uma república presidencialista cuja capital é
Victória, um paraíso fiscal situado no continente africano, mais precisamente
no Oceano Índico Ocidental. Lá estaria o mapa da mina da Lava Jato, do Mensalão
e de outros megaescândalos ainda nem revelados. Uma grande dica de investigação
é saber que jatinhos, que passageiros ilustres ou seus laranjas passaram pelo
moderno aeroporto internacional de Mahé.
No começo de junho deste ano, o Alerta Total revelou que
pelo menos 170 milhões de Euros pertencentes à família de um próspero político
brasileiro foram movimentados de bancos na Europa para contas no duplo paraíso
fiscal e estético das Ilhas Seychelles. Apelidada de “Filho de Peixe”, a
operação confidenciada pela “turma do dólar cabo” foi alvo da lupa de
investigadores dos EUA. A corrupta família brasileira centraliza seus depósitos
bancários no Panamá. No entanto, faz a grana circular entre a França, a Itália,
Seychelles e o Brasil.
A enorme transferência de euros foi feita em favor do
esquema brasileiro, na semana passada, foi interpretada como uma manobra
defensiva. O grupo político que faz a movimentação atípica de moeda estrangeira
tem a certeza de que será alvo, em breve, de ações da Polícia Federal, sofrendo
denúncias posteriores do Ministério Público e da Justiça Federal. A blindagem
está quase no fim. Falta um tantinho para a casa cair...
A família do fenômeno empresarial e seus parceiros de
negócios vêm chamando a atenção não só de investigadores tributários e
policiais, mas também dos grupos que atuam no mercado paralelo de dólar – alvo da
Lava Jato. O grupo faz bruscas operações de mudança do controle de ações de
empresas dos setores de alimentação e telecomunicações. Também faz muitos
negócios na compra de diamantes africanos. Por aqui, investe em imóveis - uma
burrada, facilmente identificável - e em construção civil.
No mercado acionário, existem evidências de que “laranjas”
são escalados para substituir os reais detentores das ações. O objetivo da
manobra é preservar a fortuna e não comprometer o santo nome da família do
empresário, caso estoure alguma bronca policial ou judicial - há muito tempo
esperada, porém nunca efetivada. Especialistas na área de dólar cabo avaliam
que a ação defensiva dessa máfia não conseguiu enganar os investigadores da
Operação Lava Jato. Já foi desvendado onde se encontra o elo mais frágil da
corrente que movimenta o sistema que lavou mais de R$ 10 bilhões em dinheiro
público ilegalmente desviado.
O grupo mafioso tupiniquim caiu na malha fina de
monitoramento da Drug Enforcement Administration – a agência anti-drogas do
Departamento de Justiça dos EUA. No cruzamento de informações, ficou clara que
uma das práticas comuns da super lavanderia de dinheiro é o financiamento ao
tráfico de drogas – dando um destino supostamente de investimentos em moeda
estrangeira ou ações da grana disponibilizada pelas máfias colombianas e
mexicanas.
No meio dos negócios que parecem lícitos ou
"investimento direto estrangeiro", a verba dos traficantes se mistura
com o dinheiro público roubado no Brasil. Os cambistas que fazem isto estão
manjados. O que ficou como uma evidência no escândalo do Mensalão se
materializou na Operação Lava Jato – que ainda tem muitos fatos graves a
investigar e, se possível, divulgar, até a prisão dos verdadeiros peixes
grandes. O grosso da picaretagem está mapeada. Só falta fisgar os tubarões ou
outros grandes moluscos menos votados.
O Petrolão é mais em cima...
A turma de investigadores da Lava Jato ainda tem uma
missão muito dura que poderia ser facilitada pela CPI da Petrobras, se os
parlamentares quisessem, realmente, fazer um trabalho sério. Quem deveria ser
chamado a dar explicações sobre tudo que acontece por lá é o presidente do
BNDES, Luciano Coutinho, que é o atual responsável pelo Comitê de Auditoria da
Petrobras. Também seria bom questionar possíveis deficiências da chamada
Auditoria SOX feita pela KPMG, entre os anos de 2005 a 2011.
Investidores da Petrobras também sugerem que a CPI
convoque o diretor de Finanças da companhia, que também responde pela área de
relação com os investidores. O ultrablindado Almir Guilherme Barbassa tem mais
poder que o presidente executivo da empresa. Está no cargo desde 2005. Ele
poderia detalhar as atividades da PFICo (Petrobras Finance International
Company), entre 2005 e 16 de dezembro de 2013, quando a empresa foi incorporada
apressadamente pela Petrobras, junto com a RNEST (Refinaria Abreu e Lima) e o
Comperj (Complexo Petroquímico de Itaboraí) - todas citadas nos escândalos da
Lava Jato.
A CPI deveria observar um detalhe que passou despercebido
de muita gente no mercado. Tais incorporadas foram avaliadas pelo seu valor
contábil. Investidores denunciam a evidência de que isso inclua propinas,
superfaturamentos e outras irregularidades menos votadas. Tais operações
contaram com a anuência da PwC (PriceWaterhouseCoopers) - empresa que responde
pela auditoria externa da Petrobras. Tudo comandado pelo Barbassa, que
pessoalmente presidiu a Assembleia Geral Extraordinária de 16 de dezembro de
2013. Na reunião, foram registrados os protestos contrários do investidor
Romano Allegro, e dos representantes dos acionistas minoritários Mauro Cunha e,
dos empregados da empresa, Sílvio Sinedino.
A CPI também deveria pedir explicações aos diretores da
Petrobras sobre os negócios da Petrobras Global Finance B. V. – uma caixa preta
sediada em Rotterdam, na Holanda, e da pouco conhecida coligada da Petrobras,
situada em um paraíso fiscal: a Cayman Cabiúnas Investment Co. Uma questão que
precisa ser indagada ao Almir Barbassa, pelos parlamentares, é: como acontece a
rolagem diária das dívidas da Petrobras com grandes bancos internacionais? Quem
leva comissões (de praxe, e legais) sobre tais operações milionárias? Onde,
como e a quem tal pagamento é feito?
Quem tiver coragem e capacidade de seguir o dinheiro vai
pescar muito mais que supostos ladrões...
CVM na berlinda
A Comissão de Valores Mobiliários também pode ser
questionada pela CPI da Petrobras.
A CVM deveria explicar, oficialmente, por que não agiu, de
forma diligente e rápida, em relação aos vários pedidos de investigação feitos
pelo investidor minoritário Romano Alegro, desde 2005, questionando várias
operações supostamente lesivas aos acionistas da petrolífera.
O Ministério Público Federal, no desdobramento dos
processos da Lava Jato, tem tudo para incluir a CVM como co-ré por não ter cumprido
efetivamente seu papel de fiscal do mercado de capitais no Brasil.
A CVM corre o risco de ser questionada pela SEC
(Securities and Exchange Commission) dos EUA no processo que investiga falhas
de governança da Petrobras que causaram grandes prejuízos aos investidores.
Ildo Sauer na CPMI da Petrobras (II)
As entrevistas de Ildo Sauer disponíveis no site “Maracutaias
na Petrobras” envolvem categoricamente a presidente Dilma em atos lesivos à
Petrobras, que, segundo ele, são merecedores de uma investigação da Polícia
Federal ou do Ministério Público.
Além disso, o site permite uma constatação de alto interesse
da CPMI: bem antes do caso Pasadena, cláusulas contratuais lesivas à Petrobras
já faziam parte de sociedades por ela constituídas. Tal constatação fica
incontestavelmente comprovada na Gemini – sociedade cujo objetivo é produzir e
comercializar Gás Natural Liquefeito.
Para tornar ainda mais explosiva a situação, uma grande
coincidência: as cláusulas contratuais lesivas acima referidas constam do
Acordo de Quotistas da Gemini firmado em janeiro de 2004 – época em que Dilma
acumulava os cargos de Ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de
Administração da Petrobras, e Sauer era o diretor de Gás e Energia da
Petrobras, a área responsável pela Gemini.
Tendo sido o Acordo firmado em janeiro de 2004 – mais
de nove meses antes da aprovação da participação da Petrobras na sociedade (que
ocorreu em outubro de 2004) – é de todo indispensável que se esclareça se o
órgão colegiado que aprovou a participação da Petrobras na Gemini tinha, ou
não, conhecimento da existência do prematuro Acordo.
Ninguém pode ter qualquer dúvida sobre a gravidade da
situação: como a presidente Dilma afirmou que só autorizou a compra da
refinaria de Pasadena porque foi enganada por um tendencioso relatório que
omitia duas cláusulas contratuais, o que dizer se tiverem omitido o fraudulento
Acordo de Quotistas do órgão colegiado que aprovou a participação da Petrobras
na Gemini?
O triste de tudo é: O País está parado. Não cresce. Não se
desenvolve. A corrupção sistêmica avança, apesar do grande esforço de alguns
que ousam combatê-la. Os políticos ficam cada vez mais ricos. Os cidadãos
honestos, cada vez mais com cara de idiotas, diante da evolução e progresso dos
canalhas.
O Brasil precisa ser reinventado. Enxugar o gelo, como
agora, nada resolverá. A picaretagem é camaleônica. Adapta-se aos ataques. A
metástase do crime não consegue ser contida. A sacanagem se reproduz. Uma
chance de mudança seria atingir, em cheio, a célula cancerosa que comanda a
safadeza. O problema é que tal alvo é aparente. Ele obedece a forças que
controlam o Brasil de fora para dentro.
Ou o Brasil muda seu modelo, e declara sua independência
de verdade, ou tudo continuará do mesmo jeito ou até pior.
Releia o artigo: Em busca da Elite Moral Perdida
Leia também: Intervenção Constitucional, já!
Brincando sério
E como ficam os direitos humanos dos corruptos?
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