Um tema que tenho dado bastante destaque
aqui, mas que infelizmente não tem despertado tanto interesse da
população em geral e mal foi debatido durante a campanha eleitoral é a
nossa política externa na era lulopetista. O grau de ideologização foi
tanto que o Brasil destruiu a tradicional neutralidade diplomática do
Itamaraty e passou a defender o que há de pior na geopolítica.
Foi o tema do editorial
do GLOBO de hoje, mostrando como nossa “diplomacia partidária” tem
custado caro ao país. Para ficar ao lado dos “companheiros”, acabamos
nos afastando dos Estados Unidos e das democracias mais avançadas. E nos
tornamos motivo de desconfiança ou chacota, por estarmos sempre
alinhados aos piores regimes do mundo. Diz o jornal:
Desde
o primeiro governo Lula, uma mistura de ativismo com ideologia foi
usada como combustível para aumentar o protagonismo do Brasil na
política internacional. Muitas vezes, isso deixou em segundo plano os
interesses nacionais. Logo que Lula assumiu, o presidente Evo Morales,
da Bolívia, nacionalizou o setor de hidrocarbonetos, incluindo no pacote
uma refinaria da Petrobras. A letárgica reação brasileira deu o tom do
que aconteceria nos anos seguintes: prioridade a países por afinidade
ideológica — além da Bolívia, Venezuela, Equador, Argentina e Cuba, em
detrimento de outros.
[...]
A
ideologização da política externa fez o Itamaraty priorizar as relações
Sul-Sul, com países em desenvolvimento e nova parcerias com os
emergentes, deixando em segundo plano as nações desenvolvidas,
especialmente os EUA. Por outro lado, prosseguiu o perdão de dívidas de
regimes autoritários da África, em detrimento de valores de democracia e
direitos humanos que deveriam prevalecer.
A política externa enfraquece nossa voz
no mundo. O jornal ainda considera como positiva a institucionalização
do Brics como nova força no cenário mundial, mas em artigo
logo ao lado, do sociólogo Demétrio Magnoli, vemos que não é bem assim.
Os países do Brics seguem seus próprios interesses nacionais, mas o
Brasil deixou a ideologia falar mais alto aqui também, com graves
consequências.
Basta pensar no caso da Rússia com a
Ucrânia. Enquanto os países democráticos desenvolvidos têm criticado
duramente o avanço nacionalista e imperialista de Putin, o Brasil se
cala em um silêncio cúmplice e conivente. Para o PT, o Brics representa
uma frente contra a hegemonia americana, então, em nome desse
antiamericanismo patológico, vale apoiar as estripulias russas. Diz
Demétrio:
O
Brasil não precisa, nem deveria, abandonar o Brics em represália à
agressão de Moscou na Ucrânia. Entretanto, o silêncio cúmplice tem um
preço elevado, que aumentará na razão direta da extensão da crise
ucraniana. Pagamos o custo da duplicidade pela erosão de nossa
credibilidade internacional. Já não podemos falar em direitos humanos
sem provocar risos irônicos. Logo mais, não poderemos falar em
autodeterminação e não intervenção.
Para um país com um histórico de respeito
internacional construído ao longo do tempo, é realmente lamentável ver o
que o PT fez com nossa diplomacia. Os “barbudinhos” levaram todo seu
ranço ideológico para as posturas diplomáticas, e conseguiram colocar o
Brasil ao lado de ditaduras atrasadas ou “democracias” frágeis que
ignoram completamente os direitos humanos. Uma vergonha!
Rodrigo Constantino
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