quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Ideologia na política externa mancha nossa reputação




Putin e Dilma: tudo pelo antiamericanismo boboca


Um tema que tenho dado bastante destaque aqui, mas que infelizmente não tem despertado tanto interesse da população em geral e mal foi debatido durante a campanha eleitoral é a nossa política externa na era lulopetista. O grau de ideologização foi tanto que o Brasil destruiu a tradicional neutralidade diplomática do Itamaraty e passou a defender o que há de pior na geopolítica.


Foi o tema do editorial do GLOBO de hoje, mostrando como nossa “diplomacia partidária” tem custado caro ao país. Para ficar ao lado dos “companheiros”, acabamos nos afastando dos Estados Unidos e das democracias mais avançadas. E nos tornamos motivo de desconfiança ou chacota, por estarmos sempre alinhados aos piores regimes do mundo. Diz o jornal:


Desde o primeiro governo Lula, uma mistura de ativismo com ideologia foi usada como combustível para aumentar o protagonismo do Brasil na política internacional. Muitas vezes, isso deixou em segundo plano os interesses nacionais. Logo que Lula assumiu, o presidente Evo Morales, da Bolívia, nacionalizou o setor de hidrocarbonetos, incluindo no pacote uma refinaria da Petrobras. A letárgica reação brasileira deu o tom do que aconteceria nos anos seguintes: prioridade a países por afinidade ideológica — além da Bolívia, Venezuela, Equador, Argentina e Cuba, em detrimento de outros.
[...]
A ideologização da política externa fez o Itamaraty priorizar as relações Sul-Sul, com países em desenvolvimento e nova parcerias com os emergentes, deixando em segundo plano as nações desenvolvidas, especialmente os EUA. Por outro lado, prosseguiu o perdão de dívidas de regimes autoritários da África, em detrimento de valores de democracia e direitos humanos que deveriam prevalecer.


A política externa enfraquece nossa voz no mundo. O jornal ainda considera como positiva a institucionalização do Brics como nova força no cenário mundial, mas em artigo logo ao lado, do sociólogo Demétrio Magnoli, vemos que não é bem assim. Os países do Brics seguem seus próprios interesses nacionais, mas o Brasil deixou a ideologia falar mais alto aqui também, com graves consequências.

Basta pensar no caso da Rússia com a Ucrânia. Enquanto os países democráticos desenvolvidos têm criticado duramente o avanço nacionalista e imperialista de Putin, o Brasil se cala em um silêncio cúmplice e conivente. Para o PT, o Brics representa uma frente contra a hegemonia americana, então, em nome desse antiamericanismo patológico, vale apoiar as estripulias russas. Diz Demétrio:

O Brasil não precisa, nem deveria, abandonar o Brics em represália à agressão de Moscou na Ucrânia. Entretanto, o silêncio cúmplice tem um preço elevado, que aumentará na razão direta da extensão da crise ucraniana. Pagamos o custo da duplicidade pela erosão de nossa credibilidade internacional. Já não podemos falar em direitos humanos sem provocar risos irônicos. Logo mais, não poderemos falar em autodeterminação e não intervenção.


Para um país com um histórico de respeito internacional construído ao longo do tempo, é realmente lamentável ver o que o PT fez com nossa diplomacia. Os “barbudinhos” levaram todo seu ranço ideológico para as posturas diplomáticas, e conseguiram colocar o Brasil ao lado de ditaduras atrasadas ou “democracias” frágeis que ignoram completamente os direitos humanos. Uma vergonha!


Rodrigo Constantino

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