O
que se espera em um país sério é que os corruptos sejam presos e
obrigados a devolver os recursos desviados. Isso é, claro, o ideal. Mas
há uma alternativa dentro do alcance da população quando as autoridades
não cumprem bem sua função e a impunidade campeia: impor o ostracismo
aos “malfeitores”.
Em Atenas, o ostracismo era comum no
passado, e o político que tivesse atentado contra a democracia era
banido e ficava exilado por até dez anos. A punição foi criada por
Clístenes, o “Pai da Democracia”. Adaptada para tempos modernos, seria
uma espécie de rejeição social aos corruptos.
É o que defende o historiador Pierre
Rosanvallon, intelectual francês que está no Brasil para conferências na
UFRJ e na PUC. Em entrevista ao GLOBO publicada hoje, diz:
A corrupção é generalizada, e foi ainda
mais banalizada durante do governo do PT, pois nunca antes na história
deste país se viu tanto roubo bilionário. O sentimento de impotência é
forte entre a população decente. A justiça precisa fazer seu trabalho, e
merece todo nosso apoio. Manifestações nas ruas demandando punição aos
corruptos são essenciais como instrumento de pressão popular.
Precisamos das prisões. Mas concordo com
ele: as reprovações públicas são cruciais também. Por exemplo: José
Dirceu, o “chefe da quadrilha” no mensalão, já está em casa. Um ultraje!
Um acinte! Ainda mais quando lembramos que Marcos Valério e Kátia
Rabello ainda estão presos. Ou seja, o operador e a banqueira vão em
cana por longo período, mas o arquiteto do esquema fica em casa?
Então que ao menos a população faça ele
se sentir constrangido em locais públicos, que sinta o desprezo do povo,
a revolta daqueles que foram enganados e lesados por seus crimes. É o
mínimo que se espera, uma vez que a justiça deixa tantas brechas para os
corruptos milionários. Ostracismo: um “exílio” imposto dentro do
próprio país. Persona non grata, termo da diplomacia que serve para marcar os rejeitados.
Nós, brasileiros, precisamos acabar de
uma vez por todas com essa mania de tratar bandidos de colarinho branco
como iguais ou superiores, aplicando a Lei de Gérson de que o malandro
se deu bem por meios obscuros e merece nosso respeito. Não merece.
Merece nosso desprezo. Dinheiro e poder não são tudo. Mais importante é como chegou lá. Com ética ou sem ética? Respeitando os valores democráticos ou atentando contra eles?
Os corruptos precisam sentir no dia a dia
a rejeição daqueles que não aceitam compactuar com esses métodos sujos e
práticas nefastas. Para os petistas, os mensaleiros são “heróis
injustiçados”. Que busquem refúgio apenas entre seus pares coniventes
então. E que o restante da população demonstre com toda a clareza e
objetividade o quanto despreza esses corruptos.
De minha parte, recusaria permanecer
sentado numa mesa de restaurante ao lado de um corrupto desses, e
deixaria evidente o motivo de meu repentino abandono do local…
Rodrigo Constantino
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