Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
O juiz federal Sergio Moro aceitou nesta quarta-feira a denúncia apresentada pelo Ministério Público contra o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o empresário e lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, o doleiro Alberto Youssef e contra o executivo Julio Camargo, da empresa Toyo Setal. Eles são acusados de crimes contra o sistema financeiro nacional, corrupção e lavagem de capitais.
De acordo
com a acusação, Cerveró recebeu 15 milhões de dólares, a partir da
mediação de Fernando Baiano, para a consolidação do contrato com a
Samsung. Depois de ter embolsado a propina, Cerveró, na condição de
diretor da Área Internacional da Petrobras, recomendou à Diretoria
Executiva da estatal a contratação da empresa sul-coreana por 586
milhões de dólares. Em uma segunda etapa, por meio de Fernando Baiano,
Nestor Cerveró teria recebido mais 25 milhões de dólares para que a
Samsung conseguisse um contrato para o fornecimento de outro navio sonda
para perfuração de águas profundas ao custo de 616 milhões de dólares. O
total de 40 milhões de dólares em vantagens indevidas, que o empresário
Julio Camargo afirma ter sido destinado a Fernando Baiano, terminou,
segundo apuração do Ministério Público, nas mãos de Cerveró.
As
revelações de Julio Camargo, que firmou um acordo de delação premiada,
foram cruciais, na avaliação do juiz Sergio Moro, para que houvesse
evidências suficientes contra o ex-diretor da Área Internacional da
Petrobras. “No que se refere à justa causa para a denúncia, a acusação
baseia-se em larga medida em depoimentos prestados pelo criminoso
colaborador Julio Gerin de Almeida Camargo [que] narrou em riqueza de
detalhes os episódios do pagamento de propina”, afirma Moro. Para
conseguir que a Justiça aceitasse denúncia contra Nestor Cerveró e
contra Fernando Baiano, o Ministério Público elencou, conforme relata o
juiz, “um número significativo de documentos que amparam as afirmações
constantes nas denúncias” e “as dezenas de transações financeiras
relatadas pelo criminoso colaborador e que representariam atos de
pagamento de propinas e de lavagem de dinheiro”.
Na peça de
acusação apresentada à Justiça, Nestor Cerveró foi denunciado duas
vezes por corrupção passiva e 64 vezes por lavagem de dinheiro; Fernando
Baiano, duas vezes por corrupção passiva e 64 vezes por lavagem; Julio
Camargo, duas vezes por corrupção ativa, 64 vezes por lavagem e sete por
crimes financeiros; e Alberto Youssef foi denunciado dezessete vezes
por lavagem de dinheiro.
Por Reinaldo Azevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário