quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

As paisagens e o meio ambiente, artigo de Roberto Naime

Publicado em dezembro 16, 2014 por


paisagem

[EcoDebate] As paisagens são as imagens que mais nos emocionam da natureza. Quando a gente vê uma paisagem lembra daquelas folhinhas ou calendários antigos. Os solos que sustentam o meio florístico das paisagens são resultantes da decomposição intempérica (chuva e calor) das rochas. Intemperismo é o conjunto de condições físicas e químicas do meio ambiente como clima, temperatura, pluviosidade e demais variáveis desta natureza.


Os solos são formados pela ação dos fatores intempéricos e dos organismos vivos (minhocas, bactérias, etc.), que agem sobre os materiais rochosos ao longo do tempo. O tipo de vegetação que se desenvolve depende dos solos e o tipo de fauna presente no bioma vai depender de uma série de fatores como clima, umidade e outros, mas também da vegetação que é a alimentação primária disponível.


Os solos podem se encontrar no próprio local onde se formaram, quando são denominador solos residuais ou de alteração de rocha, nos casos onde é possível observar texturas e estruturas relictas da rocha original, e são denominados solos transportador quando se encontram fora do local que se formaram, como os solos transportados para planícies de rios.


Os solos transportados se denominam aluviões quando são carregados pela água e colúvios ou elúvios quando o agente de maior influência na transposição são as reptações gravitacionais. Sua composição química e constituição são profundamente influenciadas pela rocha que origina o terreno, e pelos processos intempéricos e orgânicos que atuam na formação do solo.


A interação permanente entre o meio físico e os ecossistemas terrestre e aquático precisa ser analisada através de um enfoque interdisciplinar. Os solos representam a expressão mais visível do meio físico. Resultam da decomposição dos substratos rochosos através dos processos de intemperismo.


As modernas técnicas de avaliação dos terrenos que sustentam as paisagens utilizam as classificações pedológicas (a mais importante é da EMBRAPA) e climáticas disponíveis, associando ainda fatores como declividade, cobertura vegetal e ocupação e ação antrópica.


A associação destes elementos e o uso das técnicas de sensoriamento remoto e tratamento digital de imagens de satélite, dentro de um contexto multidisciplinar, permitiu a transferência e a evolução de conceitos.


Hoje, é hegemônica tanto no meio acadêmico quanto no meio rural, a concepção do conceito de “paisagem” como expressão do agenciamento dinâmico e superficial dos conjuntos territoriais.
Ou seja, não é apenas o solo como face mais visível do meio físico, e sim a paisagem integradora do solo com os demais fatores, a expressão conjunta das interações compreendidas ou ainda difusas.


Este agrupamento capaz de expressar homogeneidades ou realças diferenciações físicas espaciais e temporais no meio terrestre, origina a conceituação de “geobiossistemas”. Geos significa terra, bio, vida (flora e fauna) e sistemas vem da teoria geral dos sistemas, do biólogo alemão Ludwig Von Bertallanfy, usada da biologia até a informática, passando pela medicina.

Geobiossistemas são as unidades territoriais, geográficas ou cartográficas de mesma paisagem, definidas por características estatísticas do meio natural, físico, químico ou biológico, hierarquizadas por um mesmo sistema de relações.

É partindo deste significado amplo que devem ser entendidas as paisagens, que expressam ecossistemas e cadeias de relações entre meios físico, biológico e antrópico, que não podem ser dominadas ou apenas utilizadas pelo homem conforme seu próprio interesse.


É necessário respeitar e compatibilizar as características da paisagem para que se obtenham incrementos na qualidade ambiental e na qualidade de vida geral de populações de determinada região considerada.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.


Publicado no Portal EcoDebate, 16/12/2014

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