segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A luta pela liberdade impulsiona a história universal



Pedro do Coutto


Através dos séculos e dos milênios, que não são pouco tempo, a luta pela liberdade, em todas as escalas, sempre foi o motor que impulsionou a história universal. Ontem, em Paris a marcha monumental que ocupou a cidade tornou-se mais um episódio do processo humano cujas origens são mais que remotas mas que tem sempre como objetivo a conquista do direito de viver livremente, longe portanto da opressão e do terror.



O atentado ao semanário Charlie Hebdo inscreveu-se, por sua brutalidade e absurdo, nas páginas do tempo. Foi um ato de intolerância com publicações as quais nem sempre foram de bom gosto, mas jamais poderiam justificar o assassinato coletivo que manchou de sangue tanto a redação da revista quanto a sensibilidade humana.



Daí a reação generalizada contra o desfecho trágico que levou a Paris grande número de chefes de Estado e Governo, que, caminhando ao lado da multidão, acrescentaram com suas imagens dose muito forte do repúdio mundial. No título está acentuada uma verdade comprovada pelos acontecimentos que aconteceram no mundo desde a época do relato até a era atual, do registro, que nasceu com o surgimento principalmente da imprensa, da fotografia, do  cinema, e agora da internet.



INTOLERÂNCIA



Se analisarmos bem o desenrolar do processo histórico vemos a importância do filme Intolerância, ainda no cinema mudo do cineasta David Grift. Sua importância é de assinalar a expressão título como a causa de tragédias universais, entre elas a própria crucificação de Jesus Cristo. Outro exemplo não focalizado no filme pois ele foi feito no final da década de 20 é a violência nazista. Mas esses dois episódios são apenas dois exemplos emblemáticos de intolerância e violência. Outros adicionam-se a eles como símbolos de opressão e crueldade.



A escravidão, tanto a branca, em Roma quanto a negra nos Estados Unidos e no Brasil é outro exemplo de opressão e de exploração de seres humanos, por seus semelhantes. E é preciso destacar que no Brasil ela durou mais de 300 anos e sem distinção de raça, continua a existir de forma disfarçada em terras agrárias. Mas esta é outra questão. O essencial é que a luta pela liberdade sempre marcou a passagem dos séculos e do plano da opressão física deslocou-se para áreas econômicas e sociais. Afinal liberdade é também o direito à alimentação, habitação, saúde educação, à liberdade de expressão que no Brasil foi ferida durante o período da ditadura militar que se encerrou em 1985.



Deixando o lado brasileiro e voltando ao tema central que repousa no confronto entre a liberdade e a intolerância vemos que as gerações de hoje são testemunhas de uma das maiores manifestações coletivas que tocaram a fundo o sentimento coletivo de justiça, democracia e livre direito de participação. As imagens de ontem em Paris ficam para sempre nos arquivos da história universal. São mais um capítulo de uma luta eterna, na busca da liberdade de pensar, expressar e no final de tudo pela liberdade de viver. 


A existência humana está muito acima da intolerância que sempre manchou as páginas da memória universal. Liberdade sempre, princípio eterno a iluminar o caminho da humanidade.

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