AFP
Dilma: "a presidente reeleita precisa se comprometer com uma reformulação das políticas econômicas", diz a consultoria
Em um ranking sobre o ímpeto reformista de sete líderes de países emergentes, a presidente Dilma Rousseff aparece em quinto lugar, melhor apenas que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente da África do Sul, Jacob Zuma.
A consultoria atribuiu nota para os chefes de governo, variando de +2 a -2, e vai atualizar essas avaliações a cada dois meses. Nessa primeira etapa, Dilma obteve nota -1,5.
"A presidente reeleita precisa se comprometer com uma reformulação das políticas econômicas, em meio a crescentes problemas econômicos e um grande escândalo de corrupção", diz a Trusted Sources, se referindo às denúncias envolvendo a Petrobras.
O capítulo sobre o Brasil, intitulado "A verdadeira Dilma poderia por favor se levantar?", afirma que as políticas econômicas heterodoxas da presidente, juntamente com condições externas adversas, levaram o País para a recessão.
A mensagem da candidata durante a campanha presidencial foi clara: as políticas ortodoxas da oposição resultariam em aumento do desemprego e colocariam em risco as conquistas sociais dos governos do PT.
"Porém, pouco após a eleição, ela começou a indicar que poderia abandonar seu modelo 'Dilmanomics' e adotar um caminho mais ortodoxo", afirma o texto, assinado pela pesquisadora Elizabeth Johnson.
A analista aponta que Dilma indicou o "ultraortodoxo" Joaquim Levy para comandar o Ministério da Fazenda, o que agradou os investidores, embora nem todos estejam convencidos de que ela dará autonomia para o subordinado.
O relatório comenta que o pito passado por Dilma no novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, sobre mudanças na fórmula de reajuste do salário mínimo, mostra que ela parece não ter mudado a postura do primeiro mandato.
"O incidente confirma que a inclinação da presidente para controlar de perto seus ministros não desapareceu. Também ressalta a difícil batalha para impor medidas de austeridade ao governo, sendo que a maioria delas precisa ser aprovada não só por Dilma, mas também por um Congresso fragmentado", afirma o texto.
A análise chama atenção ainda para o escândalo da Petrobras, que pode afetar a popularidade de presidente, que por vários anos comandou o conselho de administração da companhia.
"Dilma precisará transformar-se em uma hábil política, algo para o que ela mostrou pouco interesse ou capacidade nos últimos anos. Se não conseguir fazer isso, se tornará testemunha da destruição da Petrobras e estagnação da economia", afirma Elizabeth.
Ranking
O país mais promissor no ranking de ímpeto reformista da Trusted Sources é a Índia, comandada por Narendra Modi, com uma nota +1,5. Em seguida aparece a Indonésia, do presidente Joko Widodo (também nota +1,5), seguida pela China, de Xi Jinping (+1).
O México é o quarto do ranking, com o presidente Enrique Peña Nieto recebendo uma nota +1.
"Os líderes desses quatro países sobre os quais nós temos uma avaliação positiva precisam entregar resultados em 2015 em meio a condições econômicas desafiadoras. Nós analisamos o impacto pessoal e políticas de cada um deles, sob a luz do contexto político e social, além de considerar as forças aparentemente inexoráveis da lógica econômica", diz o relatório.
"Aqueles que reconhecem a necessidade de mudanças estruturais e estão preparados para investir seu capital para superar os obstáculos políticos e sociais representam a melhor chance de uma retomada nos prospectos de uma expansão sustentável para as economias emergentes", acrescenta.
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