Rogério Jordão
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Vai ser interessante acompanhar as reações ao aumento da tarifa de ônibus em diferentes cidades. Um ano e meio atrás, como se sabe, as manifestações do Movimento Passe Livre em São Paulo e a brutal repressão policial foram o estopim de gigantescas manifestações de rua no país, quando “o gigante acordou”.
Não era por 20 centavos se disse à época, será por 50 centavos agora? Passadas as jornadas de protestos, a Copa do Mundo, as eleições nacionais, o que ficou daquela difusa revolta popular?
Na capital paulista a tarifa vai a R$ 3,50. No que pese o passe livre para estudantes de escolas públicas e privadas (parcial), é um reajuste e tanto para um serviço mal avaliado pela população.
Uma pesquisa realizada pelo Ibope e Rede Nossa São Paulo em setembro de 2014 mostrou que entre os usuários de ônibus, a “lotação” e o “tempo de espera” são os principais problemas do sistema na capital paulista. Em nenhum quesito – de “limpeza e conservação” dos ônibus até “cordialidade dos motoristas e cobradores” – o público deu nota acima de cinco para o serviço prestado, em uma escala que ia de Zero (totalmente insatisfeito) a 10 (totalmente satisfeito).
Como vai reagir a população – que fica em média diariamente 2 horas e 46 minutos dentro de um ônibus em SP — ao aumento?
PRINCIPAL EFEITO
O grande efeito imediato das manifestações de junho de 2013 foi que prefeitos e governadores em diferentes capitais voltaram atrás na decisão de aumentar o transporte público. Isto teve um impacto simbólico grande: não é todo dia que as pessoas na rua conseguem reverter uma decisão governamental ou vinda “de cima” em qualquer instância, no Brasil ou em qualquer parte do mundo.
Provavelmente por ter obtido um resultado concreto inédito, e por ter expressado sentimentos e insatisfações bem além da questão do transporte, a revolta dos 20 centavos em junho de 2013 tenha ganhado o país e a simpatia ampla, geral e irrestrita da população, conforme mostraram as pesquisas.
E AGORA?
Diversas manifestações estão marcadas pelo Movimento Passe Livre. Em SP deve ocorrer na sexta-feira, dia 9. Na página do movimento no Facebook dá para acompanhar as movimentações no Rio, Santa Catarina e outros lugares.
Terão o poder de acender algum estopim essas mobilizações?
Ou o Brasil já terá entrado em outro ritmo, no qual o recado das ruas já foi “assimilado” de alguma maneira – e as futuras revoltas, se acontecerem, se darão em formatos que sequer podemos imaginar, a nos pegar de surpresa, como em junho de 2013, como a expressão de um país que segue sob a sina da imprevisibilidade, quase que em estado líquido?
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