((o))eco - 12/03/15
A Prefeitura de São Paulo iniciou o plantio de árvores na faixa que
sinaliza as duas mãos de circulação de veículos. O projeto piloto foi
inaugurado nesta quarta-feira (11) nas ruas do bairro Cidade Patriarca,
na Zona Leste de São Paulo. No local foram plantadas 70 mudas de
árvores, a grande maioria ipês amarelos, no asfalto sem a presença de um
canteiro central. O objetivo, segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), é
aumentar a arborização do município sem prejudicar o pedestre e a rede
elétrica.“Nós estamos desenvolvendo novas metodologias de plantio, levando em consideração as características da cidade: as calçadas são estreitas, então a árvore ocupa um espaço precioso na calçada, necessário para o cadeirante ou para a pessoa com deficiência, e a fiação, com o que as árvores convivem mal”, afirmou, de acordo com nota publicada no site da prefeitura.
O projeto intitulado Árvore no Asfalto está sendo implementado com a supervisão de engenheiros da Companhia de Engenharia de Tráfego e por agrônomos. De acordo com Haddad, há um déficit de 1 milhão de árvores nas vias públicas de São Paulo.
Detalhes técnicos
Para o primeiro teste, foram usados 7 tipos de mudas, de árvores de médio e grande porte, como ipê, caroba, carobinha e cássia, cuja característica principal é que a raiz cresce para baixo e não para os lados. O cuidado foi para que o plantio não causasse deformação no pavimento com o crescimento futuro das árvores. A prefeitura também utilizou anéis de concreto que visam direcionar as raízes para as camadas mais profundas do solo.
A previsão é que em 3 ou 4 anos as árvores já estejam adultas.
“A árvore na cidade tem adversidades: tem o solo, a qualidade do ar, a fiação. Ao longo da história o planejamento urbano não contemplou o pedestre, então tem muitos lugares onde ou tem espaço para o pedestre ou para a árvore. Então o plantio no asfalto é uma alternativa para deixar a cidade mais verde. Na Europa e no Canadá há projetos de plantio muito semelhantes”, defendeu Wanderley Meira do Nascimento, titular da Secretaria do Verde e Meio Ambiente.
A cidade de São Paulo tem como meta até 2016 plantar 900 mil mudas em passeios públicos e canteiros centrais.
(Em Brasília, INFRAMERICA destrói as arvores do cerrado.Quer troca-lo por ...cimento!)
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Brasília: obras que desconstroem a memória da cidade
Por Chico Sant’Anna
Aos 54 anos, Brasília já começa a viver um processo acelerado de
perda de sua memória urbana. A cada dia que passa, novos elementos da
paisagem vão desaparecendo. É certo que a cidade não pode ficar
congelada, mas como diz o urbanista José Roberto Bassul, também não pode
derreter.Pessoalmente, prefiro outra figura de linguagem: se a cidade não pode ficar engessada, tem que se modernizar, este processo não pode deixar fraturas expostas. Recentemente, o aeroporto internacional de Brasília teve uma nova ala inaugurada. Bonita, vistosa, toda de metal e vidro.
O estacionamento foi ampliado, mas ai já começa a primeira fratura. A Praça Santos Dumont, que ficava à frente do Aeroporto Internacional JK é a mais recente vítima do avanço desmedido e impensado das obras (não) projetadas para adaptar a Capital Federal à Copa do Mundo. Onde antes existiam espelho d’água, palmeiras, árvores do cerrado e até um busto do Pai da Aviação, agora prevalece um grande e árido cimentado, construído pelo consórcio Infraero/InfrAmérica.
O estacionamento ganhou duas mil novas vagas, quase todas sem uma sombrinha sequer. As obras de ampliação do estacionamento podiam muito bem ter garantido a presença do busto em bronze. Nem que fosse uma pequena ilha para garantir a manutenção do monumento. Perder duas ou três vagas no estacionamento não faria nenhuma diferença no faturamento dos empresários que o exploram. Mas não, o processo de apagar a memória é mais forte do que os de sua preservação.
Assim, o busto de Santos Dumont, que estava lá desde os tempos do barracão de madeira que foi o primeiro aeroporto da Nova Capital, desapareceu, ninguém sabe onde foi parar a escultura. A única lembrança, são as imagens do google maps.
Também a Praça 21 de abril – alguém ai sabe onde fica? É na 707 Sul -, abrigava um busto em bronze de Santos Dumont, o Pai da Aviação. A obra de arte voou há muitos anos e dela ninguém tem notícia. Parace que Brasília não tem muito apreço pelo inventor do aeroplano.
Espaço Cósmico 81
O Bambolê de Dona Sarah, detonado pelas obras da Copa, é mais um ícone na cidade que foi desconstruído. Mesmo que venha ser reajardinado como antes, não mais poderá contar com as cinquentenárias árvores que o adornavam, pois poucos metros abaixo da terra há uma enorme laje de concreto do mergulhão feito pelo GDF para atender as exigências da Fifa. Não haverá profundidade para que as raízes se instalem.
No extinto Balão do Aeroporto, havia uma escultura, denominada Monumental Espaço Cósmico 81, de Yutaka Toyota.
Exposta desde 1980, a obra que lembra um triangulo feito por trilhos nos quais são apostos dois cubos. Foi retirada para reformas no local em meados de 2005. Nunca mais foi vista.
Agora, com o fim das obras do mergulhão da Fifa, uma pergunta que não quer calar: A escultura retornará ao seu local?
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A cada dia, a cada obra, a cada mudança urbanística, lembranças de um passado, não tão distante, vão se evaporando.
Quem passeia no Núcleo Bandeirante, a antiga Cidade Livre, dificilmente irá encontrar lá um único exemplar dos barracos de dois andares que se espremiam pela cidade, colados um a um. Sobrados de madeira imortalizados no filme Bye Bye Brasil.
Na Vila Planalto, as antigas casas de madeira dão lugar a casarões de alvenaria, comércio e até hotel. O bucólico encanto particular da Vila vai se perdendo pela ação da especulação imobiliária. A cidade perde sua personalidade e se iguala a qualquer outro emanhanrado de casas e sobrados existentes no país.
Também na área tombada do Plano Piloto, a saga especulativa transforma em casarões que mal cabem em seus lotes as antigas casas construídas na W.3 Sul pela Fundação da Casa Popular – o BNH de Juscelino. Casas que construíram um modelo de convivência harmônica entre os vizinhos. Sem cercas, sem privatização de áreas verdes.
Esta borracha que vai apagando a história da Nova Capital, principalmente de seus primórdios, fica mais afoita toda vez que o GDF dá início a obras viárias. E isso não é privilégio da atual administração, parece mais uma tradição.
Foi assim quando interligaram as avenidas W.3 Sul e Norte. O parque de recreação, com rinque de patinação, pistas de aeromodelismo e tanques de navalmodelismo deram lugar ao viaduto atual. Não houve nem a preocupação de deslocar para as laterais da nova via os equipamentos públicos existentes anteriormente.
Os carros ganharam um acessomais ágil. Os moradores perderam um local de lazer e recreação.
Também quando da duplicação da Avenida das Nações, que os tecnocratas insistem em chamar apenas de L.4, apagando da memória das futuras gerações a denominação definida por Lúcio Costa para a principal via do Setor de Embaixadas, desapareceu um pequeno monumento.
Era pequeno, mas importante: um bloco de mármore branco trifacetado. Ele registrava a visita a Brasília, em fevereiro de 1960 – quatro meses antes da inauguração da nova capital -, do então presidente dos Estados Unidos, Dwigh Eisenhower, e o compromisso do mandatário norte-americano de nela construir a representação diplomática de seu país.
O marco desapareceu. Informações não oficiais indicam que no governo de José Roberto Arruda, seu vice, Paulo Octávio, a pedido da Embaixada dos Estados Unidos, teria retirado o monumento de onde foi inaugurado por Juscelino e Eisenhower e o cedeu à representação diplomática.
Se for verdade, trata-se de um ato de privatização e desnacionalização de um monumento que deveria ser de toda a sociedade e não apenas dos poucos e raros brasileiros que entram na embaixada.
Cidade Monumental
Brasília, cidade monumental, não cuida bem de seus monumentos.
Um mau exemplo é a Praça dos Próceres, bem em frente ao gabinete do governador do Distrito Federal, ao lado da Praça do Buriti.
Criada na atmosfera da Nova República por José Aparecido de Oliveira, tinha por objetivo homenagear lideranças que trouxeram a liberdade de seus povos no mundo inteiro, em especial os heróis latino-americanos.
Originalmente, eram dez estátuas e bustos construídos com material robusto, como bronze e concreto, mas se deterioraram e viraram alvo de todo tipo de vandalismo, abandono e falta de conservação. Três imagens já não existem mais.
Segundo levantamento do jornal Metro, apenas o busto de José de San Martin, libertador de Argentina e do Peru, e Simón Bolivar contam com placas e bustos intactos. Simon Bolívar, o pai da Grã-Colômbia, foi um presente a Brasília do falecido presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Da peça em homenagem a Miguel Hidalgo, que libertou o México, só sobrou a placa. Coisa que o busto do ex-presidente chileno, Salvador Allende, perdeu junto com parte da armação dos óculos. O local está se transformando num ponto de uso de drogas, nas barbas do Poder.
Pouco mais acima, em frente ao memorial JK, até Juscelino Kubitschek e Dona Sarah foram alvo de agressões na cidade que criaram, conforme documentou o Correio Braziliense, em maio de 2012.
Os símbolos religiosos também são alvo da depredação. É o caso do conjunto de orixás instalados na Prainha do Lago Paranoá, réplicas de outro conjunto existente em Salvador.
As imagens foram recentemente recuperadas após terem sido incendiadas envoltas em pneus, numa técnica que relembra o método “microondas”, muito utilizada por traficantes, no Rio de Janeiro.
O vandalismo não é privilégio do Plano Piloto. Mesmo após a restauração, a imagem fixada na entrada dacidade de Santa Maria, é alvo constante de depredação e, bem pertinho do Distrito Federal, Santo Antônio do Descoberto teve a imagem do padroeiro furtada.
Solarius
Talvez o maior exemplo de descaso e abandono das obras de artes e monumentos no Distrito Federal seja o Solarius, popularmente conhecido como Chifrudo.
Com seus dezesseis metros de altura, ele marca, às margens da BR-40, a entrada do Distrito Federal. Trata-se de uma obra do escultor francês Ange Falchi em homenagem aos candangos que vieram construir a Capital Federal.
O Solarius, doado em 1967 pelo governo francês a Brasília, foi idealizado a partir das informações vinculadas pela imprensa francesa sobre o movimento de migração dos brasileiros de todas as regiões a fim de construírem a Capital Federal.
Feita em aço, ferro, chapas galvanizadas, lã de vidro e plástico, a escultura foi considerada por seu autor como sendo o “símbolo do Pioneiro Indômito, que conquistou a região agreste e pungente do Planalto Central”.
Deveria ser uma demonstração de orgulho pela epopéia brasileira. Como muitas outras obras de arte, contudo, o Solarius está abandonado e não há nenhum esforço das autoridades educacionais e culturais em fazer com que o brasiliense tenha noção do significado que aquela obra de arte simboliza para a Capital Federal: além de uma homenagem aos pioneiros, é o reconhecimento internacional da importância de Brasíia.
O GDF nem sabe quantas são e onde estão as imagens e estátuas existentes no Distrito Federal. Não há um cadastro de monumentos. O jornal Correio Braziliense, em 2012, contabilizou 31 imagens apenas no Plano Piloto. “A maioria encontra-se em péssimo estado. Algumas esculturas estão com rachaduras e partes quebradas. Também tiveram pedaços arrancados ou acabaram destruídas” afirmou o jornal à época.
Como diz o dito popular, “povo sem história, é povo sem memória, é povo sem futuro” e o segredo do futuro de Brasília, talvez esteja em suas raízes em sua razão de ter sido construída e de ser.
Olhar e preservar o passado pode ser a melhor maneira de se assegurar a qualidade de vida no futuro.
(Para ler mais sobre a destruição do cerrado planejada pela INFRAMERICA abra, por favor, o link abaixo:http://associacaoparkwayresidencial.blogspot.com.ar/2014/12/consorcio-inframerica-que-adquiriu-as.html )
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