Cerca de 2,4 milhões de francos suíços serão transferidos para uma conta judicial no Brasil
O
ministro Teori Zavascki, relator dos processos do petrolão no Supremo
Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira o sequestro do
dinheiro depositado nas contas secretas do presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ).
Com isso, os valores – cerca de 2,4 milhões de francos
suíços, o equivalente a 9,6 milhões de reais – serão transferidos para
uma conta judicial no Brasil. O objetivo é garantir recursos para
ressarcir os cofres públicos caso o peemedebista seja condenado.
O sequestro do dinheiro ocorreu porque
as investigações das autoridades suíças foram transferidas para o
Ministério Público brasileiro e, com isso, o bloqueio inicial do
dinheiro de Cunha nas contas secretas poderia perder a eficácia. As
autoridades de investigação suíças encontraram contras secretas do
peemedebista e de familiares no país europeu e bloquearam o saldo das
contas. Parte dos recursos, segundo os investigadores, foi utilizado
para pagar despesas da esposa do parlamentar em uma escola de tênis nos
Estados Unidos.
Na última semana, a Procuradoria-Geral
da República protocolou no Supremo um novo pedido de abertura de
inquérito contra o presidente da Câmara dos Deputados para que seja
investigada a origem do dinheiro depositado nas contas secretas e
apurado se os valores são resultado de propina recolhida no escândalo do
petrolão. A abertura do inquérito contra Cunha, já determinada pelo
ministro Teori Zavascki, envolve também a esposa de Cunha, Claudia Cruz,
e a filha Danielle Cunha.
Para complicar ainda mais a situação
política do presidente da Câmara, o lobista Fernando “Baiano” Soares,
apontado como operador de propinas do PMDB, afirmou à Procuradoria-Geral
da República, em delação premiada, que Cunha pediu propina em forma de
doação eleitoral para o partido. O modelo recomendado para o pagamento
teria sido o mesmo que a Operação Lava Jato atribui ao PT. O
ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, já condenado a 15 anos de
prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, teria exigido propina para
sua agremiação em forma de doação eleitoral.
Embora negue ter recebido propina ou
manter contas secretas no exterior, Eduardo Cunha foi citado diversas
vezes por delatores e investigados na Lava Jato. O engenheiro João
Augusto Henriques, por exemplo, apontado pelo Ministério Público como um
dos operadores do PMDB na Lava Jato, foi um dos investigados no
petrolão que citou o peemedebista como um dos beneficiários de dinheiro
em contas secretas no exterior. Em depoimento à Polícia Federal, ele
disse que repassou dinheiro a uma conta corrente cujo verdadeiro
destinatário era o presidente da Câmara.
À Justiça, o lobista Julio Camargo, que
atuou a favor da empresa Toyo Setal, afirmou que o deputado pediu 5
milhões de dólares do propinoduto da Petrobras em um contrato de
navios-sonda. O ex-gerente da Área Internacional da Petrobras Eduardo
Musa também afirmou que cabia a Cunha dar a “palavra final” nas decisões
da diretoria Internacional – na época, a área era comandada pelo réu no
petrolão Jorge Zelada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário