Nelson
Rodrigues dizia que a morte é anterior a si mesma. Começa antes, muito
antes da emissão do atestado de óbito. É todo um lento, suave,
maravilhoso processo.
O sujeito já começou a morrer e não sabe. Deu-se algo parecido com a retórica de Lula.
Com a morte de sua retórica, Lula tornou-se um orador desconexo. Enfia Lava Jato em todos os seus discursos. Até bem pouco, jactava-se de ter honrado a independência do Ministério Público e proporcionado autonomia operacional à Polícia Federal.
Dias atrás, Lula declarou que não gostaria de se candidatar novamente à Presidência em 2018. Talvez os fatos venham a confirmar a sensação de que o cabeça do PT está sendo delicado demais consigo mesmo. Depois que sua retórica foi assassinada por seu poste, Lula ganhou a aparência de um cadáver político na fila para acontecer.
25 de outubro de 2015
Josias de Souoza
O morubixaba
do PT ainda não se deu conta, mas sua retórica já morreu e, suprema
desgraça, não foi para o céu.
No momento, exerce a prerrogativa de escolher seu próprio caminho para o inferno.
No momento, exerce a prerrogativa de escolher seu próprio caminho para o inferno.
Não foi
uma morte natural. Ironicamente, a oratória de Lula foi assassinada pelo
mito gerencial que ajudou a colocar no Palácio do Planalto. Matou-a,
num processo lento e cruel, a ineficácia crônica de Dilma. Sem assunto,
Lula perambula pelo país esgrimindo um discurso desconexo, que ofende a
inteligência de quem ouve.
Lula já
não dispõe da alternativa de atacar a herança maldita de FHC. Graças ao
poder longevo, o PT agora lida com seu próprio legado. Enquanto
conseguiu maquiar a gastança, Dilma
manteve as aparências. Mas agora a irresponsabilidade fiscal apresenta a
conta. Potencializada pelas 'pedaladas', a irresponsabilidade foi
levada às fronteiras do paroxismo. Até o TCU notou.
Numa
evidência de que a placa do seu cérebro ferveu, Lula pede o escalpo de
Joaquim Levy em privado e apregoa a retomada do crescimento econômico em
público. Finge não ver que os erros na economia são de madame e que o
conserto do estrago vai tomar tempo, pelo menos dois anos —ao longo dos
quais a inflação e o desemprego, ambos a caminho dos dois dígitos,
transformarão Lula em cúmplice de uma ruína anunciada.
No
momento, Lula promove um ciclo de encontros sobre educação. Treze anos
depois da chegada do PT ao poder federal, ele trombeteia a perspectiva
de destinação gradual de 10% do PIB e 75% dos royalties do pré-sal para a
educação.
Faz isso num
instante em que o PIB derrete em meio a uma recessão a pino. E o
triunfalismo do pré-sal dá lugar às lamúrias sobre a breca de uma
Petrobras saqueada pela quadrilha de assaltantes-companheiros.
Com a morte de sua retórica, Lula tornou-se um orador desconexo. Enfia Lava Jato em todos os seus discursos. Até bem pouco, jactava-se de ter honrado a independência do Ministério Público e proporcionado autonomia operacional à Polícia Federal.
Agora, num instante em que seu nome salta dos lábios dos delatores como pulgas no dorso de vira-latas,
Lula critica
a investigação e enxerga “quase um Estado de exceção” onde só existe
uma democracia tentando conter seus usurpadores. Num rasgo de cinismo,
Lula comparou os delatados do PT a Jesus Cristo, que teve de fugir de Herodes ao nascer e foi morto na cruz.
Dias atrás, Lula declarou que não gostaria de se candidatar novamente à Presidência em 2018. Talvez os fatos venham a confirmar a sensação de que o cabeça do PT está sendo delicado demais consigo mesmo. Depois que sua retórica foi assassinada por seu poste, Lula ganhou a aparência de um cadáver político na fila para acontecer.
25 de outubro de 2015
Josias de Souoza
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