Brasília,
12 fev (EFE).- O movimento ativista global Avaaz entregará nesta
quinta-feira às autoridades brasileiras um documento respaldado por mais
de um milhão de pessoas de 200 países no qual se solicita asilo para o
ex-analista de inteligência da CIA Edward Snowden.
"O maior denunciante do mundo está isolado no inverno russo, correndo o risco de ser preso em uma solitária, ser alvo de humilhações e maus-tratos e até enfrentar pena de prisão perpétua se os agentes norte-americanos colocarem as mãos nele", diz o texto que o Avaaz postou em seu site.
"Mas nesta semana poderemos ajudá-lo a conseguir um porto seguro", acrescenta a nota, que garante que é possível enviar o documento a presidente Dilma Rousseff.
Snowden está desde o meio do ano passado na Rússia, onde recebeu asilo temporário que, em princípio, é válido somente até agosto deste ano.
Antes de ser amparado pela Rússia, solicitou ser recebido em vários países, entre eles o Brasil, que então informou que "não tinha intenção de responder", o que, em termos diplomáticos, foi interpretado como recusa.
Em dezembro do ano passado, Snowden divulgou uma carta na qual fez vários elogios ao Brasil e sua "tradição de asilo", e considerou que o país representa "uma dos mais interessantes e vibrantes democracias do mundo".
A carta foi considerada por alguns setores como um novo pedido de asilo, mas a própria Dilma recusou essa interpretações.
"Eu não acho que o governo brasileiro tenha de se manifestar sobre um indivíduo que não deixa claro e não se dirigiu a nós", afirmou Dilma.
Entre os muitos documentos vazados há vários nos quais se revelou que os Estados Unidos espionaram as comunicações de Dilma, de diversos ministros e colaboradores e de algumas empresas como a Petrobras.
Dilma reagiu com indignação; cancelou a visita de Estado prevista para fazer a Washington em outubro do ano passado, e promoveu um debate na ONU com o objetivo de impedir a espionagem através da internet.
O debate foi concluído em dezembro do ano passado com a adoção de uma resolução na qual a ONU reafirmou "o direito à privacidade, segundo o qual ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou ilegais em sua vida privada, sua família, seu domicílio ou sua correspondência".
O texto exorta os países a respeitar e proteger o direito à privacidade, inclusive nas comunicações digitais, e insta aos Estados a adotar medidas para impedir violações e a criar as condições necessárias para isso mediante legislações nacionais.
Além de promover esse debate nas Nações Unidas, Dilma convocou uma conferência global para o fim de abril em São Paulo, com o objetivo de que o assunto seja debatido por chefes de Estado, empresários, acadêmicos e movimentos sociais. EFE
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