Cidades como Taguatinga e Guará atraem pessoas de todo o DF. Economia pode chegar a 50%
Patrícia Fernandes
patricia.fernandes@jornaldebrasilia.com.br
Cultuada pelos brasileiros há muito tempo, a arte de pechinchar já faz parte da rotina de muitos brasilienses. Para garantir a barganha, muitos abrem do mão da comodidade e percorrem alguns quilômetros em busca de produtos mais em conta. Na Feira dos Goianos, em Taguatinga, por exemplo, cerca de 40% da clientela cativa é composta por residentes de áreas nobres de Brasília.
Apesar da distância, os consumidores frisam que a economia, de cerca de 50%, faz valer o sacrifício.
É o caso da dentista Ligia Martins, 30 anos, moradora do Sudoeste. Apaixonada por roupas, ela ressalta que descobriu o “paraíso” ao conhecer a Feira dos Goianos.
“Compro as mesmas peças vendidas em lojas conhecidas do Plano Piloto pela metade do preço”, diz.
Percorrer quase 18 quilômetros, distância entre o Sudoeste e Taguatinga, para garimpar as “preciosidades” guardadas na feira é uma boa pedida. “Tem uma variedade de roupas, acessórios, bolsas. As opções são muitas e os preços excelentes”, contou.
Estreia
A dentista conta que resolveu levar a mãe para conhecer os produtos a preços mais acessíveis e a variedade das mercadorias. “É a primeira vez que venho e estou gostando muito. Minha filha sempre falava muito bem daqui”, salienta Teresa Carvalho, 49 anos.
Segundo Teresa, em alguns casos, a qualidade das mercadorias é um pouco inferior. “Mas o custo-benefício compensa. Mesmo se durar menos, a economia já foi viável”, afirma. Ela frisa que pretende voltar mais vezes. “Tem muitas opções baratas para presente também”, diz.
A opinião dos clientes é refletida na sensação dos comerciantes. De acordo com Joene Teles, 55 anos, proprietário de uma banca de jeans na Feira dos Goianos, uma boa parcela de seus clientes é formada por moradores do Plano Piloto. “Cerca de 20% dos meus clientes moram entre a Asa Norte e a Asa Sul”, pontua.
“Uma calça que aqui custa R$ 45, numa loja do Plano é R$ 100. Tenho clientes fixos, que quase todo mês vêm fazer compras. Eles também indicam para amigos”, explica o comerciante.
O setor de calçados da Feira dos Goianos também é bem frequentado por moradores de áreas nobres de Brasília. É o que afirma o gerente Valdemar Sousa, 50 anos. “As mulheres vêm muito comprar sandálias e rasteiras. A sensação de estar pagando mais barato é um atrativo”, diz.
A enfermeira Marcela Arizona, 30 anos, moradora de Águas Claras, também é uma cliente assídua dos centros populares. “O custo-benefício é impressionante. Um vestido aqui é menos da metade do preço das lojas. Não ligo para marcas. Então, é um ótimo negócio para mim”, explica.
Marcela destaca que seu marido também é fã dos produtos da feira. “Ele vem mais do que eu. As camisetas vendidas aqui são bonitas e baratas”, disse. Ela conta que conheceu o local por indicação de amigos. “Um dia resolvi vir e me apaixonei”, disse.
A também enfermeira Carolina Teixeira, 32 anos, afirma que é adepta da barganha. “Roupa para malhar, por exemplo, só compro em feiras. A economia chega a quase 90%”, disse. Ela relata que passou a comprar nos centros populares da cidade após a indicação de amigos.
Comerciantes satisfeitos
A percepção dos clientes e comerciantes é refletida nos números. Segundo Cícero Zélio da Silva, diretor da Associação Comercial de Taguatinga, o centro comercial é muito frequentado pelo público do Plano Piloto. “A procura é alta. O maior atrativo, sem dúvida, é o preço. Cerca de 30% dos nossos visitantes residem no Plano”, explica o presidente.
De acordo com Zélio, a cidade atrai um público expressivo de regiões nobres do DF. “As pessoas procuram os preços melhores. As oficinas e shoppings são bem frequentadas por clientes com esse perfil”, disse.
Segundo Euclides Ramos, gerente de uma papelaria localizada na área central de Taguatinga, muitos pais do Plano Piloto procuram o estabelecimento. “Há uma procura desse público. O momento de comprar materiais escolares costuma pesar muito no bolso. Por isso, eles tentam economizar sempre que possível”, diz o gerente.
Peixarias
Na Feira do Guará, o cenário é semelhante. As peixarias do local são o refúgio dos apreciadores de frutos do mar de todo o DF. De acordo com os feirantes, as especiarias oferecidas chegam de diferentes estados: Maranhão, Ceará e Santa Catarina. Durante os quatro dias de funcionamento da feira, são comercializadas mais de oito toneladas de produtos.
De acordo com o presidente da Feira do Guará, Cristiano Jales, há uma parcela grande de clientes do centro de Brasília. “O pescado vendido na feira é considerado o melhor de Brasília”, diz.
Ponto de vista
De acordo com o doutor em Economia pela Universidade de Brasília Carlos Alberto Ramos, os preços variam de acordo com o poder aquisitivo da população local. “Um café no Lago Sul é muito mais caro que em Ceilândia, por exemplo. Ou seja, os mesmos produtos têm preços diferentes”, afirma o especialista.
Contudo, Carlos Alberto alerta que a opção de comprar em locais mais distantes depende do perfil do consumidor. “Tem o custo com o transporte, mas de maneira geral economicamente é mais viável. Porém, tem gente que prioriza a comodidade e paga um pouco mais caro”, conclui ele.
Para manter as vendas aquecidas, o presidente da Feira do Guará destaca que o atendimento aos clientes é uma prioridade. “Temos uma parceria com o Sebrae que oferece cursos aos feirantes. Temos clientes que atravessam a cidade só para comprar produtos aqui”, declara.
Sem preguiça na hora de economizar
A médica Rita de Cássia Barbosa, 38 anos, é moradora do Lago Sul e não dispensa compras na Feira do Guará. “Venho quinzenalmente comprar peixes e verduras aqui. A qualidade é muito boa. Por isso, vale o sacrifício de atravessar o DF”, diz.
O engenheiro eletricista José Elias Rosa, 60 anos, morador da Asa Norte, ressalta que as verduras e pescados da Feira são mais baratos do que os vendidos no Plano Piloto. “Venho todo sábado com a minha mulher para fazer as compras da semana”, diz.
Mesmo com o deslocamento, ele afirma que não abre mão dos produtos da feira. “A Feira do Guará é referência no DF. Os peixes, camarões, frangos caipiras e lagostas são os melhores da cidade”, ressalta o cliente.
patricia.fernandes@jornaldebrasilia.com.br
Cultuada pelos brasileiros há muito tempo, a arte de pechinchar já faz parte da rotina de muitos brasilienses. Para garantir a barganha, muitos abrem do mão da comodidade e percorrem alguns quilômetros em busca de produtos mais em conta. Na Feira dos Goianos, em Taguatinga, por exemplo, cerca de 40% da clientela cativa é composta por residentes de áreas nobres de Brasília.
Apesar da distância, os consumidores frisam que a economia, de cerca de 50%, faz valer o sacrifício.
É o caso da dentista Ligia Martins, 30 anos, moradora do Sudoeste. Apaixonada por roupas, ela ressalta que descobriu o “paraíso” ao conhecer a Feira dos Goianos.
“Compro as mesmas peças vendidas em lojas conhecidas do Plano Piloto pela metade do preço”, diz.
Percorrer quase 18 quilômetros, distância entre o Sudoeste e Taguatinga, para garimpar as “preciosidades” guardadas na feira é uma boa pedida. “Tem uma variedade de roupas, acessórios, bolsas. As opções são muitas e os preços excelentes”, contou.
Estreia
A dentista conta que resolveu levar a mãe para conhecer os produtos a preços mais acessíveis e a variedade das mercadorias. “É a primeira vez que venho e estou gostando muito. Minha filha sempre falava muito bem daqui”, salienta Teresa Carvalho, 49 anos.
Segundo Teresa, em alguns casos, a qualidade das mercadorias é um pouco inferior. “Mas o custo-benefício compensa. Mesmo se durar menos, a economia já foi viável”, afirma. Ela frisa que pretende voltar mais vezes. “Tem muitas opções baratas para presente também”, diz.
A opinião dos clientes é refletida na sensação dos comerciantes. De acordo com Joene Teles, 55 anos, proprietário de uma banca de jeans na Feira dos Goianos, uma boa parcela de seus clientes é formada por moradores do Plano Piloto. “Cerca de 20% dos meus clientes moram entre a Asa Norte e a Asa Sul”, pontua.
“Uma calça que aqui custa R$ 45, numa loja do Plano é R$ 100. Tenho clientes fixos, que quase todo mês vêm fazer compras. Eles também indicam para amigos”, explica o comerciante.
O setor de calçados da Feira dos Goianos também é bem frequentado por moradores de áreas nobres de Brasília. É o que afirma o gerente Valdemar Sousa, 50 anos. “As mulheres vêm muito comprar sandálias e rasteiras. A sensação de estar pagando mais barato é um atrativo”, diz.
A enfermeira Marcela Arizona, 30 anos, moradora de Águas Claras, também é uma cliente assídua dos centros populares. “O custo-benefício é impressionante. Um vestido aqui é menos da metade do preço das lojas. Não ligo para marcas. Então, é um ótimo negócio para mim”, explica.
Marcela destaca que seu marido também é fã dos produtos da feira. “Ele vem mais do que eu. As camisetas vendidas aqui são bonitas e baratas”, disse. Ela conta que conheceu o local por indicação de amigos. “Um dia resolvi vir e me apaixonei”, disse.
A também enfermeira Carolina Teixeira, 32 anos, afirma que é adepta da barganha. “Roupa para malhar, por exemplo, só compro em feiras. A economia chega a quase 90%”, disse. Ela relata que passou a comprar nos centros populares da cidade após a indicação de amigos.
Comerciantes satisfeitos
A percepção dos clientes e comerciantes é refletida nos números. Segundo Cícero Zélio da Silva, diretor da Associação Comercial de Taguatinga, o centro comercial é muito frequentado pelo público do Plano Piloto. “A procura é alta. O maior atrativo, sem dúvida, é o preço. Cerca de 30% dos nossos visitantes residem no Plano”, explica o presidente.
De acordo com Zélio, a cidade atrai um público expressivo de regiões nobres do DF. “As pessoas procuram os preços melhores. As oficinas e shoppings são bem frequentadas por clientes com esse perfil”, disse.
Segundo Euclides Ramos, gerente de uma papelaria localizada na área central de Taguatinga, muitos pais do Plano Piloto procuram o estabelecimento. “Há uma procura desse público. O momento de comprar materiais escolares costuma pesar muito no bolso. Por isso, eles tentam economizar sempre que possível”, diz o gerente.
Peixarias
Na Feira do Guará, o cenário é semelhante. As peixarias do local são o refúgio dos apreciadores de frutos do mar de todo o DF. De acordo com os feirantes, as especiarias oferecidas chegam de diferentes estados: Maranhão, Ceará e Santa Catarina. Durante os quatro dias de funcionamento da feira, são comercializadas mais de oito toneladas de produtos.
De acordo com o presidente da Feira do Guará, Cristiano Jales, há uma parcela grande de clientes do centro de Brasília. “O pescado vendido na feira é considerado o melhor de Brasília”, diz.
Ponto de vista
De acordo com o doutor em Economia pela Universidade de Brasília Carlos Alberto Ramos, os preços variam de acordo com o poder aquisitivo da população local. “Um café no Lago Sul é muito mais caro que em Ceilândia, por exemplo. Ou seja, os mesmos produtos têm preços diferentes”, afirma o especialista.
Contudo, Carlos Alberto alerta que a opção de comprar em locais mais distantes depende do perfil do consumidor. “Tem o custo com o transporte, mas de maneira geral economicamente é mais viável. Porém, tem gente que prioriza a comodidade e paga um pouco mais caro”, conclui ele.
Para manter as vendas aquecidas, o presidente da Feira do Guará destaca que o atendimento aos clientes é uma prioridade. “Temos uma parceria com o Sebrae que oferece cursos aos feirantes. Temos clientes que atravessam a cidade só para comprar produtos aqui”, declara.
Sem preguiça na hora de economizar
A médica Rita de Cássia Barbosa, 38 anos, é moradora do Lago Sul e não dispensa compras na Feira do Guará. “Venho quinzenalmente comprar peixes e verduras aqui. A qualidade é muito boa. Por isso, vale o sacrifício de atravessar o DF”, diz.
O engenheiro eletricista José Elias Rosa, 60 anos, morador da Asa Norte, ressalta que as verduras e pescados da Feira são mais baratos do que os vendidos no Plano Piloto. “Venho todo sábado com a minha mulher para fazer as compras da semana”, diz.
Mesmo com o deslocamento, ele afirma que não abre mão dos produtos da feira. “A Feira do Guará é referência no DF. Os peixes, camarões, frangos caipiras e lagostas são os melhores da cidade”, ressalta o cliente.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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