10/02/2014
às 5:29
Cravei
aqui ainda na noite de quinta que o cinegrafista Santiago Andrade, da
Band, não tinha sido ferido pela polícia. Sou adivinho? Acontece, meus
caros, que enfrentei bombas de gás e de efeito moral quando lutava
contra a ditadura.
Conheço as duas e sei que não soltam fogo vermelho.
Bastou-me ver as fotos. Mas noto que ninguém tinha o direito de se
enganar ainda que jamais tivesse topado com uma coisa ou com outra:
bastaria ter pedido a um policial que analisasse as imagens.
E aqui vai
uma diferença importante: uma coisa é ir às ruas lutar contra uma
ditadura. Eu fui e me orgulho. Outra coisa é fazer o que fazem esses
arruaceiros: estão lutando contra a democracia. Quem leva coquetéis
molotov, morteiros, bombas caseiras e chaves de grifo para um protesto,
numa sociedade democrática, está querendo é ditadura. E tem de ser
severamente reprimido, punido, de acordo com a lei. E boa parte dos
jornalistas precisa parar com essa mania de que a polícia é sempre
culpada e está sempre errada.
Infelizmente,
se aquele morteiro que atingiu Santiago tivesse atingido um policial,
ferindo-o com a mesma gravidade, não haveria metade dos protestos a que
estamos assistindo. E protestos que, deixo claro, são justos.
Fábio
Raposo Barbosa, o rapaz que aparece passando a um outro o morteiro que
feriu o cinegrafista, teve a prisão temporária decretada. Ele estaria
disposto a negociar uma espécie de delação premiada, a colaborar com a
polícia. Ele já tinha concedido uma entrevista à GloboNews em que contou
uma história da carochinha: teria encontrado o artefato no chão e
passado a um desconhecido. Não cola! Se, agora, afirma que quer
colaborar, é sinal de que sabe mais do que disse.
O rapaz
foi indiciado por tentativa de homicídio. A polícia apura ainda se ele
pertence ao grupo dos black blocs e se atua em conjunto com outros, o
que pode render também a acusação de “associação criminosa”. Nesse
domingo, três ditos “manifestantes” foram acompanhar o depoimento de
Fábio Raposo.
Um deles, acreditem, se desentendeu com um cinegrafista da
Band e não teve dúvida. Apontou o dedo para o profissional e disse:
“Você será o próximo”. O cinegrafista bateu, então, com a câmera em sua
cabeça, fazendo um pequeno ferimento. Os dois acabaram depondo na
delegacia.
Alguém
precisa deter esses vândalos, esses criminosos. Santiago segue em coma
no hospital Souza Aguiar. Outra arruaça está marcada para hoje na
Central do Brasil contra o reajuste da tarifa de ônibus. Está posta uma
questão para a democracia brasileira: qual deve ser o limite de
tolerância com o banditismo? Eu tenho uma resposta que me parece
simples, eficiente: a lei.
Basta!
Essa gente já foi longe demais! São inimigos da imprensa, da liberdade
de expressão, das garantias democráticas, do estado de direito. E
setores da imprensa não podem se acovardar, com medo do que esses
milicianos fazem nas redes sociais. Reinaldo Azevedo
Terra -RJ
Repórteres protestam contra violência com câmeras no chão
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